domingo, 6 de abril de 2008

Morre Uma Lenda



Não costumo fazer isso mas não poderia deixar passar em branco o falecimento, ontem, aos 84 anos, de uma das maiores lendas do cinema mundial, o ator americano Charlton Heston.

Ganhador do Oscar de melhor ator pelo papel título no épico Ben Hur, Heston tinha uma carreira impressionante, com filmes como The Ten Comandments, El Cid, Planet of the Apes, The Omega Man, Soylent Green, Khartoum e muitos outros.

Apesar de sua intocável carreira, o que incluiu participações essenciais em proteção aos atores em seu sindicato e movimentos humanitários, Heston certamente deixará na cabeça de muitos a lembrança de um radical conservador de direita, garoto-propaganda da NRA (National Rifle Association). Realmente espero que os cinéfilos não o lembrem por suas posições políticas mas sim pelo conjunto de sua quase inigualável obra.

Uma breve história de sua carreira pode ser achada no site www.omelete.com.br.

Rendo minhas homenagens a esse grande ator. Resquiescat in Pace!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A Festa do Oscar 2008 - parte I


É verdade sim. Eu e minha esposa fomos convidados para a última festa de entrega do Oscar e para o baile que se segue. Foi uma experiência e tanto!
Chegamos na véspera, dia 23 de fevereiro, e já partimos para ver o ensaio e os preparativos da festa. Conseguimos ver o tapete vermelho - coberto por um plástico translúcido pois, por incrível que pareça, estava chovendo em L.A. - o teatro e o local do Governor's Ball.

No tapete vermelho, vimos a chegada das estatuetas, trazidas por alunos de algumas escolas e passeamos por toda a extensão da entrada reservada aos artistas e aos não-artistas (todos entram pelo mesmo lugar). O local estava cheio de pessoas arrumando tudo e também de repórteres fazendo entrevistas com algum responsável pelo show e informando para os ávidos fãs o que se passava na véspera da entrega do prêmio mais importante e famoso do cinema (talvez até do mundo).

Dentro do teatro, as cadeiras que seriam ocupadas pelos artistas estavam com enormes cartolinas com as fotos de cada um deles em tamanho real (só o rosto), de forma que os operadores de câmera pudessem treinar o foco e o tempo que eles precisam para virar as câmeras para os locais corretos.
Nada, absolutamente nada é improvisado. Eles treinam à exaustão em todos os detalhes. No sábado à noite, me disseram depois, o apresentador oficial do show este ano, Jon Stewart, fez um ensaio completo, em tempo real, para que os produtores pudessem cronometrar e eventualmente cortar ou adicionar ao roteiro aqui e ali. No domingo de manhã, outro ensaio completo foi feito. No total o "coitado" do Jon Stewart fez o mesmo show 3 vezes em menos de 24 horas...


Não vimos os ensaios completos, apenas alguns trechos na manhã do sábado e foi sensacional ver o nível de detalhes a que eles chegam. Cada ator era "representado" por um ser humano normal com uma cartolina pendurada no pescoço escrita "John Travolta" ou "Helen Mirren" por exemplo. Todos liam do gigantesco "teleprompter" montado no meio da platéia (na verdade, duas televisões de LCD bem grandinhas) exatamente aquilo que os atores reais leriam no dia seguinte. O roteiro era revisado freneticamente. Subimos até o terceiro mezanino e ficamos uns 15 minutos apreciando toda a movimentação do palco lá de cima.



Depois, descemos até a enorme sala onde estava sendo montado o cenário do Governor's Ball, o baile oficial da Academy of Motion Pictures Arts and Sciences - A.M.P.A.S. (Governor é de Board of Governors ou "Diretoria" da Academia, não de governador como eu achava). O local estava fervilhando de gente carregando cadeiras, pratos, copos, flores e tudo mais que é necessário para um grande jantar para 1.200 convidados (um terço do número de pessoas que efetivamente assistem à entrega, só para vocês terem uma idéia do quão concorrido é o baile). Apesar de ainda ser um "work-in-progress" já era possível ver os impressionantes detalhes da decoração. Havia grupos de mesas, cada um com o seu tipo de decoração, desníveis no chão para criar uma sensação de "estádio" no baile. Uma curiosidade: o salão original tem um enorme candelabro de cristal mas os organizadores não o queriam ali. Entretanto, no lugar de removê-lo, os organizadores simplesmente rebaixaram o teto da sala para encobri-lo completamente. Era, na verdade, a mágica de Hollywood convertendo um salão bastante "normal" em um esplendoroso salão de festas.



Depois dessa visita, fomos até a sede da Academia para coletar nosso kit ingresso. Ao chegarmos lá, o esquema de segurança era forte mas não ostensivo e havia grandes placas gentilmente "lembrando" que máquinas fotográficas e até celulares com câmeras era proibidas durante o show (as fotos que vocês vêem aqui foram todas tiradas na véspera). Uma pena!


Algumas (muitas) horas antes do espetáculo (a hora sugerida de chegada é às 15:30h hora local), eu e minha esposa nos preparamos devidamente com smoking e vestido longo e partimos para o Kodak Theater de carro. Ao nos aproximarmos, passamos a ver os fortíssimos esquemas de segurança montados para a cerimônia, o que envolvia carros da S.W.A.T., helicópteros e policiais por todo o canto. Apesar do clima caótico, tudo foi muito bem organizado e sem trânsito, muito diferente dos eventos corriqueiros que temos aqui no Rio de Janeiro na praia, por exemplo, quando o trânsito pára e reina a balbúrdia.

Há uns 4 quarteirões do tapete vermelho, colamos nosso passe no vidro pára-brisa do carro e passamos a ser instruídos por todos os guardas na rua a tomar essa ou aquela via até chegarmos ao quarteirão imediatamente anterior ao tapete vermelho. Lá nos indicaram a andar bem devagar fazendo zigue-zague pelas barreiras de concreto na rua (para evitar que um louco a 200 por hora atacasse o local de chegada do pessoal) até chegarmos ao local em que o valet pegaria o carro e nos daria um papel informando em que andar do estacionamento do shopping center Hollywood & Highland pegaríamos o carro. Tudo funcionou perfeitamente.

Para nossa surpresa, apesar de termos chegado às 15:30h em ponto, o local já estava abarrotado de convidados e muitos deles efetivamente importantes. Chegamos junto do Tommy Lee Jones, que foi saudado pelo pessoal das arquibancadas (há um sorteio para isso) ao som de seu primeiro nome como se ele fosse um garoto de 18 anos vocalista de uma "boy band". Chegamos também junto do menos conhecido Gary Busey, aquele ator "meio albino" que só faz papel de vilão (fez filmes como Lethal Weapon e Predator 2).


Depois de passarmos pelo detectores de metal, ingressamos no tapete vermelho propriamente dito. Lá, os famosos passam pela esquerda de quem entra e começa, então, a procissão deles pela infindável quantidade de repórteres. Do lado direito - o nosso lado - passam os ilustres desconhecidos. Mesmo assim, levamos uns 20 minutos para chegar na porta do teatro tendo em vista a quantidade de gente que anda por ali. Nesse tempo, esbarramos com a Helen Mirren, Jessica Alba, Seal e a Heidi Klum, dentre outros.


Dentro do teatro, ficamos no bar nos aclimatando e vendo o pessoal chegar. Nosso lugar era no segundo mezanino bem no centro e uns 15 minutos antes do show nos sentamos. A visão era perfeita. A missão, agora, era não mais se levantar até o final pois se alguém se levantasse para ir ao banheiro em um intervalo e não voltasse antes que ele acabasse, só re-entraria no próximo intervalo (o que significa longos 20 a 25 minutos do lado de fora e sem ver o show). Essa tarefa foi mais árdua para minha esposa do que para mim mas ela passou com louvor.


Mais sobre o evento em si no próximo post!