terça-feira, 26 de agosto de 2008

Crítica de filme: Mamma Mia

Sinto-me gay ao escrever sobre Mamma Mia!, o mais novo musical de Hollywood que vi em screening special da distribuidora Paramount. Por um lado, se eu falar muito mal do filme, minha esposa me dá beliscões. Por outro, se eu falo muito bem, posso estar revelando meu lado, digamos, feminino.

Vamos começar pelo começo. Eu vi a peça da Broadway na montagem de Las Vegas (eu sei, isso depõe contra mim) e achei que a trama funcionou muito bem naquele esquema. As músicas são obviamente empolgantes mesmo para o mais macho dos homens. E, em um teatro, as músicas são naturais e tudo parece muito bem feito.

Não é o que acontece em Mamma Mia!, o filme.

A estória acho que todos conhecem: Sophie Sheridan (vivida pela bela mas quase criança Amanda Seyfried) vai se casar com Sky (que nome mais idiota - bom, de toda forma, ele é vivido por Dominic Cooper) e descobre que sua mãe Donna Sheridan (a insuportável Meryl Streep) teve relações amorosas com três homens em período muito curto de tempo há 20 anos, tornando os três amantes potenciais pais dela. Sem titubear, Sophie convida os três possíveis pais - sem a mãe saber, claro - para o casamento. Eles são vividos por Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard. Tudo isso serve de fiapo de estória para ser contada ao som das famosas músicas do grupo ABBA (não em background mas sim saindo das bocas dos atores, que fique claro).

Ultrapassado esse detalhe da trama, vale dizer que as paisagens belíssimas (na Grécia) e as músicas divertidas escondem todas as falhas graves do filme, começando pela canastrice de Sky que mais parece o Johnny Nogerelli de Grease 2 nas categorias de look-alike, canastrice e péssima atuação, continuando pelas insuportáveis seqüências em que senhoras de 60 anos (sim, Streep tem 59 anos) se fazem passar por mulheres de 40 e, ainda por cima, pulam como se tivessem 20, culminando com inacreditavelmente desafinadas cantorias.

Na Broadway, os artistas são escolhidos, em sua maioria, pela capacidade de cantar. No cinema, os produtores têm que se contentar com atores famosos com cara-de-pau suficiente para arriscar uns balidos... Os exemplos mais gritantes disso são todos os momentos em que Pierce Brosnan começa a dar uma de passarinho: o cara mais parece que está tendo uma sonda anal entrando vocês sabem aonde a cada vez que puxa uma nota mais alta. Dá até pena e muita vontade de rir. Meryl Streep se acha a gostosona (e deve se achar também na vida real) e paga um monte de mico durante os torturantes 108 minutos de projeção. Acho que Colin Firth e Stellan Skarsgard perceberam o tamanho do fiasco e, dignamente, devem ter ser recusado a cantarolar. Entram mudos e saem calados.

Por incrível que pareça, quem melhor se sai é Christine Baranski, no papel de uma das amigas de Streep. Ela, ao menos, sabe de suas limitações e, no solo que tem, dá um bom show. Mas é só.

Se fosse um musical com músicas criadas só para ele - e não as famosíssimas do ABBA - o filme não faria um dólar sequer nas bilheterias. Mas, somando-se ABBA, com paisagens gregas, Meryl Streep (para quem gosta) e Pierce Brosnan (também para quem gosta), tem-se um sucesso certo.

Mas que deveria ter permanecido confinado ao teatro deveria...

Nota: 5 de 10

Um comentário:

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."