domingo, 14 de setembro de 2008

Diabo maneiro

Hellboy é uma ótima estória em quadrinhos escrita por Mike Mignola. Conta as peripécias de um demônio conjurado por nazistas durante a 2ª Guerra Mundial e salvo por pesquisadores americanos, que acaba se bandeando para o lado dos mocinhos. Ele carrega a maldição de um dia ser o destruidor do mundo mas ele não está nem aí para isso. Quer é distribuir sopapos para tudo quanto é lado.

Para minha surpresa, em 2004, os quadrinhos viraram filme e um bom filme. A primeira versão cinematográfica, dirigida por Guillermo del Toro, era muito fiel à sua fonte e centrada em Hellboy.

Acabei de assistir à continuação: Hellboy II: The Golden Army.

Posso dizer que aquele antigo adágio de que as continuações são sempre piores que os originais está se tornando obsoleto. Spider-Man 2 foi melhor ou pelo menos equivalente ao primeiro, The Dark Knight foi muito melhor que Batman Begins, Fantastic Four 2 foi tão bom quanto o primeiro (o que não quer dizer muita coisa, é verdade) e aí por diante. E isso só para ficar na seara das adaptações de quadrinhos.

Hellboy II segue a mesma tendência e, ainda que fuja completamente dos quadrinhos e conte uma estória (quase) independente, é uma ótima diversão, certamente no mínimo equivalente à sua primeira encarnação. Dessa vez Guillermo del Toro, claramente inebriado pelo sucesso bem merecido de sua obra El Laberinto del Fauno, partiu para aloprar de vez com criações de monstros de todo o tipo e uma estória em que o foco é a briga entre o mundo do conto-de-fadas e o mundo "real".

O Príncipe Nuada resolve reunir as três peças de uma coroa que controla um poderoso exército de soldados mecânicos dourados, há muito sem uso tendo em vista um trégua entre os humanos e os seres fantásticos. Nuada ressente-se que o ser humano está destruindo a Terra e quer acabar com essa raça inferior. Aí entra Hellboy, Abe Sapien (o amigo submarino de Hellboy que tem a mesma (in)utilidade do Aquaman nas estórias da DC), Liz (o amor da vida de Hellboy, que é bem "esquentadinha") e um novo personagem trazido dos quadrinhos: Johann Krauss, um ser composto de ectoplasma e que adora mandar na equipe.

Tem muita pancadaria mas Del Toro não se esquece de dar profundidade aos personagens e à batalha entre nosso mundo e o mundo da fantasia. Não se trata de uma briga vã mas sim um duelo de valores. Isso é certamente mais do que podemos esperar de um filme baseado em quadrinhos. Del Toro também não se esquece de dar pinceladas sobre o destino macabro que espera Hellboy, fazendo uma ponte entre o primeiro e segundo filmes.

A película acaba em um gancho escancarado para um Hellboy III. Espero que alguém tenha coragem de produzir o terceiro episódio pois, por uma estratégia idiota da Universal, que lançou o filme uma semana antes de Dark Knight nos EUA, Hellboy II fez até agora só 127 milhões no mundo todo, tendo custado 85. Ou seja, está longe de se pagar. De toda forma, com Del Toro ocupado com os dois filmes baseados em The Hobbit, não veremos tão cedo uma continuação (pois não imagino a parte três dirigida por outra pessoa).

Nota: 7,5 de 10 (dou a mesma nota para o primeiro filme)

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