quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Não conheço Minneapolis


É muito chato ir a um lugar e não conhecer o lugar. Foi o que aconteceu em Minneapolis. Estive lá ontem por menos de um dia, fiquei no hotel do aeroporto e só saí para visitar um cliente e para uma coisinha mais.

Essa "coisinha" foi o Mall of America. Se vocês pensam que o Barrashopping é grande, pensem novamente. O Mall of America é maior, muito maior. Nas suas esquinas, há as lojas de departamentos: Macy's, Bloomingdale's, Sears e Nordstrom. Só elas já são grandes o suficiente. No entanto, estou falando só das esquinas. Nas laterais, tem-se mais 520 lojas e restaurantes, basicamente todas as que existem nos Estados Unidos. No meio, há um parque de diversões. Mas não um parque meia boca. Um parque inteiro, com roda gigante e montanhas-russas (reparem o plural).

Tive que visitá-lo até porque o hotel ficava do outro lado da rua. Uma mostruosidade. Cansei só no primeiro andar. Eles alugam carrinhos de compras e tudo mais. Os hotéis tem transportes especiais de hora em hora para o Mall. É uma cidade nas imediações de Minneapolis.

Assim, acabei ficando sem ver Minneapolis. Tenho certeza, porém, que não perdi muita coisa...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Crítica de filme: Changeling (A Troca)

Triste pois parti de Los Angeles sem ver o novo filme dirigido por Clint Eastwood, que havia estreado no dia 24 em circuito limitado, cheguei em San Francisco e logo procurei saber se havia uma cópia por lá. Apesar de circuito limitado normalmente significar Nova Iorque e Los Angeles apenas, tive sorte que Changeling também estava passado em uma tela solitária em uma das cidades mais belas dos Estados Unidos.

Parti para o cinema esperando encontrar aquilo que achei dos últimos quatro filmes da batuta de Eastwood (Mystic River, Million Dollar Baby, Flags of our Fathers and Letter from Iwo Jima): primores de direção mas filmes deprimentes demais para eu realmente gostar. Vejam bem, Eastwood provou-se um dos maiores diretores vivos mas os filmes dele não fizeram aquele "clique" comigo. É uma questão de gosto apenas. Assim, tinha certeza que Changeling seria a mesma coisa.

E foi mais ou menos. Mas deixa eu explicar bem: o filme é tão deprimente como os outros quatro, a direção é sensacionalmente brilhante como os demais mas Changeling está, como os americanos dizem, "on a league of its own". Talvez junto com The Unforgiven, do mesmo diretor.

Changeling é ambientado na Los Angeles de 1928, quando o filho de uma mãe solteira trabalhadora (Angelina Jolie vivendo Christine Collins) desaparece sem qualquer explicação. O desespero e a recusa de esquecer o filho ao longo de 5 meses é retribuído com a maravilhosa notícia que o garoto foi achado e está chegando de trem. A polícia de Los Angeles havia feito um excelente trabalho investigativo. Acontece que, no momento em que o garoto sai do trem, a mãe diz que ele não é seu filho. Ela tem certeza disso, afinal, ela é mãe. A polícia, porém, tem certeza também que aquele é o filho dela. Laudos médicos são produzidos nesse sentido. É óbvio que a histeria da mãe tem relação com seu desespero ao longo de 5 meses. O mistério se prolonga e eu não posso dizer muito mais sob pena de estragar o filme.

A estória é sobre a podridão do ser humano em todos os seus sentidos e o amor de mãe, invencível e incansável. Angelina dá um show em sua interpretação. Ah, vale ainda dizer que a estória é real, o que a torna ainda mais desesperadora.

Mas o show mesmo é a direção de Eastwood. Esse senhor em avançada idade (78 anos!!!) dirige com um força e certeza que são raros de ser encontradas em outros diretores de hoje. Ele fez tudo em detalhes desde a escolha da paleta de cores que mostra o estado de espírito do filme até a trilha sonora que ele mesmo escreveu. Sua ambientação de Los Angeles na década de 20 é algo inacreditável. Cada detalhe, cada esquina parecem vivos como se tivessem sido filmados em locação. Para se ter uma idéia, a cena final, que mostra um cruzamento da cidade ao longo de vários minutos durante os créditos é, por si só, um tour de force maravilhoso, sem qualquer repetição de cena.

Definitivamente, Eastwood está no ponto mais alto de sua carreira. Seu próximo filme, Gran Torino, promete também ser muito interessante, pois é a estória de um veterano da guerra da Coréia (ele próprio) que vive em um bairro povoado de coreanos. Ele é racista e recluso. No entanto, ao ver injustiça, encarna a persona Dirty Harry e sai distribuindo bordoada. Vai ser bom ver Eastwood fazendo um cara durão novamente.

Que ele continue fazendo muitos filmes!

Nota: 9 de 10

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Música no carro

Em L.A., obviamente, tive que alugar um carro. A cidade, literalmente, não permite que você ande ou use o sistema público de transporte pois andar por uma cidade tão grande quanto essa é loucura completa e, além do mais, o transporte público cobre apenas parte da cidade e exige uma capacidade de entender mapas que eu, definitivamente, não tenho. Assim, nada como um carro (de preferência bem grande) com um GPS.


Dito isso, há os engarrafamentos. Contra os engarrafamentos, só mesmo música. Assim, comprei 4 CDs e coloquei na disqueteira do carro. São discos recentes e quero passar brevemente minha opinião sobre eles.


Disco 1 - R.E.M. - Accelerate



É o R.E.M. de volta à bela forma da época de Automatic for the People e Out of Time. Músicas sensacionais, agradáveis de se ouvir, que dão vontade de cantar junto. Valeu cada centavo do meu dinheiro. E esse disco ainda me deixou mais feliz ainda por ter comprado às cegas ingressos para o show do grupo no RJ em Novembro. Será uma excelente apresentação, tenho certeza.


Nota: 8,5 de 10



Disco 2 - Madonna - Hard Candy

Meus comentários acima sobre o novo disco do R.E.M. se aplicam também ao novo da Madonna, só que no universo do Bizarro, onde tudo é o oposto do que é no mundo normal... Porcarias de músicas eletrônicas, com mistura de hip hop e batucadas nojentas. Nada que lembre a Madonna original, de Like a Virgin. O show dela até pode ser bom mas certamente não será por causa desse disco.

Nota: 1,5 de 10

Disco 3 - Metallica - Death Magnetic

É o Metallica se esforçando para voltar às suas raízes de metal pesado e corrido, no estilo de Ride the Lightning. Não consegue, claro. Apesar de algumas canções nesse estilo, eles logo se socorrem de mais melodias que agradam todo o tipo de público. Mas foi uma boa tentativa, certamente anos luz à frente de Load e Reload...

Nota: 6 de 10

Disco 4 - Enya - Amarantine

Ok, esse disco não é novo. Foi lançado em 2005 mas é o último da Enya e comprei pois em 11 de novembro ela vai lançar outro, chamado And Winter Came.

Bom, eu compro Enya para escutar Enya, com toda aquela melodia estilo medieval que ela faz. Não tem muita novidade nesse disco. É mais do mesmo. Não prejudica nem enaltece sua discografia. Tenho medo que, se ela tentar algo diferente, se transforme numa Madonna Celta...

Nota: 7 de 10

Um pequeno tour pelos bastidores de um grande cinema

Levaram-me para fazer um passeio pela história do cinema El Capitan, de propriedade da Disney. Ele fica localizado na Hollywood Boulevard, em Los Angeles, em frente ao Hollywood & Highland (onde fica o Kodak Theatre, sede da noite do Oscar).

Trata-se de um cinema único e especial, que a Disney comprou junto com o Pacific Theatres (dono do Cinerama que discuti abaixo) em 1989 e restaurou ao seus mínimos detalhes originais de 1926, quando foi inaugurado. Isso quer dizer que a decoração é bastante brega, com detalhes dourados, papéis de parede coloridos e carpetes em tons de verde. Acontece que, para obter os incentivos fiscais para a reforma, a Disney teve que fazer o cinema voltar a ser como era em sua origem. Na década de 20, Charles Toberman, chamado de "pai de Hollywood", foi responsável pela construção de diversos cinemas, sendo que três deles eram especiais e temáticos, construídos junto com Sid Grauman. O El Capitan era um deles, junto com os também famosos Chinese e Egyptian Theatres. Obviamente, não eram cinemas em sua origem, mas sim teatros.
De 1926 a 1989 o El Capitan passou por diversas reformas, sendo pintado e repintado diversas vezes. Foi uma verdadeira escavação arqueológica o que a Disney fez pois tudo está de volta como era e, agora, 100% dedicado a dar a melhor experiência cinematográfica possível ao espectador. O grande diferencial do El Capitan não é que ele seja o cinema em que todos os lançamentos da Disney estréiam. Na verdade, a grande jogada é o oferecimento de algo a mais. Phil Collins cantou lá na abertura de Tarzan. Sting fez o mesmo no lançamento de The Emperor's New Groove. Só de curiosidade, o primeiro filme da Disney que estreou por lá depois da reforma foi o ótimo The Rocketeer.

No dia que visitei o cinema, estavam projetando A Nightmare Before Christmas em 3D. Caso não saibam, desde o lançamento desse filme há 15 anos, ele é reprisado por uma ou duas semanas logo antes do Halloween e, nos últimos 3 anos, foi convertido para o 3D. Vi 10 minutos e posso dizer que é sensacional.

Voltando ao cinema propriamente dito, antes da abertura dos filmes, um órgão dourado surge do chão e é tocado para a platéia. Senti-me como se estivesse assistindo ao Fantasma da Ópera. O orgão foi outra achado da Disney que o comprou das sobras de um outro cinema em San Francisco que tinha nada mais nada menos que 6 mil lugares (o El Cap tem 1.100)! Imagina só um cinema com 6 mil pessoas assistindo a um filme. Devia ser uma experiência impressionante. Pena que não existe mais. Depois, o orgão desce novamente e um show de cortinas (!!!) começa. É que, lá pelos idos de antigamente, a sofisticação de um teatro era medida pela quantidade de cortinas que tinha. O El Capitan tem 3, cada uma diferente da outra, sendo que a últimá é um show de luz digno de uma parada na Disneyworld.

O El Capitan é definitivamente um grande cinema mas, sem querer ser chato, empalidece diante do Cinerama Dome.

domingo, 26 de outubro de 2008

Tão real que dá medo


Sabe quando você assiste a filmes que não são nenhuma "Brastemp" mas que uma ou duas caracteristicas dele o faz ficar maravilhado, com vontade de repetir a dose?

Pois é, W. é um desses filmes.

Oliver Stone, seu diretor, já passou há muito da sua melhor era. Dirigiu obras-primas como Platoon, Wall Street, Natural Born Killers e The Doors. Dirigiu bons filmes como JFK, Born on the Fourth of July e Any Given Sunday. Depois, dirigiu a bomba Alexander e o mediano World Trade Center. Agora vem W., na categoria de mediano mas com aquela característica especial que o distancia um pouco dos outros medianos de Stone.

Se tem algo que Oliver Stone faz bem é escolher seus atores. Em The Doors, transformou Val Kilmer em Jim Morrison ao ponto que ficava difícil perceber que estávamos vendo um filme sobre Morrison mas SEM o cara. Essa mágica Oliver Stone fez novamente em W.

O filme conta a estória de George W. Bush, o atual presidente americano. Aborda o assunto em dois momentos: logo antes da invasão do Iraque e, em flashback, começa a contar os anos de Bush longe da política, ainda na faculdade. O primeiro diálogo é uma tirada de gênio pois é a cúpula do governo americano tentando nomear a trinca de países "do mal", até chegarem ao famoso Axis of Evil.

O brilhantismo dessa cena, porém, vai além do diálogo. É a oportunidade de Stone de mostrar todos os atores que escolheu para viverem os membros do governo e, também, seus posicionamentos políticos. Josh Brolin é George W. Bush assim como Val Kilmer era Jim Morrison em The Doors. Os trejeitos são perfeitos: aquele olhar idiotizado, a ignorância. Está tudo ali na atuação de Brolin, que merece um Oscar. Mas não pára por aí. Vejam só os nomes e os papéis:

Richard Dreyfuss - Dick Cheney
Scott Glen - Donald Rumsfeld
Thandie Newton - Condoleezza Rice
Jeffrey Wright - Colin Powell

A lista continua, mas esses quatro mais Josh Brolin formam o primeiro time e são sensacionais. Rice é mostrada como uma completa débil mental, que mal tem opinião. Cheney e Rumsfeld são retratados como radicais de direita, partidários da tese do "atire antes e pergunte depois". Powell, por outro lado, é mostrado como um homem inteligente e comedido, um verdadeiro gênio no meio de tantos imbecis.

Mas Bush é mesmo o ponto alto: o tempo todo ele é mostrado como um filhinho-de-papai que nunca fez nada na vida e que, de uma hora para outra, sem ter vocação, partiu para a política. Stone deve odiar Bush pois sempre que pode mostra o presidente comendo de boca aberta e falando, que nem um homem das cavernas.

Essas assombrosas semelhanças dos atores com as pessoas reais e o hábito repugnante do presidente em comer mostrando a comida também "jogam" contra o filme pois um assunto que é sério acaba virando uma comédia. É impossível não gargalhar com Bush atacando um sanduíche na Casa Branca enquanto Cheney mal consegue tocar na comida de nojo. Acho que foi essa a intenção de Stone mas o filme acaba oscilando entre um drama e uma comédia, sem muita definição, talvez até retratando com fidelidade a vida como ela é mas que, para um filme, fica um pouco estranho.

O certo é que cada um dos atores desse filme merece aplausos de pé por encarnarem tão bem seus papéis. O filme fica em segundo plano.

Nota: 7 de 10

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Estrelas e mais estrelas


Sobre Appaloosa eu não sabia quase nada. Vi um poster e percebi que era um Western. Olhei mais de perto e reparei no elenco:

- Ed Harris

- Viggo Mortensen

- Jeremy Irons

- Lance Henriksen

- Renée Zellweger

Definitivamente, era um grande elenco. Bem, talvez com exceção da eterna Bridget Jones, que tem uma cara tão idiota que não consigo levar muito a sério. Mas os demais, sem dúvida grandes atores. E a direção, vocês hão de me perguntar? Do próprio Ed Harris, que já se dirigiu em Pollock.

Isso foi suficiente para que eu entrasse às cegas no cinema. Sempre gostei de Westerns e gosto muito dos atores listados. É interessante como os "filmes de cowboy" conseguem reunir super-elencos. Essa expansão para o oeste americano deve realmente repercutir fundo no subconsciente coletivo americano pois os atores são levados à esse gênero de filme como abelhas ao mel (na verdade ao pólen mas o ditado diz ao mel e quem sou eu para alterá-lo?).

Vejamos a safra "nova" de filmes desse gênero: (a) Silverado, talvez o primeiro da geração recente, tinha Kevin Costner, Danny Glover, John Cleese, Kevin Kline, Jeff Goldblum, Rosanna Arquette e Brian Denehy; (b) Unforgiven tinha Clint Eastwood, Gene Hackman, Morgan Freeman e Richard Harris; (c) 3:10 to Yuma (o recente) tinha Russell Crowe e Christian Bale e (d) Tombstone tinha Kurt Russell, Val Kilmer, Sam Elliott, Bill Paxton, Charlton Heston e Powers Boothe. É, deve ser um fetiche fazer ao menos um filme de cowboy na carreira cinematográfica de atores estabelecidos.

Bom, estou divergindo. Voltemos a Appaloosa. O filme conta a estória (narrada por Viggo) de Virgil Cole (Harris) e seu parceiro Everett Hitch (Viggo) que são chamados para impor a lei em uma cidade (Appaloosa, claro) dominada pelo rico fora-da-lei Randall Bragg (Jeremy Irons) que fuzila o xerife local e seu dois ajudantes. A jogada é que Cole e Hitch só atuam de uma forma: tudo o que eles dizem ou fazem tem que se tornar lei na cidade, senão eles dão as costas e vão embora. Assim começa o embate entre eles, a cidade e Bragg.

Mas a estória tem um tom de autocrítica com Cole vivendo um homem durão que tenta ser refinado. Ele sempre lê livros e tenta usar palavras difíceis que ele não conhece ou não consegue pronunciar e Hitch - "naturalmente" culto - o ajuda sempre. No meio da bagunça, chega Allison French (vivida adivinha por quem) que acaba formando um curios triângulo amoroso com Cole e Hitch.

O filme é sobre lei e poder e, claro, o abuso de poder mas, sobretudo, é sobre amizade. Definitivamente não é um filme de tiroteio como se pode esperar. Está muito mais para Unforgiven e Tombstone do que para filmes efetivamente de ação. Ed Harris tem uma direção segura e as paisagens do Novo México emolduram bem sua obra. A dupla principal tem ótima química e passa completa segurança ao espectador. Zellweger foi mal escalada em minha opinião, pois ela parece uma boneca de porcelana, completamente diferente da mulher que ela interpreta. Mas o maior pecado da fita - assim como o de muitos filmes atuais - é ser um pouco longo demais.

De toda forma, vale ser visto.

Nota: 7,5 de 10

domingo, 19 de outubro de 2008

Crítica de filme: Max Payne

Não conheço todos os cinemas do mundo mas posso garantir que não existe um cineplex melhor do que o Arclight Cinemas, especialmente quando se assiste algum filme no chamado The Dome.

Para quem não conhece, a rede Arclight é uma rede modesta de cinemas feita para aquelas pessoas que realmente gostam de apreciar um filme em tela grande. Eles passam não somente os grandes blockbusters como, também, filmes de arte e reprises especiais de grandes filmes antigos. Para usar como exemplo, em Novembro agora, para comemorar o trabalho de Paul Newman e em homenagem ao grande ator que ele foi, a rede Arclight passará vários filmes dele em sessões únicas, ao longo do mês. Eles mostrarão Butch Cassidy and the Sundance Kid, Cool Hand Luke, The Hustler, entre outros. No lado blockbuster de ser, o Arclight, em outubro, em virtude do lançamento de Saw V, fará uma maratona dos outros quatro filmes da série. Em suma, tem para todos os gostos.

Mas não é só isso. A rede Arclight não passa anúncios, somente trailers. Só permite a entrada de espectadores até logo antes do início da sessão, nunca depois de ela começar. As salas são no estilo black box (totalmente escuras), têm formato stadium e cadeiras muito confortáveis. Tem algumas sessões que são para maiores de 21 anos (independente do tipo de filme, o objetivo é não ter criança "atrapalhando") com direito a drink e tudo. E a cereja em cima do bolo é o The Dome, um domo enorme, com uma tela arqueada feita originalmente para passar filmes no forma Cinerama (daí o grande logotipo da Cinerama na frente do local que vocês verificam na foto). Lá eles mostram os grandes blockbusters, como The Lord of the Rings, Spider-man e outros.

Por tudo isso, a rede cobra um ou dois dólares a mais que uma rede de cinemas comum mas podem ter certeza que esse valor premium mais do recompensa a experiência.

Foi lá que assisti um filme ontem: Max Payne.

O filme é o segundo filme desse ano tendo como estrela principal o Mark Wahlberg. O primeiro foi o estranho The Happening, dirigido pelo Shyamalan.

Acho que o ex-"Marky Mark and the Funky Bunch" não está com muita sorte para filmes depois que o fez o magistral The Departed, em um papel pequeno mas memorável.

Max Payne é uma adaptação de um videogame com o mesmo nome. Nunca o joguei mas o grande "tchan" do jogo é ser quase como um filme em sua movimentação de câmera e fazer o uso do "bullet time", criado para o filme Matrix. Pelo que sei, o jogo, e sua continuação, foram grandes sucessos de venda.

O filme conta a estória de Max Payne (Wahlberg) que ficou psicologicamente perturbardo (e quem não ficaria) após os cruéis assassinatos de sua esposa e de sua filhinha recém-nascida. Três anos se passaram e ele agora está na divisão de "Cold Cases" da delegacia, sempre investigando a morte de sua família. O que ocorre é que Max chegou em casa no momento do crime, matou dois criminosos mas um escapou pela janela. A incessante busca pelo terceiro homem fez com que Max chegasse ao fundo do poço, tornando-o um pouco louco. Ao esbarrar em um pista, encarnada por Natasha (Olga Kurylenko em uma ponta - ela fez a prostituta em The Hitman, outra adaptação de videogame e será a Bond Girl em Quantum of Solace), Payne descobre uma trama envolvendo drogas e muitas mortes que, no final das contas, ora, ora, quem diria, tem relaçao com a morte de sua esposa.

Os problemas do filme começam com a trama furada. Max Payne passou três anos dedicado ao estudo da morte de sua mulher e nunca, em momento algum, desconfiou da pista mais óbvia de todas: a tatuagem de asas no braço de um dos assassinos de sua família. Lembram em séries como CSI e outras de detetive que a tatuagem sempre leva ao assassino? Pois é: aparentemente Payne nunca assistitiu esses seriados. A trama continua capenga com mortes sem razão de ser e resoluções imbecis.

Mas o pior é a direção, ou melhor, o exagero na direção. John Moore (que, antes, dirigiu a refilmagem de The Omen que não tive o desprazer de ver e o mediano Flight of the Phoenix) começa bem, com a escolha de uma paleta de cores escura, tendendo quase para a ausência de cores. O filme, com isso, ganha visuais depressivos que mostram bem o estado de espírito de Payne. Ao mesmo tempo, permite uma bela fotografia. No entanto, o que ele fez de bom pára por aí. O resto são usos indevidos de câmeras lentas, closes e travellings que irritam o telespectador. Em determinada cena, Payne se joga de costas atirando com sua Doze. O momento é hilário tamanha foi a estilização que o diretor impôs. Todo mundo no cinema riu. Para que isso???

Ah, o filme tem também Beau Bridges e um evelhecido Chris "Robin" O'Donnell no elenco. Ou eles precisavam muito de trabalho ou a produção pagou muito bem pois vá escolher mal roteiros para atuar assim lá no inferno...

Acho que Max Payne só deve ser interessante - ou não, sei lá - para os fãs do jogo. No final das contas, a única coisa "boa" do filme é Olga Kurylenko, o que não é suficiente para compensar o preço do ingresso...

Sei que 90% dos críticos brincarão com o título do filme mas eu não resisto: dói assistir Max Payne.

Nota: 3 de 10

sábado, 18 de outubro de 2008

Os irmãos Miramax


Tive oportunidade de assistir à uma apresentação de Bob Weinstein (o cara da esquerda), fundador das produtoras Miramax e Dimension Films, junto com seu irmão Harvey (por eliminação, o cara da direita). Os dois foram responsáveis por uma espécie de renovação de Hollywood enquanto capitaneavam a Miramax sob os auspícios da Disney. Seus filmes, todos símbolos do cinema independente americano, são, dentre outros, os vários de Tarantino, começando com Pulp Fiction, passando por Kill Bill vols. 1 e 2 e terminando com Death Proof (esse último, junto com Planet Terror). Além disso, foram os responsáveis pela série Scream e filmes como The English Patient (eu não gosto mas foi um sucesso de crítica, não posso negar), Good Will Hunting, Shakespeare in Love, Chocolat e muitos outros.

Recentemente, saíram da Miramax e fundaram a The Westein Company para continuar o trabalho independente. Estão, no momento, profundamente envolvidos em novas produções.

O primeiro grande lançamento da nova empresa será Zack and Miri Make a Porno, dirigido por Kevin Smith, estrelando Zack Rogen. Sobre esse filme, Bob Weinstein, em sua apresentação, indagou: "How can a man (falando do irmão dele) who brought you The English Patient and Shakespeare in Love bring you something with so little redeeming social value such as Zack and Miri?". Falou na brincadeira, claro, pois ele tem enormes esperanças nesse filme.

Confirmou que estão de cabeça mergulhados em Inglorious Bastards, o novo de Tarantino, estrelando Brad Pitt, Nine, All Good Things e, pasmem, a refilmagem de The Seven Samurai. Esse último eu quero distância mas o resto? Que venha o resto! Sendo de Bob e Harvey, a chance de vermos coisas bem interessantes são muito grandes.
Pensando bem, vou dar uma chance ao novo The Seven Samurai. É, esses caras são bons o suficiente...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Capitais do entretenimento e um elevador


Sem dúvida alguma, se existem duas cidades que incorporam econômica e filosoficamente o conceito de capitais do entretenimento mundial, essas são Nova Iorque e Los Angeles. Há uma divisão clara entre as especialidades de cada uma, ainda que não seja algo a ferro e a fogo: NY é a cidade do grande teatro, das editoras e da música; L.A. é a cidade do cinema.

Estava em NY até ontem e hoje estou em L.A. Ainda não consegui fazer nada só de entretenimento. Só trabalhei.

De toda forma, essas duas capitais são muito queridas para mim. NY foi a primeira grande cidade para onde viajei com minha esposa enquanto ainda éramos namorados e L.A. foi a cidade onde vivi por um ano estudando.

Nunca havia tido a oportunidade de me hospedar no hotel que talvez possa ser considerado como a epítome de Nova Iorque, o Marriott Marquis, encrustado no coração do Times Square. Fiquei lá agora e a experiência foi terrível. Foi como se toda aquela imagem romântica de NY viesse abaixo instantaneamente. Além de o hotel ser um mundo por si só, com péssimos serviços (me cobraram US$ 2,50 para me trazerem meros talheres no quarto!!!) decorrentes exatamente dessa grandiosidade, o fato de ser no meio do local mais iluminado e movimentado da cidade me deixou literalmente tonto. Não recomendo mesmo. E olha que sempre gostei do Times Square. As luzes piscavam dentro do meu quarto! Coitados dos epilépticos...

Foram 3 dias agonizantes na cidade. Estava louco para ir embora para L.A., um oásis tranquilo, no meio de um deserto. Nunca tinha me decidido sobre que cidade gostava mais. Hoje, nesse exato momento, a decisão é fácil. L.A. é bem melhor que NY. Mas também sei que essa sensação é passageira e pode mudar de uma hora para outra. É só eu pegar algumas horas de trânsito em alguma freeway para eu já passsar a gostar mais de NY novamente.

No entanto, é a sensação do momento que deixo escorrer para esse post. De NY, dessa vez, só ficou uma lembrança e é essa a razão da foto acima. Explico: o Marriott Marquis, cuja recepção, pasmem, fica no 8º andar, tem um sistema de elevadores sensacional, como nunca havia visto antes. São 16 elevadores no total, em uma torre central. Doze são panorâmicos e 4 são normais, servindo todo o hotel. Em circunstâncias normais, seria uma loucura fazer fila para esperar o transporte.

A solução, porém, foi genial. Algum cara muito brilhante arrumou um sistema computadorizado de otimização de elevadores que não só evita filas como, também, deve economizar muito dinheiro com energia elétrica. Tudo se resume ao aparelhinho acima, que fiz questão de fotografar. Nele, a pessoa digita o andar para onde quer ir. O aparelho então, depois de uns 3 segundos, informa que elevador a pessoa deve pegar. Se 5 pessoas estiverem indo para andares diferentes, por exemplo, o aparelho pode determinar que os 5 vão juntos ou separados, dependendo da quantidade de andares que os elevadores já tenham que parar no caminho. Da mesma forma, se duas pessoas vão para o 25º andar, elas pegarão o mesmo elevador. Se há 3 elevadores descendo do 40º andar mas estão em alturas diferentes, você pegará aquele que estiver mais próximo de chegar.

Moral da estória: não há filas, ninguém espera mais do que uns 20 segundos pelos elevadores e todos ganham. A única coisa estranha é que as pessoas, ao entrarem no elevador, não têm que apertar botão algum. No começo a sensação é de que está faltando alguma coisa mas depois você se acostuma e até ri internamente das outras pessoas (novatas) que ficam procurando o painel com os andares.

O mais diferente nessa estória toda é que esse sistema de elevadores foi a coisa mais interessante que vi em NY dessa vez. Não estou esnobando: adoro a cidade mas, no momento, L.A. passou a frente. Pode não ter um sistema de elevadores bacana como esse de NY mas, ao menos, não é, em lugar algum, o inferno que é o Times Square...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Filme de avião

No domingo voei para Nova Iorque (mais sobre isso em futuros posts) e, durante o vôo, assisti Prince Caspian, a continuação de The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe. Para começar, assisti ao primeiro filme também em outro vôo pois não havia sido atraído o suficiente pelos trailers com bichos falantes para assistir no cinema. Não deu outra: achei Narnia 1 uma grande porcaria. Talvez tenha sido pelo tamanho minúsculo da tela do avião mas acho que, na verdade, foi pela qualidade do filme que tentou ser um Senhor dos Anéis mas sem a menor categoria.

Prince Caspian, a continuação desse ano, confirmou que eu realmente não gosto dessa série. Talvez o material fonte seja bom mas não li os livros para saber e posso dizer que não tenho o menor interesse.

A estória começa já com ação, talvez para compensar a falta de ação do primeiro filme. O tal príncipe Caspian, herdeiro do trono de Narnia, é perseguido por seu tio e regente, pois este acaba de ter um filho homem que, com a morte de Caspian, pode se tornar rei. Assim, Caspian, ajudado por seu professor, foge para a floresta, onde dá de cara com os bichos esquisitos - habitantes originais de Narnia - que moram escondidos, já que foram varridos do mapa há algumas centenas de anos.

Os irmãos Pevensie, que são os reis de Narnia e lá viveram até uma idade avançada, quando voltaram para a Inglaterra e rejuvenesceram automaticamente, estão há um ano com uma vida normal. Mil e tantos anos se passaram em Narnia, no entanto.

Caspian toca uma corneta presenteada por seu professor (que pede para ele somente usar em última análise mas que Caspian usa no primeiro segundo de perigo) e os irmãos são, então, teletransportados para Narnia, onde chegam em uma praia que não reconhecem. Olham para as ruínas de um castelo e também não a reconhecem. Ao passearem pelas ruínas, nada percebem. Até que um deles tropeça em uma peça de xadrez de ouro que pertencia a um dos garotos, quando era rei. Aí eles reconhecem as ruínas e tudo mais. Dá para ver que o filme é uma porcaria quando detalhes como esse passam batido. Afinal, como é que as crianças, que viveram dezenas de anos naquele mesmo castelo, não reconheceriam a paisagem? É a mesma coisa que dizer que o faraó Quéops, se acordasse de um sono profundo diante de sua pirâmide, não a reconheceria apenas por que está em ruínas.

Dito isso, as crianças começam a achar aquilo tudo muito esquisito e, como se fosse a coisa mais natural do mundo, empurram uma parede em uma ruína de centenas de anos, que então desliza como se ficasse em cima de rolamentos bem azeitados. Lá dentro, encontram todas as suas roupas e armas intactas. Mais um furo enorme na estória...

Aí partem para ver o que aconteceu com Narnia, descobrem que os irritantes bichos falantes, árvores que andam, duendes e centauros de Narnia foram banidos pelos Telmarines, raça de humanos intolerantes. Ou seja, é a mesma estória do primeiro filme só que sem a rainha de gelo (que dá as caras rapidamente, no momento mais sem nexo do filme). Eles então juntam-se com Caspian e com os sobreviventes de Narnia e partem para a guerra contra os Telmarines.

O interessante é que Caspian foi tutelado por seu professor, que simpatiza com os bichos míticos de Narnia mas, antes de precisar desesperadamente de ajuda, nunca moveu uma palha para ajudá-los. Vai ser egoísta assim lá no inferno!

Além disso, a menina Pevensie mais nova (Lucy) é vidrada em Aslan, o leão do título do primeiro filme. O bichano, aparentemente, abandonou Narnia. A menina, porém, o vê em sonhos e ele diz para ela que não pode voltar pois as coisas não podem ser resolvidas como foram antes. Quer algo mais ridículo? Todo mundo sabe que Aslan vai voltar e que só com a volta do leão é que o mal pode ser derrotado. No entanto, ele deixa centenas morrerem só para que uma estória não seja muito igual à outra. Patético, patético, patético...

Outro ponto igualmente ridículo é o líquido milagroso que Lucy tem a tiracolo. Ela dá uma gota de beber a alguém que está morrendo e essa pessoa (ou bicho) volta à vida serelepe. Se ela tem esse poder, então como é que tanta gente do exército dela morre? Não era mais inteligente dividir o líquido precioso por vários esquadrões e criar um exército virtualmente indestrutível?

E Aslan, claro, aparece no final, completamente "telegrafado" como cada minuto de filme, e mais poderoso que Superman. Ele ruge e árvores massacram o exército inimigo, ruge novamente e o rio se levanta e destrói uma ponte. Ele até mesmo faz reaparecer o rabo de um ratinho ferido. Com esse deus ex machina, fica fácil fazer um filme.

Espero que enterrem essa franquia...

Nota: 3 de 10


Crítica de TV: Boston Legal - 3ª Temporada


Tem que ser advogado de um grande escritório para realmente apreciar essa série em todo seu esplendor mas, pela sua qualidade, Boston Legal pode sim ser apreciada por todos que gostam de humor afiado.

Trata-se de uma série que, na verdade, é spinoff de The Practice, outra série de televisão sobre advogados, só que séria. Lá pela última temporada de The Practice, dois novos personagens são introduzidos: Alan Shore (James Spader) e Denny Crane (William "Kirk" Shatner). O produtor, David E. Kelly, deve ter percebido que estava introduzindo ouro em um série já moribunda e deve ter partido para criar, então, Boston Legal.

Acabei de ver a terceira temporada e posso dizer, com toda certeza, que a série permanece tão boa quanto em seu primeiro episódio. É bem verdade que Alan Shore, mostrado como um advogado inescrupuloso na primeira temporada, foi aos poucos adquirindo um caráter mais maleável mas não menos interessante, tendo em vista seus variados problemas pessoais. Suas tiradas são excelentes e o amor tipo pai-e-filho que ele e Denny Crane nutrem reciprocamente rendem excelentes brincadeiras.

Nessa temporada, a personagem Shirley Schmidt, de Candice Bergen, se fortalece e o personagem Denny Crane abre espaço para outros mais novos, com especial destaque para Clarence/Clarice/Clavant, um advogado com múltiplas personalidades. Outro que aparece bastante é o advogado cheio de tiques nervosos Jerry Espenson, que apareceu na segunda temporada. Na verdade, os melhores episódios dessa temporada envolve a relação de amor e ódio (ainda que essa não seja a melhor palavra) entre Jerry e Alan.

Trata-se de uma deliciosa série, com fantásticas interpretações e frases mais sensacionais ainda. Quem pode se esquecer de Shatner metralhando petardos como "Denny Crane. Never lost, never will!", "I have an erection. That's a good sign. I'm ready to go to trial. Lock and load." ou "We're carnivores. When the pilgrims landed, first thing they did was eat a few Indians. "?

Só com esses exemplos dá para sentir o calibre da série.

Nota: 8,5 de 10

sábado, 4 de outubro de 2008

Preparem-se para mais lixo cinematográfico...


Aí vem Angels & Demons, adaptação do romance de Dan Brown, autor de The Da Vinci Code. O livro foi escrito antes da famosa obra sobre o pintor da Mona Lisa mas será filmado como uma continuação. O problema é que o livro é estruturalmente IDÊNTICO ao The Da Vinci Code e, esse último, como eu esperava, ficou uma grande porcaria, já que é basicamente um monte de diálogos repetitivos sobre como Jesus Cristo casou e teve herdeiros. Os dois livros são bacanas mas Dan Brown basicamente se plagiou. Ele só muda as locações pois todo o resto - mesmo - é igual.

Assim, espero outra bomba, mas que vai fazer um enorme sucesso de bilheteria... Bem, pelo menos o teaser poster é bacana...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Eu dormi vendo um filme!

Sim, é isso mesmo: eu dormi assistindo um filme em DVD. Sim, dormi de roncar.

E, vocês me perguntarão, qual é o problema disso? Afinal, muitas pessoas dormem em vários filmes, principalmente em casa. Minha própria esposa e vários de meus amigos são craques nessa arte. O problema é que, até ontem, eu NUNCA havia dormido em um filme, por mais desinteressante, chato, insuportável que fosse. Nunca mesmo. Eu também nunca saí do cinema ou parei de ver um DVD antes de acabar o filme. É uma questão de princípios e, aqueles que me conhecem, sabem que sou um cara absurdamente cheio de princípios e que eu não me desvio deles.

Até ontem...

Raios, o que foi me acontecer?

Idade talvez? Já não tenho mais meus 20 e poucos anos. Já estou nos 30 e muitos. Bom, mesmo assim, ainda sou novo o suficiente para evitar de dormir no meio de filmes. Acho que não foi isso.

Trabalho? De fato, cheguei em casa tarde e comecei a ver o filme lá pelas 10 horas da noite. Mas isso não é desculpa. Sou que nem um morcego: acordo de noite.

Cansaço natural? Até pode ser mas já estive mais cansado antes e consegui assistir maratonas de 3 filmes seguidos em cinema sem nem piscar.

Só resta uma explicação: o filme!

Seria até injusto colocar a culpa só no filme que vi mas, pensando bem, acho que não tem jeito mesmo não. Sou muito osso duro de roer para dormir em filmes. A diferença é que, por mais eclético que seja meu gosto cinematográfico e por mais disposto que esteja de assistir as maiores porcarias possíveis (afinal, sobrevivi à Battlefield Earth), não estava esperando algo tão completamente despojado de sentido sobre a vida de uma pessoa que eu absolutamente nunca me interessei e, agora, praticamente odeio com todas as minhas forças.

Que filme é esse? I'm not there, dirigido por Todd Haynes, que conta a vida do cantor Bob Dylan.

Gosto não se discute, isso é fato. Portanto, escudado dessa premissa, aí vão meus comentários na versão light sobre o bardo: Bob Dylan tem uma aparência asquerosa, jeito de nerd que viveu a vida inteira em uma caverna, canta como se estivesse gargarejando Listerine e, ainda por cima, as canções são ruins. Não havia a menor possibilidade de eu gostar de um filme sobre Bob Dylan, isso eu já sabia de saída. Eu assisti A Hard Day's Night sobre os Beatles e, mesmo sabendo que eu iria detestar pois não gosto da banda, não desgrudei os olhos da tela. É bem verdade que saí odiando ainda mais os Beatles mas, pelo menos, eu não dormi.

No caso de Bob Dylan, como vocês sabem, eu dormi. Com 50 minutos de filme, eu estava conversando com Morfeu (e não, esse Morfeu não é o cara de Matrix das pílulas coloridas). O filme tem 135 minutos...

Acho que o diretor ou superestimou a vida idiota do Bob Dylan ou subestimou a inteligência dos espectadores. O filme é uma costura de momentos da vida do cantor, cada um deles vivido por atores diferentes. E diferentes mesmo: Christian Bale, Richard Gere, Cate Blanchett e outros. 

Acontece que nada faz sentido. É verdade que pode ser minha burrice mas olha que eu já vi muito filme metido a cabeça e me saí muito bem. Esse foi dose. Acho que teria ajudado se eu conhecesse o repertório de Dylan mas acredito, também, que um filme deve ter vida própria e esse, definitivamente não tem. Só viciados em Dylan é que têm chance de entender alguma coisa.

Eu dormi. E, posso dizer, não me arrependo.

Não vou dar nota pois não vi o filme inteiro e, se não fosse locação, queimava o disco em uma fogueira ritual, acesa em cima de um pentagrama...