domingo, 15 de fevereiro de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 07: Bring me the Head of Alfredo Garcia (Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia)


Há três anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: Bring me the head of Alfredo Garcia

Diretor: Sam Peckinpah

Ano de lançamento: 1974

Data em que assistimos: 10.02.2009

Crítica: Nunca nem tinha ouvido falar de Bring me the head of Alfredo Garcia. Claro que conhecia o diretor, Sam Peckinpah, autor de sensacionais obras como The Wild Bunch, Straw Dogs e Cross of Iron.

O conhecimento do diretor e o intrigante título, nos fez querer assistir logo a esse filme. Foi uma surpresa total. Certamente esperávamos algo violento, bem no estilo do diretor. No entanto, acabamos nos deparando com uma obra rara, gutural, quase Neanderthal de tão crua, e isso tudo no sentido bom. 

O filme conta a estória de um mexicano rico cuja filha engravida de Alfredo Garcia. Ato contínuo, e como não poderia deixar de ser, o pai coloca a cabeça do sujeito a prêmio e caçadores de recompensa saem ao seu encalço. Essa estória chega aos ouvidos de Bennie (Warren Oates), um pianista de um bar/prostíbulo. Ele investiga aqui e ali e acaba descobrindo que Garcia havia morrido em um acidente e ele acaba se oferecendo - mediante recompensa, claro - a literalmente trazer de volta a cabeça do coitado. Ele parte em viagem com sua namorada Elita - uma prostituta - pelo interior do México, até a sepultura de Alfredo Garcia. Trata-se, na verdade, de uma viagem ao inferno, onde Bennie acaba aprendendo muita coisa sobre si e sobre o que sente pela mulher que o acompanha. Bennie é imbuído de um ímpeto enorme para completar sua missão e, para isso, não poupa ninguém, nem a si próprio.

Um dos pontos altos do filme é a cena preparatória do estupro da namorada de Bennie por dois motoqueiros, um deles vivido por um jovem Kris Kristofferson. Sem saída, Bennie não pode reagir e, com receio de perder Bennie, Elita concorda em ser estuprada pois, para ela, esse caminho é mais fácil. É duro ver o quanto os personagens do filme tem a perder e o quanto eles sacrificam de si próprios, mesmo que de forma sinuosa. 

Outra cena sensacional é a de abertura do filme, com uma bucólica cena no interior do México, em que a moça grávida aparece à beira de um lago e os capangas do pai a chama. Tudo nos leva crer que o filme seria um western passado no século XIX  mas, numa surpreendente "troca de marcha", Peckinpah nos coloca nos anos 70, mostrando que pouco mudou em um século. Um momento como esse, de um brilhantismo cintilante, é suficiente para nos prender ao filme.

Não dá para dizer que esse filme é um clássico Peckinpah pois é uma obra diferente. Como salientei acima, ela é crua, de um realismo impressionante. Alfredo Garcia, um morto, é um dos mais sensacionais McGuffins que já vi, ao lado do Falcão Maltês do filme que carrega esse nome. A violência, a sujeira, o sexo, tudo é mostrado da forma mais simples e, por isso mesmo, mais às claras possível. Em determinados momentos, a obra leva à risos e gargalhadas, tamanho é o desconforto que sentimos. Peckinpah não teve medo de errar e acabou fazendo um filme pessoal e extremamente autoral. 

Esses, no meu entendimento, são os elementos de uma grande obra.

Notas:

Minha: 9 de 10
Klaatu: 8 de 10
Barada: 8 de 10
Nikto: 5 de 10 

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