terça-feira, 31 de março de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 12: The Hustler (Desafio à corrupção)


Há três anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: The Hustler

Diretor: Robert Rossen

Ano de lançamento: 1961

Data em que assistimos: 24.03.2009

O 12º filme do Ano IV do Club du Film foi The Hustler. Trata-se, talvez, do melhor filme estrelando Paul Newman, no papel-título. Interessante notar que Paul Newman, décadas depois, voltou ao mesmo papel, dessa vez no filme Color of Money, também com Tom Cruise, uma espécie de continuação de The Hustler.

O filme é long, 130 minutos e se utiliza de cada minuto para construir o personagem de Newman, o jogador de sinuca Eddie Felson. Ele ganha a vida fingindo que não joga nada para engabelar incautos a fazerem apostas altas e, no momento que todo mundo pôs dinheiro na mesa, ele sai jogando toda a sinuca que sabe para ganhar os jogos. Ele chega em Minnesota e sai à procura de Minnesota Fats, considerado o melhor jogador de sinuca do mundo. Durante 48 horas, ele sai em um embate com Fats mas sua impaciência e falta de classe, o faz perder o jogo que começa ganhando.

Sentido-se derrotado e querendo vingança, Felson aceita ser o pupilo do mafioso Bert Gordon (George C. Scott, sensacional) que vive a vida de enganar os outros (é um "hustler" profissional de alto nível, enquanto Felson é ainda principante). Nesse ínterim, Felson começa a namorar uma fumante bêbada e manca chamada Sarah Packard (Piper Laurie, também sensacional) e acaba tendo que escolher entre ela e Bert, em um desdobramento trágico.

Na verdade, o filme todo é uma tragédia e a grande mágica do diretor é colocar nós espectadores como profundos conhecedores da vida de cada um dos personagens. Esse filme não foca somente em Felson mas também nos chamados coadjuvantes. Conhecemos bem Bert e também Sarah e simpatizamos ou não com eles. São personagens ricos, que o diretor efetivamente investe tempo contruindo-os. Poucos filmes hoje em dia se permitem esse "luxo" e eu mesmo não estava acostumado a ver tanta dedicação a esse aspecto.

Além disso, a filmagem em preto-e-branco, quase que integralmente dentro de algum lugar (normalmente casas de sinuca) é brilhante, dando destaque aos olhares dos personagens.

O filme, porém, em alguns momentos, se arrasta e isso o faz perder pontos. Merece aplausos pela construção dos personagens mas poderia ter feito isso um pouquinho mais rápidos.

Notas:

Minha: 8 de 10
Klaatu: 7 de 10
Barada: 8 de 10
Nikto: 7,5 de 10

Crítica de TV: Stargate: Atlantis - Season 4

Os americanos costumam chamar algo bem idiota que te dá prazer de guilty pleasure. Posso dizer, com toda certeza, que as duas séries Stargate são os meus maiores guilty pleasures. A primeira série, conhecida como Stargate: SG-1, que se originou do filme homônimo de Roland Emmerich, estrelando Kurt Russel e James Spader, era um monte de episódios sobre gente entrando num portal estrelar, caindo num planeta novo, resolvendo um problema e voltando para a Terra. Conseguiram fazer 10 temporadas sob essa premissa.

A série que se originou da série que se originou do filme, Stargate: Atlantis, é beeeem diferente. Trata-se de um pessoal que entra em um portal estrelar de outra galáxia, cai num planeta novo, resolvem um problema e volta para a cidade (Atlantis) de onde saíram. Viram como é diferente? Eu não disse?
Pois bem, sob essa premissa originalíssima, estão conseguindo fazer 5 temporadas. A quarta foi a última lançada em DVD e a quinta está terminando de passar na TV nos EUA.

Mas eu adoro, A-D-O-R-O todas elas.

O grande inimigo do pessoal de Atlantis é um povo chamado Wraith que suga a força vital dos humanos. Eles é que são combatidos desde o primeiro episódio da primeira temporada. São uma variação safada dos inimigos principais da outra série. De toda forma, nessa temporada vemos nossos heróis derrotando de uma vez por todas (??) um inimigo que surgiu ainda na outra série (os Replicators, um bando de robôs que, tcha, tchan, tchan, tchan, se replicam!). De quebra, eles continuam lutando contra os Wraiths, fazendo até amizade com um deles. Ah, um dos personagens principais (mesmo) morre (pero no troppo)!

O problema dessa temporada é que, até o décimo episódio tudo é muito bacana, movimentado e os episódios estão dentro da continuidade. Depois, temos um bando de episódios soltos, sem muita relevância para a continuidade da série. São legaizinhos mas não mais que isso. Aí, faltando 3 episódios, ele rei-nserem um personagem da segunda temporada (ou terceira, sei lá) para criar mais ação novamente que, surpresa, surpresa, só terá resolução na quinta e última temporada da série.

Mas vamos combinar: melhor Stargate: Atlantis do que Big Brother Brasil...

Nota: 7 de 10

Crítica de Buñuel: La Ilusión Viaja en Tranvía (A Ilusão Viaja de Bonde)

Como sabem, eu adoro o diretor espanhol Luis Buñuel e eu tento de toda forma assistir a todas as obras dele. Meu 12º filme do diretor foi La Ilusíon Viaja en Tranvía, de 1954, um verdadeiro road movie passado quase que integralmente dentro de um bonde. A idéia, por si só, é sensacional, não é?

Pois bem, o filme conta a estória de dois amigos que trabalham na empresa de bondes da Cidade do México. Em determinado dia, eles descobrem que o bonde onde trabalham irá para o ferro velho e o emprego deles, de repente, fica ameaçado. Nesse mesmo dia, mais tarde, eles participam de uma festa, ficam bêbados e partem para furtar o bonde. Depois de passarem a noite inteira transportando as pessoas de graça, eles acordam sóbrios e vêem a enrascada em que se meteram e tentam devolver o bonde para a empresa. Pelas mais diversas - e engraçadas - razões eles não conseguem e o filme sai explorando cada uma delas, revelando-nos um pouco do México e sua diversidade ao longo do caminho.

O filme lembra um pouco outra obra de Buñuel que comentei há alguns posts atrás, Subida al Cielo, em que o mestre trata do mesmo assunto mas durante uma viagem de ônibus. No entanto, La Ilusión é mais leve enquanto Cielo tem uma conotação pesada e bem sexual. La Ilusión é, basicamente, uma boa comédia, um original road movie e, claro, uma forte crítica social no estilo rico x pobre, patrão x empregado, capitalismo x comunismo. Mas o filme não é um libelo comunista e conta com franqueza o sofrimento de uma população oprimida por inflação altíssima, escassez de comida e como as pessoas lidam com isso, sempre tentando dar a volta por cima.

Fiquei verdadeiramente impressionado com o filme pois todas as obras que até agora vi do mestre em sua fase mexicana tinham um conteúdo difícil. Essa não. Tratou de um assunto complicado como se fosse uma comédia, tornando-se quase que automaticamente um de meus filmes favoritos desse grande diretor.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Crítica de filme (em DVD): Kingdom of Heaven - Director's Cut (Cruzada - Versão do Diretor)

Ridley Scott, 5 anos depois de seu sucesso Gladiator, voltou aos épicos históricos com Kingdom of Heaven. Quando do lançamento, a crítica foi tão massacrante contra o filme que eu me deixei influenciar e acabei não assistindo no cinema. Com o lançamento do DVD e Blu-Ray contendo a versão do diretor (leia-se: a versão não mutilada pela Fox), as críticas favoráveis começaram a aparecer. Um filme que já era longo, de 144 minutos, tornou-se um Lawrence da Arábia (em termos de tamanho) do século XXI, com 192 minutos.

Nem sempre mais é melhor mas quase sempre, quando um diretor acrescenta quase 50 minutos ao seu produto original, quer dizer que tem alguma coisa errada com o que foi ao cinema. A obra de Ridley Scott deve ter se beneficiado muito desses 50 minutos pois o filme é muito bom, nada que se encaixe nas críticas fulminantes dedicadas ao seu original.

O filme conta uma versão bem romanceada da estória de Balian de Ibelin (Orlando Bloom), um herói das cruzadas. No filme, Balian é um ferreiro, que vive uma vida  difícil na França. Seu filho morreu no parto e sua mulher, entristecida, se suicidou. Naquela época, suícidio era coisa de bruxa e, como marido, ele foi preeso por compactuar com bruxaria. Libertado pelo lorde da região que precisa de sua ajuda, Balian dá de cara com Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), o irmão do lorde, que acabou de voltar de Jerusalém. Godfrey veio atrás de seu passado e logo revela que Balian é seu filho bastardo. 

Os dois e mais uma trupe fiel, partem de volta para Jerusalém. Godfrey logo vem a falecer e Balian toma seu lugar como fiel soldado do Rei Baldwin IV de Jerusalém, que havia conseguido, há uns 6 anos, uma frágil paz com Saladino, de acordo com a qual a cidade permanece sob o jugo cristão mas todos são lá aceitos para fins de culto religioso. Obviamente, essa paz é odiada pelos nobres templários, guiados por Guy de Lusignan (Marton Csokas), casado com Sybilla (Evan Green), a irmã do rei. Começa, então, uma queda de braço com Balian no meio, um lado pela manutenção da paz o outro pelo começo da guerra.

Um detalhe importante sobre a trama e sobre Ridley Scott. O rei está morrendo pois tem lepra. Guy está louco para que isso aconteça pois, assim, Baldwin V, filho de Sybilla e seu enteado, toma o poder. Como ele é muito jovem, Guy tornar-se-ia o efetivo regente e, claro, começaria a guerra. O detalhe sobre Scott: a lepra faz com que o rei passe o filme inteiro coberto totalmente por panos e com uma máscara de metal escondendo sua deformidade. Mesmo assim, não sei bem o porquê, Scott resolveu escalar um ator de primeira linha para atuar só com os olhos: Edward Norton. Não faz muito sentido pois nem mesmo a voz do ator ouvimos direito já que a máscara atrapalha.

Bom, passado esse preciosismo do diretor, cabe dizer que Scott foi muito bem sucedido em recriar a época e os cenários, certamente usando o que aprendeu com Gladiator. O ataque a Jerusalém por Saladino é fantástico (não é spoiler pois é um fato histórico) e fica pau-a-pau com as batalhas de Lawrence of Arabia e Lord of the Rings. O filme é uma grande desculpa de 3 horas para o diretor depurar sua melhor técnica de mostra batalhas por todos os ângulos possíveis.

As atuações que Scott conseguiu arrancar de seus atores são também muito boas. Orlando Bloom, normalmente bem, digamos, limitado, está convincente como Balian. Eva Green está ótima como Sybilla, assim como Liam Neeson como Godfrey, Jeremy Irons como Tiberias e Michael Sheen  (de The Queen e Frost/Nixon) em breve - e dolorosa - aparição como o irmão de Balian.

O filme, pela sua duração, acaba se perdendo em alguns longos momentos de "nada". As cenas de Balian transformando o deserto que são as terras de seu pai em um oásis até que são bacanas mas completamente deslocadas no filme e só uma desculpa para o mocinho "pegar" a mocinha. Outros momentos meio contemplativos com Balian no deserto são também bem chatinhos.

Mas o que derruba o filme é a "suspensão de descrença" exagerada que Ridley Scott exige de seus espectadores. 

Explico. 

Em Gladiador, vemos um centurião romano virar um gladiador assassino empurrado por um sentimento fortíssimo de vingança. A construção do personagem é completamente crível e Russel Crowe, claro, ajuda no trabalho pequeno que os espectadores têm para acreditar em sua transformação.  Em Kingdom of Heaven, Scott quer nos fazer acreditar que um ferreiro (ok, com alguma experiência na fabricação de máquinas de guerra como é explicado no começo) não só é o melhor ferreiro do mundo, como um excelente agricultor, um estrategista do nível de Churchill, um líder como Roosevelt e um espadachim inacreditável. Fala sério...

O cara é um plebeu no começo do filme e Scott quer nos fazer crer que sofrimento e a revelação que ele é um nobre na verdade (bastardo, mas um nobre de toda forma) fizeram um "clique" na cabeça dele e o transformaram em um sensacional guerreiro? Tente outra vez, Scott. Apesar das três horas, faltou construção do personagem para permitir esse pulo. Ficou muito forçado e gritantemente mentiroso. A realidade, no caso, é muito melhor: Balian já era um nobre e, como tal, guiou os guerreiros cruzados em várias batalhas contra Saladino até culminar na batalha por Jerusalém. Não foi um ferreiro que fez isso tudo, não mesmo (nada contra os ferreiros, por favor).

Mas tudo bem. Como disse, o filme é uma desculpa para Scott usar suas técnicas de direção de espetáculo e é espetáculo que ele nos dá ao ponto de esquecermos (um pouco) esse furo no roteiro. Esperem só as catapultas começarem a funcionar para vocês verem se não falo a verdade.

Nota: 8 de 10

domingo, 29 de março de 2009

Crítica de filme (em DVD): Je vous salue, Marie

Esse filme de Jean-Luc Godard foi um grande frisson em 1985 quando foi lançado pois, aparentemente, atacava a Igreja. Lembro-me disso nitidamente. Desde então, fiquei com vontade de ver qual é, o que acabei fazendo só agora, 24 anos depois.

Certamente entendo de onde veio o ataque histérico da Igreja, pois o filme conta a estória de Marie, uma garota jogadora de basquete em sua escola que engravida do nada e mantém a noção que ainda é virgem. Gabriel tenta fazer José, namorado de Maria, entender o problema e aceitá-lo. 

No entanto, o filme é um dos maiores desperdícios de celulóide que já vi em minha vida. Godard deve ter alguma tara pela garota que faz Marie (a esquelética Myriem Roussel) pois tudo é desculpa para ela tirar a roupa e aparecer peladona nas telas, acariciando o corpo (no sentido não sexual, por favor, pois o filme é "cabeça"). A montagem de Godard é desconcertante pois ela não ajuda em praticamente nada na compreensão da estória. Não sou nem um pouco intelectual no tocante a filmes mas já vi muitos filmes ditos "cabeças" que, apesar de serem o que são, têm algum sentido mesmo que o sentido seja não ter sentido. 

Je vou salue Marie é uma obra pretensiosa, com o único objetivo de escandalizar e torrar a paciência da platéia. Apesar de curto, é chato pacas e eu preferia ter ficado sem saber qual era a desse filme.

Nota: 0,5 de 10

Crítica de museu: Museu de Arte Moderna do RJ

Nenhuma metrópole que se preze no mundo pode ignorar as artes plásticas. Eu já viajei bastante e conheço muitos museus do mundo. Não conheço, por incrível que pareça, muitos museus no Brasil, especialmente na cidade do Rio de Janeiro e, nesse fim-de-semana, a pedido de minha filha, conheci o MAM. Segue um resumo do que vi:

- Prédio muito mal-conservado;

- Estacionamento caro (5 reais) e do tamanho de um terço da minha garagem;

- Chegar lá no domingo, com o Aterro fechado, é uma tarefa quase impossível sem perguntar em postos de gasolina. Não há placas;

- O acervo permanente é ridiculamente pequenos. Deve ter uns 50 quadros no máximo, alguns interessantes (Portinari, Di Cavalcanti, Volpi) um quadro/escultura bacana de Krajcberg e só;

- Não havia nenhuma proteção para as obras, nem mesmo uma faixa pintada no chão;

- A exposição temporária fica apertada em um mezanino meio estranho (era particularmente ruim as esculturas que vi mas tem gosto para tudo);

- O segundo andar inteiro estava fechado para a montagem de uma exposição temporária (normalmente fecha-se uma parte pequena de um museu mas não um andar inteiro;

- A Cinemateca do MAM é horrível;

- O local onde fazem casamentos badalados é sofrível. Que escolhe aquilo tem que gastar uma grana para mudar tudo pois, do jeito que está, com um chafariz que não funciona no meio, deve ser antro de dengue;

- O único ponto positivo é uma loja que vende móveis e quinquilharias de designers brasileiros. Tem coisa bem bacana mas eles tentam vender cadeiras e sofás sem deixar que as pessoas sentem para ver se são bons. Vá entender...

O MAM ao menos me deixou curioso para conhecer os outros museus do Rio de Janeiro e vou torcer para que eles sejam muito melhores que essa porcaria que vi agora. Fiquei até com vergonha do museu, com vontade de enfiar minha cabeça num buraco... 

Ah, vale frisar que não devo ser o único que acha isso pois o museu estava às moscas, com mais guardas do que visitantes. E isso num domingo...

Nota: 0 de 10

Crítica de show: A-ha no Rio de Janeiro

Nota 5. 

Essa era a nota que eu decidi dar ao show no momento em que acabei o processo de compras dos ingressos pela internet. Minha esposa queria assistir mas estava indecisa e eu resolvi comprar logo. Não me levem a mal. Sempre gostei das músicas do grupo norueguês, tenho os CDs e sei várias de cor. 

No entanto, trata-se de um popzinho bem rasteiro e simples, diria até pasteurizado, para reproduzir adjetivo cruel usado por um crítico do jornal O Globo, que foi crucificado pelos leitores. O uso constante de teclados e sintetizadores, bem no estilo década de 80, não podia justificar um show ao vivo. Até mesmo já havia assistido a pelo menos um show deles antes, acho que no Hollywood Rock ou Rock in Rio, mas certamente não estava lá por causa deles.

De fato, o show foi como eu achava que seria: uma experiência semelhante a assistir um DVD do show do A-ha na televisão (ok, um blu-ray então). As músicas foram tocadas exatamente nos mesmos arranjos dos discos, sem tirar nem por, com a exceção de alguns refrões que foram exclusivamente cantados pela platéia, o que nostalgicamente me lembrou da sensacional platéia do grupo Queen - eu incluído - no primeiro Rock in Rio em 1985 cantando Love of My Life. Não é uma comparação justa (para o A-ha, claro) mas foi o que me passou pela cabeça na hora.

Nota 4.

Essa foi a nota que, já dentro do Citibank Hall, eu passei a ter certeza que ia dar ao show pois o A-ha se atrasou 30 minutos para começar o show. Tudo marcado para começar às 21:30h e eles só pisaram no palco às 22h. Ok, grupos podem se atrasar mas não o A-ha e certamente não meia hora.

Aguentar 1 hora de atraso do Iron Maiden vá lá pois o grupo efetivamente toca os instrumentos que traz para o palco e precisa afiná-los, deixando-os tinindo. Além disso, um show como do pessoal da Inglaterra exige um corre-corre danado, uma parafernália impressionante e por aí vai. Mesma coisa com a Madonna, já na seara do pop. Nada disso, porém, era necessário no A-ha pois o baterista deve ser o único que suou no show (e pouco). O guitarrista passa os dedos pelas cordas de vez em quando e o show é feito mesmo pelos teclados e computadores sintetizando sons e  imitando voz (sintetizador imitando voz é o cúmulo dos anos 80, diga-se de passagem).

Nota 5.

Voltei para essa nota assim que notei que o trio estava empolgado, realmente felizes por tocarem no Brasil. Apesar de não se movimentarem muito no palco, eles são simpáticos e, aparentemente, gratos por terem tantos fãs no Brasil (o Citibank Hall tinha gente saindo pelo ladrão). 

Além disso, o A-ha engatou um sucesso atrás do outro, o que me fez fazer um paralelo com o The Police. É que o The Police se reuniu ano passado para tocar sucessos de 20 e poucos anos atrás, sem nem se preocuparem em lançar discos novos, o que me irritou um pouco. A qualidade musical do The Police é bem superior ao do A-ha mas, em termos de criatividade, até dá para dizer que o A-ha é melhor pois, no mínimo, eles têm mais discos de estúdio e talvez a mesma quantidade de hits.

Nota 4,5.

Baixei meio ponto na hora que ouvi Morten Harket soltar uns agudos que trucidaram meu tímpano. O cara tá velho (tem 50 anos) e todo mundo sabe e respeita isso. Ele deveria saber também mas não se deu por rogado e mandou terríveis agudos dos quais ele poderia muito bem ter poupado a galera. 

Nota 6.

Não esperava subir minha nota mas, depois de 40 minutos de show, Morten disse que iriam cantar duas músicas de um disco novo que lançariam nos próximos meses. Isso me fez ficar feliz pelo grupo e respeitá-lo ainda mais pois eles estão batalhando para sair do marasmo. Com essa, no meu livro e nesse quesito, eles ganharam do The Police de lavada. 

As duas músicas não foram nada especiais - mais do mesmo na verdade - mas também não comprometeram. 

Nota 7. 

E toma de mandar sucessos um atrás do outro: Stay on These Roads, Hunting High and Low, Scoundrel Days, The Swing of Things, Crying in the Rain, I Dream Myself Alive, a sensacional The Living Daylights (uma das melhores músicas de abertura do 007) e um bis com The Sun Always Shine on TV, Analogue e, claro, Take on Me. Foram duas horas, não 60 minutos ou 90 minutos de show. Foram DUAS HORAS sem parar e você tem que respeitar isso. Os agudos desafinados ficam para trás quando você vê uma banda dessas com tanta garra. 

Definitivamente, mereceram que eu subisse a nota para 7. 

Já ao final, eu, que havia chegado com toda a predisposição para no mínimo "não gostar" da apresentação, estava tentando descobrir que sucessos eles não tocaram nesse completíssimo show (só para constar deixaram de fora Touchy! e You are the One). Estava empolgado pela empolgação dos caras.

Parabéns A-ha e tenho que agradecer minha esposa por ter me "forçado" a ir ao show.

Nota final: 7,5

Crítica de TV: Entourage - Season 1


Sempre fui fascinado por Hollywood. Muitos filmes tratam desse "mito" (Sunset Boulevard vem imediatamente à cabeça) mas não havia visto ainda uma série de TV sobre o assunto até me deparar com Entourage.

A série, composta de pequenos episódios de 30 minutoos, é uma comédia dramática sobre um jovem ator em ascensão em Hollywood e sua trupe de amigos que vivem em sua aba (como o inteligente tagline da série diz "His fame is their fortune"). Vincent Chase (vivido por Adrian Grenier) é o tal ator, que emprega em sua "entourage" seu irmão mais velho e ator de algum sucesso no passado mas hoje completamente fracassado e esquecido Johnny "Drama" Chase (Kevin Dillon fazendo ele mesmo basicamente), Turtle, o faz tudo, vivido por Jerry Ferrara e, finalmente, Eric Murphy, seu empresário não-oficial e único cara do grupo todo com um mínimo de QI (o papel é do ótimo Kevin Connolly).

A série começa no lançamento do que parece ser o primeiro longa-metragem de estúdio de Vincent Chase. Ele vive em uma mansão alugada, com piscina interna e em um constante estado de torpor pelo sucesso. Apesar de ser ator, ele não lê roteiros e não se preocupa com o dinheiro que ele acha que nasce em árvores e se reproduz como coelhos. Para se ter uma idéia, Turtle sugere que ele compre um Rolls-Royce Phantom zerado e ele simplesmente entra na loja e manda ver, para desespero de Eric (e do contador do grupo). Johnny Drama vive do seu passado e, à sombra de seu irmão, colhe todas as migalhas que ele joga. São muitas mulheres, festas de famosos, muita maconha e muita doideira. Exatamente o que deve ser Hollywood, quando vista por dentro.

Ah, não posso esquecer do agente de Vincent Chase, Ari Gold (vivido pelo excelente Jeremy Piven) que mostra com clareza solar a podridão desse mundo de representação de artistas, com muita falta de ética e um desprezo total pela moral e bons costumes.

Mas o grande destaque mesmo fica com Hollywood e seus estúdios e sistema. Eles são as grandes estrelas dessa série que tem como objetivo deixar às claras aquilo que todo mundo apenas ouviu falar mas que ninguém tinha coragem de contar de verdade. Nada como a ficção para se falar da realidade!

Mark Wahlberg é o produtor dessa série e deve ter sido o responsável por muita inside information para recheá-la de momentos interessantes como quando Turtle diz que a mera festa de despedida do próprio Wahlberg para começar uma filmagem custou 500 mil dólares. Apesar de breve - só tem 8 episódios - a série é repleta de convidados especiais vivendo eles mesmos: Mark Wahlberg, claro, Jessica Alba, Scarlett Johanssen e Gary Busey são apenas alguns dos nomes. Val Kilmer faz uma hilária ponta como "Sherpa" mas eu vou deixar vocês descobrirem o ator por si sós.

A série tem um enorme potencial e só arranha a ponta do iceberg na primeira temporada pois ela trata apenas do que acontece depois do primeiro sucesso de Chase, sua procura (ou melhor, a procura de Eric) pelo próximo papel e a definição de seu futuro imediato. Tem muita coisa de Hollywood para ser mostrada ainda. A série está, atualmente, na quinta temporada e eu já vou correr atrás da segunda para ver o que acontece com Chase e seu grupo.

Nota: 8,5 de 10

sábado, 28 de março de 2009

Crítica de Buñuel: Le Journal d'une Femme de Chambre (O Diário de Uma Camareira)

Como já mencionei em comentários anteriores, Buñuel e Kurosawa são meus diretores favoritos. Tento, na medida do possível, assistir a todos os filmes dos dois mestres, tarefa essa bem complicada no Brasil, já que a filmografia dos dois não é lançada em boa qualidade. 

O Diário de uma Camareira é 11º de Buñuel que assisto. Cheguei, afinal, a completar um terço de sua obra. 

Esse é, também, o filme mais direto do diretor espanhol, filmado na França em 1964. A obra conta a estória de Céléstine (Jeanne Moreau), uma camareira parisiense que vai trabalhar para uma família rica e decadente, no interior da França. Seus hábitos sofisticados contrastam com os hábitos rasteiros da família rica metida a besta. Mais para a frente no filme, com o devido tempo para nos adaptarmos aos personagens, um horrível assassinato acontece e a camareira parece ser a única que se importa e, do seu jeito, vai ao encalço do assassino.

Mas o que interessa não é exatamente o assassinato. A família decadente - ou a riqueza decadente - parece ter sido o foco de Buñuel. O patriarca é tarado por mulheres calçadas em botas sujas de couro e salto alto. A filha do patriarca, uma velha chata encalhada e frígida, compensa sua vida insuportável regendo a casa com mão de ferro e se preocupando com detalhes absurdos. O marido da filha só quer saber de ciscar as empregadas e de caçar, além de brigar com o vizinho que tem mania de jogar o lixo por cima do muro, bem no terreno deles. 

Os empregados da família rica, porém, também não escapam aos olhos de Buñuel. Ele mostra a fofocagem que eles fazem dos patrões, a maldade de uns em determinados momentos e a fascinação que têm pela sofisticada camareira, vinda da cidade grande. 

Por fim, os métodos "investigativos" de Céléstine também são detalhados e vê-se ao ponto que ela pode chegar para colocar o culpado atrás das grades. 

Buñuel filma tudo isso em um notável preto-e-branco cheio de nuances, com uma decoração de interiores impressionante, bem diferente de outros filmes dele que, por questões de orçamento, sofreram nessa área. Também faz uso de uma cãmera frenética, que acompanha os personagens.

O filme, no entanto, demora a decolar e o assassinato acaba ocorrendo em momento adiantado demais na trama, deixando pouco tempo para Céléstine pegar o bandido. Além disso, várias situações simultâneas, como a briga dos vizinhos perante um Juiz, a paixão do coronel vizinho pela camareira e outras, acaba meio que "atrapalhando" o desfecho do filme que é para lá de pessimista e frio (o que, definitvamente, não é um ponto negativo, diga-se de passagem). 

Não é, de fato, uma das melhores obras do mestre mas mesmo uma de suas obras mais fracas ganha de braçadas de qualquer porcaria feita hoje em dia...

Club du Film - Ano IV - Semana 11: This is Spinal Tap (Isto é Spinal Tap)


Há três anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: This is Spinal Tap (Isto é Spinal Tap)

Diretor: Rob Reiner

Ano de lançamento: 1984

Data em que assistimos: 19.03.2009

Crítica: "It's such a fine line between stupid and clever." 

Há muito não ria tanto com um filme. Acho que a última vez que ri tanto foi quando assisti ao hilário Dirty Rotten Scoundrels (Os Safados). A diferença é que This is Spinal Tap não é uma comédia rasgada como o filme de Steve Martin e Michael Cane. É, na verdade, um documentário sobre rock, ou um "rockumentário". É, também, um "falsomentário" ou mockumentary em inglês.

É falso pois ele conta a estória da trajetória brilhante da banda de metal pesado This is Spinal Tap, nascida na Inglaterra nos anos 60 como uma banda hippie estilo Beatles, alterada para uma banda de rock na década de 70 (estilo Rolling Stones) e novamente alterada para o metal no final de 70, começo de 80 (estilo Iron Maiden). O detalhe é que essa banda nunca existiu. Ou melhor, não existia antes do documentário ser feito. Depois do sucesso que foi o filme, os integrantes/atores de This is Spinal Tap, começaram efetivamente uma carreira musical, encarnando a banda, com lançamento de CDs e tudo mais.

Mas voltando ao documentário falso, Rob Reiner se diverte ao escavar estereótipos das bandas de rock e colocá-los todos em sua banda fictícia. No entanto, ele não faz de modo maldoso, para ridicularizar as bandas de rock semelhantes. Rob Reiner, na verdade, tem muito respeito pelo rock 'n roll e apenas caricaturiza, exagera aquilo que vê, sempre de maneira a homenagear esse tipo de música. É claro que não deixa de criticar, ao focar muito do documentário nos exageros dos astros. Uma cena já clássica é a do roqueiro, no camarim, criticando o tamanho do pão em relação à mortadela, em que faz uma detalhada explicação do porquê que não é possível comer o sanduíche com o pão menor do que a mortadela. 

A megalomania (um corolário do exagero) é bem demonstrada com o engraçadíssimo diálogo entre o diretor do documentário e um dos membros da banda, que, orgulhoso, mostra que os botões de seus alto-falantes vão até o volume 11, pois eles tocam mais alto que as demais bandas. O diretor tenta explicar que se o volume fosse até o 10 e se o 10 do grupo fosse alterado para ser mais alto do que os 10 normais, não era necessário ir até o 11. O roqueiro apenas reafirma que, "no entanto, nós tocamos no 11". 

Esses e muitos outros, são diálogos de rolar no chão de tanto rir (não há como não se lembrar e verter lágrimas da explicação de como é a capa do disco mais recente do grupo, em vias de ser lançado nos Estados Unidos para a turnê deles). A banda está de volta ao Estados Unidos, para tentar um retorno ao sucesso do passado. Começam tocando em lugares grandes mas, a cada show cancelado, eles são obrigados a tocar em lugares menores e mais degradantes, acabando até em um baile de militares e em um parque de diversões. As situações são as mais absurdas mas a banda não desiste, nem mesmo diante de desentimentos internos, quando a namorada de um dos membros resolve se meter no gerenciamento da banda.

This is Spinal Tap conta, ainda, com pontas principantes inacreditáveis de Billy Crystal, Anjelica Huston e Paul Shaffer (esse último é o chefe da banda do programa de David Letterman hoje em dia).

Mas o ponto alto mesmo do filme é a enorme cena do Stonehenge, que é construída com cuidado pelo diretor Rob Reiner. Contar mais é estragar o prazer e as risadas que certamente acontecerão.

É uma das grandes "comédias sérias" do cinema.

Notas:

Minha: 10
Barada: 10

Crítica de TV: Rome - Season 2

Roma é uma séria fantástica da HBO. Em sua primeira temporada, o foco das atenções era a ascensão de Julio César (Ciarán Hinds) ao poder absoluto no Império Romano. A estória acaba na excelente cena do assassinato de César pelos senadores romanos. 

O mais bacana de Roma é que toda a estória é contada através dos olhos de dois romanos comuns fictícios, Lucius Vorenus (Kevin McKidd) e Titus Pullo (Ray Stevenson). O primeiro é um centurião e o segundo um legionário comum, ambos do exército de César na Gália (sim, lá onde o Asterix e o Obelix moravam). Os dois participam de eventos históricos e, muitas vezes, até mesmo precipitam os fatos, tornando sua interação extremamente interessante. Vale dizer que uma vez eu li que, de fato, existiram dois soldados romanos com esses nomes - na verdade dois centuriões rivais - no exército de César e essa pode ter sido a fonte de inspiração dos roteiristas.

A segunda temporada começa exatamente no momento em que a primeira acaba, com Marco Antonio (James Purefoy) saindo chocado do senado, após ver César morto. Enfurecido, ele parte para a vingança e Gaius Octavian (Max Pirkis no começo e Simon Woods, quando um pouco mais velho), filho adotivo (por testamento) de César, o ajuda, em uma relação de amor e ódio que perdura até o fim. 

Assim como na primeira temporada, a recriação de época é brilhante, com detalhes absurdos na decoração das casas, ruas e templos romanos. O figurino também é impecável. A temporada mostra o governo bonachão e corrupto de Marco Antonio, seus desentendimentos com Gaius Octavian (que viria a se tornar Augustus Cesar, o efetivo fundador do Império Romano) e o famoso romance de Marco Antonio com Cleópatra.

É claro que, no meio dos eventos históricos, estão nossos amigos Vorenus e Pullo. Os problemas dessa temporada são, talvez, o foco excessivo na estória fictícia dos dois amigos e o grau exagerado de evolvimento deles em circustâncias históricas. Enquanto na primeira temporada tudo era mais discreto, na segunda há uma tendência de se focar nas agruras desses personagens em prejuízo de mais momentos com as figuras históricas. Por exemplo, o famosíssimo romance de Marco Antonio com Cleópatra acontece em apenas dois episódios e é muito pouco trabalhado. Só essa parte da narrativa já merecia uma série separada. Outro momento contado muito brevemente é a volta de Brutus e sua tentativa de derrotar Gaius Octavian. Tudo acontece tão rápido, em meio episódio, que chega a ser um desperdício o quanto os produtores gastaram com a cena de batalha (muito boa por sinal). 

Por essa mudança de foco, pode-se dizer que a segunda temporada é substancialmente mais fraca que a primeira, ainda que continue sendo anos-luz na frente de qualquer outra série dessa natureza. Merece, sem dúvida, ser apreciada pelos amantes de cinema e/ou de história, mesmo levando-se em consideração certas liberdades tomadas pelos roteiristas.

Nota: 8 de 10

domingo, 22 de março de 2009

Crítica de show: Iron Maiden em Interlagos


O Iron Maiden é, sem dúvida, um dos maiores grupos de rock na ativa de todos os tempos. Desde a volta da formação original, com o disco Brave New World em 2000, o grupo não pára de criar e de surpreender. E, de fato, a turnê Somewhere Back In Time surpreende e não por ser uma turnê de disco novo mas sim exatamente o contrário.

Sabedores que seus fãs adoram as músicas novas mas idolatram as clássicas, Bruce Dickinson e sua galera conceberam um show retrô, homenageando os hits do passado. Assim, utilizando o clássico álbum ao vivo "Live After Death" como base, criaram um repertório de músicas oitentistas que há muito eles não tocavam. Para se ter uma idéia, a música mais nova do set list é "Fear of the Dark", do álbum homônimo, lançado em 1992. O set list completo foi:

1. Aces High
2. Wrathchild
3. 2 Minutes to Midnight
4. Children of the Damned
5. Phantom of the Opera
6. The Trooper
7. Wasted Years
8. Rime of the Ancient Mariner
9. Powerslave
10. Run to the Hills
11. Fear of the Dark
12. Hallowed be thy Name
13. Iron Maiden

BIS

14. The Number of the Beast
15. The Evil that Men Do
16. Sanctuary

Com essas músicas, por certo, não havia como o show ser nem próximo de ruim. Dito e feito, o show foi excelente, irretocável. A vitalidade dos quase anciães membros do grupo é sempre algo inacreditável. Bruce corre, pula, clama pela participação da galera e consegue cantar (sem playbacks!) as notas mais altas. O fôlego do cara é monstruoso.

Ano passado, o Iron Maiden veio com esse mesmo show para São Paulo e, àquela época, em vista da resposta do público, Bruce prometeu que retornaria. Quase exatamente um ano depois, o Iron retornou para vários novos shows no Brasil (não só um como no ano passado) e, o melhor de tudo, Bruce alterou um pouco o set list, retirando Revelations, Can I Play With Madness, Moonchild e Clairvoyant e incluindo Phantom of the Opera, Hallowed be thy Name, The Evil that Men Do e Sanctuary. Em minha modesta opinião, Bruce conseguiu melhorar o que já era perfeito. Quanto ao palco, o Iron Maiden também cumpriu sua outra promessa: diferente do ano passado, quando trouxe um show sem pirotecnica, esse tinha fogos de artifício, explosões, labaredas e, claro, dois Eddies, um de Powerslave gigantesco e outro, sensacional, de Somewhere in Time!

E, para o delírio da galera, um novo disco de estúdio foi anunciado para 2010 e mais uma turnê para 2011. Que venha o Iron Maiden quantas vezes forem possíveis!

Uma nota final: já fui a três shows de rock/pop em SP e sempre tive experiências muito boas. Dessa vez, porém, apesar de ter gastado uma grana com o ingresso para a Pista Premium, deparei-me com um mar de lama, uma pista desnivelada e escadas para se ter acesso a ela. Interlagos, definitivamente, não funciona para shows e a organização deveria ter pensado nisso antes e dado um jeito. A saída, então, foi um pesadelo. Coisa de organização tipicamente brasileira mesmo...

Mas a falta de estrutura da organização não diminui a qualidade do show e vou desconsiderá-la aqui, para fins de nota.

Nota: 10 de 10

quinta-feira, 12 de março de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 10: Five Easy Pieces (Cada Um Vive Como Quer)


Há três anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: Five Easy Pieces (Cada Um Vive Como Quer)

Diretor: Bob Rafelson

Ano de lançamento: 1970

Data em que assistimos: 10.03.2009

Crítica: Five Easy Pieces é o filme que mostrou Jack Nicholson ao mundo, no papel emocionante de Robert Eroica Dupea. Não que ele já não tivesse participado de filmes importantes (já havia feito a famosa ponta em Easy Rider) mas foi esse papel que o elevou ao status de astro, que ele mantém até hoje. Jack concorreu, pela primeira vez, ao Oscar de melhor ator mas já havia concorrido ao de melhor ator coadjuvante em 1970, por Easy Rider, de 1969. Só veio a ganhar sua primeira estatueta dourada pelo papel de R.P. McMurphy no magnífico One Flew Over the Cuckoo's Nest (Um Estranho no Ninho). Hoje, esse grande astro acumula 12 indicações ao Oscar e três prêmios máximos (diga-se de passagem, um aproveitamento melhor do que o da chata da Meryl Streep, que concorreu 15 vezes e só ganhou duas). 

Five Easy Pieces, dirigido por Bob Rafelson, são dois filmes na verdade. O primeiro conta a estória de Robert Eroica Dupea, um proletário que trabalha no mais baixo nível hierárquico de um campo de perfuração de petróleo na Califórnia, amigo de um cara do mesmo nível dele, namorado de uma legítima loira burra (Karen Black, no papel de Rayette Dipesto) e amantes de qualquer vagabunda que passar na frente dele. É uma estória simplória de amizade, amor não correspondido e um sentimento de "não pertencer àquele lugar". 

O segundo filme conta a estória de Robert Eroica Dupea, um refinado "virtuoso", pianista clássico, que mora com a família em uma requintada e reclusa casa em uma ilha no litoral do estado de Washington, no extremo noroeste dos Estados Unidos. É uma estória de vida em família, arrependimentos e um sentimento de "não pertencer àquele lugar". 

É interessante notar, porém, que o diretor não dá uma guinada imprevista. Ele deixa pistas do "segundo" Robert na primeira metade do filme como quando, por exemplo, ele sai do carro que dirige em pleno engarrafamento, sobe na caçamba de uma caminhão de mudança e sai tocando o piano que está sendo transportado. 

Não se trata, aqui, de um personagem com dupla personalidade ou algo semelhante. Robert é tudo mas não é ningúem. Tentou desaparecer do convívio familiar para se misturar com a "plebe" mas percebeu que, na verdade, não consegue se misturar com ninguém. Se sente, enterra esses sentimentos lá no fundo. Só vemos uma reação mais viva quando Robert, na cena mais tocante do filme, tem um monólogo em que pede desculpa ao pai que, por ter tido um derrame, sequer pode esboçar reação ou falar. 

Robert mal consegue viver consigo e precisa se distanciar, ferindo todos que gosta dele. O filme é triste, contemplativo e um show de atuação de Jack Nicholson. 

Nota: 

Minha: 7 de 10
Barada: 5 de 10

sábado, 7 de março de 2009

Crítica de filme: Watchmen (parte II)


Vamos logo ao que interessa: Zack Snyder, o diretor da refilmagem de Dawn of the Dead e 300 se mostrou um excelente diretor e um grande entendedor do necessário respeito ao material base (especialmente nesse caso já que a HQ de Alan Moore é reverenciada como a melhor história em quadrinhos existente). Fez um filme equilibrado que contempla os fãs com seus minuciosos detalhes e, ao mesmo tempo, consegue ser bem explicado o suficiente para que o público em geral o aprecie. Fica claro que Snyder fez um verdadeiro "trabalho de amor" aqui e merece ser aplaudido por isso.

Particularmente, não faço parte do time que reverencia Watchmen. Eu tenho a HQ completa em duas versões, a li três vezes e sempre gostei muito dela. No entanto, dentre as HQs que revolucionaram o meio, sou mais fã de The Dark Knight Returns, mas isso não vem ao caso. Talvez por esse fato eu tenha conseguido ver o filme sentado um pouco na cadeira de fã e um pouco na cadeira de espectador comum.

No início, quando Zack Snyder foi anunciado como diretor, o mundo dos nerds ficou de cabeça para baixo em vista da pouca experiência do diretor. Havia feito apenas dois filmes, sendo que nenhum deles particularmente complexo: Dawn of the Dead é um filme de zumbis que comem seres humanos e 300 é a estória de 300 espartanos semi-nus descendo a lenha em um monte de persas. Não estou dizendo que os filmes são ruins - ao contrário, gostei muito deles - mas sim que não são exatamente exemplo de filmes com várias camadas e que gerem discussões filosóficas. Assim, o receio era fundado e eu mesmo duvidava de sua capacidade de transpor para as telas algo tão cheio de complexidade quanto Watchmen.

Aí as imagens começaram a aparecer e ficou claro que Snyder seria o mais fiel possível à HQ. Foi aí que o meu medo começou a aparecer. Como regra, o meio literário (quadrinhos ou não) e o meio cinematográfico são meio estanques, separados, com seus ditames próprios. Um livro bom é um livro bom mas não necessariamente deve ser transposto conforme escrito para as telonas. Sempre tive receio de filmes que não adaptam, mas sim transpõem o livro para as telas. Exemplos recentes são os filmes de Harry Potter. Todos muito bem feitos mas a fidelidade ao material base os torna frios e corridos. O único exemplo que me vem à cabeça agora de transposição literal eficiente e muito bem feita de um meio literário para o cinematográfico e Sin City. No entanto, nesse caso, o elogio é injusto pois Sin City foi escrita em linguagem cinematográfica. Assim, ficava mais fácil o pulo entre mídias.

Definitivamente não é esse o caso de Watchmen. Alan Moore e Dave Gibbons criaram uma obra que, ao mesmo tempo que comenta e critica o próprio gênero dos super-heróis, critica e comenta a sociedade americana como um todo, consumista, belicista e prepotente. Escrita em 1986, tecnicamente ainda durante a Guerra Fria. A Guerra do Afeganistão ainda não havia acabado e o Muro de Berlin ainda estava de pé. Moore e Gibbons trataram de um 1986 alternativo, em que os Estados Unidos continuou sendo governado por Richard Nixon - em seu terceiro mandato - e se tornou um estado fascista. Os super-heróis realmente existiram mas foram proibidos por lei. Apenas uns poucos se mantém na ativa, dois trabalhando para o governo e um totalmente fora-da-lei.

A morte do Comediante, um dos heróis, é o gatilho que dá ignição à trama da HQ e do filme. O Comediante trabalhava para o governo e era um "herói" fascista, assassino e sem a menor ética. Rorschach, o único herói na ativa fora das garras do governo, parte para investigar e conclui que alguém está mantando os mascarados. Ele tenta alertar seus ex-colegas: Night Owl II, Silk Specter, Dr. Manhattan e Ozymandias. Ninguém, porém, dá muito crédito a ele mas logo eles estão envolvidos em uma trama que vai muito além de assassinatos de heróis.

O filme consegue o que eu achava que era impossível: transpor uma HQ dessa densidade para a grande tela sem ficar uma coisa chata. A HQ já era muito econômica na ação e generosa no diálogo muito na linha (mas sem comparar, por favor) de The Da Vinci Code. Na adaptação daquela obra, Ron Howard caiu na armadilha e enfiou o máximo de diálogos explicativos possíveis na trama, arrastando o filme para a lixeira cinematográfica. Zack Snyder, em Watchmen, consegue se livrar dessas amarras, certamente muito ajudado pelo excelente roteiro escrito por David Hayter (já comprovadamente um excelente roteirista pois foi quem escreveu X-Men 1 e 2) e Alex Tse (praticamente um novato). Todas as explicações necessárias ao filme são inseridas em seu contexto, com uma profusão (exagerada mas não mortal - mais sobre isso adiante) de flashbacks.

Ajudou muito o diretor ter trazido a riqueza de detalhes visuais da HQ para o filme. Os detalhes são impressionantes, com uma backstory rica e presente efetivamente na época em que se passa o filme. Assim como no recente The Incredible Hulk, Snyder usou a abertura do filme para contar os eventos importantes que ocorreram desde a década de 40: o primeiro grupo de heróis e seu recebimento acalorado pelo público, o declínio, morte e aposentadoria de alguns deles, o surgimento do Dr. Manhattan (falo mais para frente sobre isso) e do grupo novo de heróis, objeto do filme. Essa abertura, por si só, já vale o preço do ingresso.

O mundo que nos é apresentado é um mundo em que a violência governamental impera e os heróis, todos humano comuns sem poderes, foram banidos. Somente um dos heróis - Dr. Manhattan - tem poderes de verdade. Na verdade, ele é um deus, fruto de um acidente, capaz de manipular a matéria. Esse inacreditável poder é utilizado pelos EUA como "arma de destruição em massa", revertendo o fiasco do Vietnã e equilibrando a Guerra Fria. Nesse mundo manipulado, o único que vê com clareza é o mais fascista dos heróis: o Comediante. Sua morte logo na abertura, serve de estopim para a trama que, logo após a abertura, parte para uma quantidade enorme de flashbacks, todos no começo ligados ao Comediante mas alguns fora de lugar, com exposição demais, que Zack Snyder poderia ter deixado para uma futura edição especial em DVD.

Mas e os atores? Esse foi outro ponto alto na obra de Snyder. Todos os atores cumpriram muito bem seus papéis. Billy Crudup é o Dr. Manhattan mas o ator só aparece como nasceu por alguns minutos em flasback e o resto do tempo ele é um ser azul careca de computação gráfica. De toda forma, ainda que o mérito não seja todo de Crudup, já que os computadores ajudaram, Dr. Manhattan ficou sensacional, com uma pela translúcida parecendo que várias galáxias giram por seu corpo. Ainda, a computação gráfica ajudou no distanciamento da humanidade do personagem, algo extremamente necessário para a trama.

Matthew Goode faz Ozymandias, o homem "mais inteligente" do mundo e um multi-milionário. Sua aparência franzina, no trailer, ficou muito estranha para um homem que aperfeiçoou seu corpo até os limites do possível. No entanto, no filme, essa estranheza desparaceu pois o ator dominou o personagem muito bem, passando um jeito superior de forma bastante eficiente.

Patrick Wilson faz o fracassado Night Owl II. Ele é o homem dos gadgets, no melhor estilo Batman. No entanto, com sua aposentadoria forçada pela lei, uma grande parte de sua persona despareceu e, agora, ele é apenas um home de meia idade com "barriga de chopp" que fica vivendo do passado, em longas conversas com o primeiro Night Owl, já idoso. O personagem é deprimente e Wilson torna o "normal" interessante.

Malin Ackerman é quase unânime nas críticas como a pior atriz nesse filme. Não concordo. Ela faz Silk Spectre II à perfeição. Silk Spectre é o estereótipo da super-heroína, ou seja, gostosona, em roupas mínimas completamente impróprias para o combate ao crime. Sua forma de atuar, talvez até sem querer, apenas facilita a identificação dessas heroínas rasas, meio burrinhas.

Jackie Earle Haley é Rorschach, um sociopata extremamente violento que usa uma máscara preto-e-branca que forma manchas variadas. O ator em si só aparece por pouco tempo mas é exatamente isso que torna a atuação e Jackie tão boa. Ele, mesmo por trás da máscara, deixa claro o que ele é: um homem que só vê o certo e o errado, o preto e o branco.

Jeffrey Dean Morgan é o Comediante e o melhor ator do filme. Apesar de morrer nos primeiros minutos de filme, o Comediante é onipresente no filme, por meio de diversos flashbacks mostrando sua carreira pouco nobre e muito violenta. Morgan encarna o personagem amoral e sem amarras e é a verdadeira força desse filme.

Diferente do que eu achava, o filme é, efetivamente, uma adaptação (fiel, é verdade) do material base, não uma transposição literal. As mudanças feitas pelos roteiristas e por Snyder foram todas perfeitas. Eles destacaram mais a presença de Nixon, com vários diálogos interessantes e uma cena no War Room que lembra muito Dr. Strangelove. A HQ original tinha uma estória paralela que era sobre um garoto lendo uma HQ de piratas. No filme, isso não existe e, de fato, não dava para existir. O filme já tem enorme 2 horas e 36 minutos e a inclusão da estória dentro da estória só iria distrair.

O final, porém, é a grande alteração de Snyder. Sem dar nenhuma pista para não estragar o filme para quem não viu, vale dizer que o que está na obra cinematográfica é melhor do que o que está nos quadrinhos. Sinto muito, Alan Moore, mas essa é a verdade. O final original já não funcionava direito nos quadrinhos (sei que serei excomungado por isso). Em um filme, então, seria motivo de gozação e risadas histéricas pela platéia que não leu os quadrinhos e, arrisco dizer, até por quem leu. A solução de Snyder é mais amarrada pois não traz elementos externos à trama. O resultado final, porém, é idêntico nas duas obras.

Mas, claro, o filme não é sem seus defeitos. Vamos a eles.

Em primeiro lugar, a maquiagem. Raios, com os efeitos especiais de hoje, não tem justificativa para as maquiagens serem mal feitas. Já chega a de The Reader, que estragou o filme e a performance de Kate Winslet. Em Watchmen, ela não chega a estragar nada mas distrái muito. Em primeiro lugar, vemos o Comediante envelhecido, com uns 70 anos. Depois, vemos Sally Jupiter (Carla Cugino) com 67 anos. Em seguida, vemos Nixon. As três maquiagens são tão ruins que elas, no lugar de parecer pessoas envelhecidas, parecem atores com alguma coisa na cara, fingindo serem velhos. Mas é um detalhe menos importante no filme.

Outro problema é a marca registrada de Snyder: as câmeras lentas. Em 300 elas até funcionaram  mas, em Watchmen, ficam parecendo o que elas são: tiques nervosos do diretor.

Em seguida, temos os já discutidos flashbacks em exagero. Ok, é importante construir os personagens mas daí a fazer um flasback atrás do outro sobre cada personagem, mesmo que não relacionado diretamente com a trama, não faz sentido.  Os flashbacks sobre o Comediante são importantes mas os outros sobre a "origem" do Dr. Manhattan e de Rorschach, entre outros, são desnecessários e só estão lá pelo fator "cool" e para não atrair o ódio mortal dos nerds.

Outra questão relevante é a violência. Não é que a HQ em si já não fosse violenta. Ela definitivamente é pois tem assassinato de crianças, estupro e tudo mais. No entanto, Dave Gibbons soube, magistralmente, deixar a verdadeira violência para a imaginação. Talvez Zack Snyder, por entender que o público de cinema em geral já perdeu a sensibilidade para a violência, já que todo filme agora mostra uma sanguinolência injstificada, ele partiu para o mesmo caminho. Assim, ao mostrar uma simples briga de beco, Snyder foca em ossos partidos, rostos esmurrados em super close-up. Ao mostrar Dr. Manhattan explodindo as pessoas ele efetivamente mostra o efeito da explosão, com sangue para todos os lados. Em suma, ficou um tanto apelativo e desnecessária. A única coisa boa é que, como cenas de ação com essas são um tanto raras no filme, o espaço entre elas tornou essa violência exagerada bastante suportável.

Por último, uma coisa que me incomodou: as músicas. Não é que as músicas não sejam boas mas sim que elas são óbvias demais para as cenas em que são inseridas. Por exemplo, Hallelujah para uma cena de sexo chega a ser patético. Mas sei que estou sendo chato.

Zack Snyder conseguiu o que era impossível e o fez com segurança, de forma a agradar fãs e não-fãs. Ele se arriscou muito e merece todos os elogios. Fez um excelente filme, baseado em uma excelente e difícil obra.

Nota: 9 de 10

Crítica de filme: Watchmen (parte I)

O que pode ser escrito de Watchmen que já não tenha sido debatido na internet à exaustão? Nunca um filme foi tão dissecado quanto esse.

No entanto, sei que muitos não fazem idéia do porquê de toda essa comoção sobre o filme e, apesar de eu não ser uma daqueles caras que leu o material base 25 vezes (li apenas 3 vezes), acho que posso me arriscar começando pelo básico. Vamos lá.

- O que é Watchmen? 

Watchmen é uma HQ (sim, história em quadrinhos, não uma graphic novel) composta de 12 edições lançada em 1986 e acabando em 1987. Seu autor é Alan Moore, um dos grandes autores de quadrinhos do mundo e o desenhista é Dave Gibbons. Muitos a consideram a melhor HQ já escrita e ela figura entre as 100 mais importantes obras de literatura de 1923 ao presente na lista de 2005 da Time, o que é uma honra dupla já que a revista tem enorme reputação e Watchmen é a única representante dos quadrinhos por lá.

Mas Watchmen é mais que isso. Essa HQ, junto com The Dark Knight Returns de Frank Miller, lançada pouco antes, redefiniu o gênero de HQs de super-heróis e, mais importante, trouxe à evidência essa espécie de literatura, que andava rateando desde o final de década de 70. O herói que não é bem herói, cheio de conflitos e atitudes dúbias, em suma, o super herói mais humano foi "criado" com essas duas HQs, ao ponto de hoje ser quase que o padrão da indústria, para desespero de Alan Moore. E mais: sua versão compilada em "graphic novel", junto com a de The Dark Knight Returns, abriu um novo nicho mercadológico para as HQs, que perdura fortemente até hoje.

- Tá bom, entendi que Watchmen é importante. Mas do que se trata? 

Watchmen se passa nos Estados Unidos e conta a estória de um 1985 distópico, diferente do que vivemos, em que o mundo continua na enorme tensão nuclear entre as maiores super-potências, Nixon está no terceiro mandato como presidente dos Estados Unidos, o país se tornou quase fascista e os heróis mascarados efetivamente existiram mas foram banidos ao final da década de 70 por força de lei (o tal Keene Act). A estória começa com o assassinato do Comediante, um herói que fez parte de dois grupos de gerações diferentes de heróis: os Minutemen na década de 40 e os Crimebusters. Rorschach é o único mascarado que contiuna atuando, à margem da lei, e ele começa a desconfiar que alguém está matando os heróis. Sua investigação o leva a reunir seus ex-colegas de aventuras mas o que ele acaba descobrindo vai muito além de uma trama de assassinatos em série. Nesse 1985 alternativo, apenas um dos heróis tem poderes de verdade, o Dr. Manhattan, um ser que pode manipular a matéria e que é utilizado pelos EUA como uma arma na Guerra Fria. Nesse mundo alternativo, o Dr. Manhattan também é o responsável por várias inovações tecnológicas como carros elétrico e dirigíveis viáveis.

- Caramba, estão é sobre super-heróis a estória?

Sim e não. Alan Moore usa os super-heróis para criticar o gênero de super-heróis, os Estados Unidos, o consumismo, o belicismo e a própria natureza humana. Todos os chamados heróis são seres falhos, uns mais que os outros. É uma fantasia nihilista, que desconstrói o gênero de super-heróis, moendo-o completamente e, talvez por isso mesmo, reforçando-o. Assim, a HQ ultrapassa de certa forma a pecha de "estória de super-herói", alcançando algo muito maior.

- São super-heróis que conhecemos?

Não especificamente mas eles são facilmente reconhecíveis. Explico.

Alan Moore, em sua idéia original, queria utilizar os heróis da Charlton Comics, da década de 40, que tinham acabado de ser adquiridos pela DC Comics (que encomendou a obra para Moore). Como em seu esboço original Alan Moore meio que tornaria os heróis inutilizáveis ao seu final (não estou revelando nada de mais ao falar isso) a DC Comics vetou o uso desse personagens. Moore, então, inspirou-se nos heróis da Charlton para criar os seu próprios. Não vale a pena dizer que heróis da Charlton inspiraram os personagens de Moore. Isso é fácil de achar surfando a internet. O importante é que os heróis de Moore são reflexos muito claros de famosos super-heróis que estamos acostumados a ver no dia-a-dia, como segue:

Rorschach - É o narrador da estória e sua mola propulsora. É ele que encasqueta que tem algo de errado com a morte do Comediante e parte para investigar. Utiliza um sobretudo marron e uma máscara que cobre todo o rosto, com manchas pretas que mudam de forma (é um tecido especial), exatamente iguais às do teste psiquiátrico que o batiza. Ele é o detetive da estória e o herói mais violento. Sem tentar entrar em muitas comparações, fica claro que ele é uma parte da persona de Batman.

Night Owl II - É o segundo herói a levar esse nome, inspirado por seu predecessor da década de 40. Veste uma roupa que se parece com uma coruja e utiliza vários gadgets tecnológicos. Está aposentado depois que saiu o Keene Act. Ele é a outra parte da persona de Batman.

Comedian - É um herói que fez parte das duas "ligas da justiça" e, agora, trabalha para o governo. Sua morte é o estopim para a estória. Tem uma atitude do tipo "dane-se o mundo" e não tem nenhuma moral, além de ser extremamente violento. Trata-se da antítese do Capitão América (sua roupa até lembra de longe o uniforme do herói da Marvel) e sua vida longa como herói e sua violência e atitude perante a vida lembram Wolverine ou todos os outros heróis e anti-heróis da mesma estirpe. Por trabalhar para o governo, também lembra Nick Fury.

Silk Spectre II - Forçada pela mãe - a primeira Silk Spectre - a também se tornar uma heroína, ela nada mais é do que a personificação de todas as heroínas dos quadrinhos clássicos: gostosona, com olhar de abandonada, um fetiche ambulante que se veste de forma reveladora e com saltos bem altos. O personagem que vem de imediato à mente do cânon normal dos heróis é a Canário Negro.

Ozymandias - Considerado o homem "mais inteligente do mundo", ele construiu um império de empresas e aperfeiçoou seu corpo até os limites do que o ser humano pode alcançar. Por ser bilionário, lembra muito todos os heróis que são assim, como Homem de Ferro e Batman. Por ser um exemplo perfeito de humano no ápice de sua forma física, lembra muito o Capitão América e demais heróis que dependem apenas de suas habilidades para lutar contra o crime, ainda que Ozymandias há muito tenha se aposentado (recolheu-se mesmo antes da lei proibindo os vigilantes mascarados entrar em vigor).

Dr. Manhattan - Único herói com super poderes de verdade. E bota super poderes nisso. Pode manipular os átomos criando ou destruindo qualquer coisa. Tem poderes ilimitados e se aproxima muito de um deus. Seu status também o leva ao caminho de distanciamento da humanidade. É claramente o Superman, um herói poderoso demais, capaz de desbalancear o mundo mas que é utilizado por seu governo para a manutenção do clima de guerra fria (e para ganhar a guerra do Vietnã, algo que ele resolve em uma semana).

- Tá bom, mas e o bafafá com o filme. Tem razão de ser?

Sim, tem.

A HQ, completa, tem mais de 400 páginas, é forrada de citações complexas e de várias linhas de sub-tramas que formam um impressionante emaranhado. Era considerada como totalmente infilmável e inadaptável, tendo rolado de um estúdio para outro durante quase duas décadas. Depois do sucesso de 300, ofereceram a Zack Snyder a chance de adaptar a estória e ele, até então com apenas dois filmes no currículo (além de 300 fez a refilmagem de Dawn of the Dead), aceitou. Um certo pavor correu pelas veias dos fãs e o debate em torno da adaptação esquentou. Para piorar, Alan Moore que já tinha tido várias experiências ruins (para ele) com a máquina de Hollywood (vide From Hell, que é bom, League of Extraordinary Gentlemen, que diverte mas se distancia demais da obra original e V for Vendetta, que é muito bom), afastou-se completamente do projeto, aproveitando todas as oportunidades para malhar a adaptação de sua obra máxima em filme. Como se isso não bastasse, o filme foi objeto de uma batalha judicial épica entre a Fox e a Warner, a primeira querendo impedir a segunda de lançar o filme por considerar que tinha diretitos sobre ele. A briga chegou a gerar uma decisão judicial preliminar em que o juiz reconheceu direitos de distribuição para a Fox. Depois disso, as partes partiram para uma tensa queda de braço, que culminou em um acordo sigiloso mas que certamente deve ter envolvido um bom dinheiro para a Fox.

No entanto, hoje em dia, um filme vive de polêmicas e, assim, quanto mais melhor.

- Mas disseram que o final do filme é diferente dos quadrinhos. Verdade?

Verdade verdadeira. Watchmen - os quadrinhos - tem um final que é de difícil transposição para as telas sem afastar completamente o público não fã. Se fosse filmado, as chances de sucesso do filme seriam mínimas. No entanto, Zack Snyder alterou o vetor mas não o resultado, que continua exatamente igual ao espírito da estória original. Falarei mais sobre isso mais para frente.

Agora que todos estão nivelados em termos de conhecimento básico sobre a obra, comentarei, no próximo post, sobre o filme propriamente dito, mas sem spoilers, podem ficar tranquilos.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Club du Film - Ano IV - Semana 09: House of Games (O Jogo de Emoções)


Há três anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como Club du Film. Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São, novamente, mais 100 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo (com pseudônimos, claro).

Filme: House of Games (O Jogo de Emoções)

Diretor: David Mamet

Ano de lançamento: 1987

Data em que assistimos: 05.03.2009

Crítica: Não me lembro de ter ficado tão desapontado com um filme quanto fiquei agora com House of Games. Nunca tinha visto o filme, o primeiro dirigido por David Mamet, mas havia lido sobre ele e tinha grandes expectativas. O problema todo é que o filme se mantém em um ritmo muito interessante até 92 minutos de duração. Daí em diante, nos seus últimos 10 minutos, o filme desaba completamente e deixa o espectador com um dos finais menos satisfatórios possíveis.

Mas a jornada vale a pena, apesar de ela acabar em um precipício. 

Pontos positivos: 

- A direção de David Mamet: Muito seguro de si, Mamet dá um show, criando um clima sofisticado ao filme, com jogo de chiaroscuro muito bem feito, no melhor estilo noir. Sua escolha de cenários e figurino é quase que emblemática da década de 80, com muita roupa brega de ombreira e cidades vazias, que parecem estar ali somente para servir à equipe de filmagem.

- A atuação de Joe Mantegna e Lindsay Crouse: Vivendo o malandro Mike e a psiquiatra Margaret Ford, os dois dão um show para as câmeras, soltando faíscas de tensão sexual desde o primeiro segundo juntos. E olha que o casal nem é lá tão fotogênico, especialmente Crouse, com um horrível penteado abrutalhado e roupas anti-excitação.

- As pontas de William H. Macy e J.T. Walsh: Os dois ótimos atores, novinhos, novinhos, fazem pequenas aparições no filme, mas que deixam suas marcas. Achá-los é um prazer e gera discussões do tipo "Não... É ele mesmo???".

- A estória: Margaret, uma psiquiatra autora de um livro, tenta acabar com a dívida de um paciente seu viciado em jogo e acaba se envolvendo com Mike, um con man, um vigarista da melhor estirpe. A coisa é bem mais complexa do que essa explicação singela dá a entender mas contar mais é estragar o filme.

Por tudo isso, foi desagradável deparar-me com um fim que está longe de ter a sofisticação que o próprio diretor impõe até esse momento. Os próprios personagens parecem mudar radicalmente no finalzinho, dando outro caráter ao filme. Não sei se o diretor ficou sem idéias ou se mudou o roteiro original no último segundo mas a impressão que deu foi que ele estava perdido quando rodou a cena chave final, decidindo incluí-la no filme quase como que um artifício para se "livrar do filme". 

No entanto, apesar de o final realmente estragar tudo que vem antes, o filme merece ser visto ao menos uma vez, mesmo que só para nos relembrarmos do quanto eram feias as ombreiras enormes e os blazers com mangas dobradas da década de 80...

Notas:

Minha: 5,5 de 10

Barada: 5,5 de 10

quinta-feira, 5 de março de 2009

Crítica de Buñuel: Subida al Cielo

Em 1951, Luis Buñuel estava em seu longo exílio no México, onde dirigiu dezenas de filmes, todos eles com uma pitada de sua verve surrealista mas, em linhas gerais, bem calcados no realismo. Subida al Cielo (ou, em inglês, Mexican Bus Ride) é um filme curto, de 75 minutos, dessa sua "fase mexicana" .

A estória começa em uma cidadezinha perdida no litoral mexicano, tão pequena que nem igreja tem. Para se casar, basta que o casal tenha a benção dos pais da noiva e passem uma noite em uma ilha próxima, mais nada. Um jovem casal acaba de se casar mas, no caminho da ilha, são surpreendidos pelo irmão do noivo, em um barco, dizendo que a mãe deles está morrendo. Com a lua-de-mel interrompida, o casal parte para ver a mãe do noivo, uma aparentemente rica dona de propriedades (apesar de a aparência do lugar ser terrível). Lá chegando, a mãe pede ao seu filho que acabou de casar - Olivério - que chame um advogado de uma cidade distante para fazer o testamento dela, já que ela quer ter certeza que seu neto Chuchito (ainda criança, filho da irmã de Olivério, que morreu no parto) será o proprietário de sua casa, de forma que ele possa ter dinheiro suficiente para ter uma boa educação. Sem alternativas, e vendo seus dois outros irmãos já sedentos pela herança, Oliverio parte na tal "Mexican bus ride" do título em inglês.

São dois dias de viagem em que Oliverio fica desesperado para chegar na cidade onde mora o advogado e é nessa jornada que o filme foca. A cada segundo, começando com um pneu furado, os passageiros do ônibus, encontram problemas. O filme trabalha muito bem a angústia do rapaz e as figuras que povoam o ônibus: o motorista que pára para dormir sem mais nem menos e obriga todos os passageiros a comemorar o aniversário de sua mãe querida; o político que só pensa em angariar votos e correr atrás de um rabo de saia; a moça (belíssima, aliás) que é apaixonada por Olivério e não descansa enquanto não o abate; o pai durango levando sua filha para passear na cidade grande; donos de bodes; um sofisticado vendedor de galinhas e uma família indo enterrar a filha morta (com o caixão, claro). 

Em suma, a viagem é, na verdade, um microcosmo do México da época (e arrisco dizer, de hoje também) e nosso amigo Olivério, tem que fazer de tudo para alcançar o advogado e voltar antes que sua mãe venha a falecer e seus irmãos acabem com o patrimônio de seu sobrinho. 

É muito interessante (e emblemático, eu diria, conforme explicarei abaixo) o uso de miniaturas que Buñuel faz. Na cena em que o ônibus, dirigido apenas por Oliverio e Raquel (a tal da moça que só pensa no rapaz) está subindo o morro chamado Subida al Cielo, fica claro queo se trata de um carrinho "Matchbox" em cenário altamente artificial. A transição é bem na "careta de pau" mesmo mas, de toda maneira, bem eficiente. As situações, como um todo, são muito cômicas e caricatas e Buñuel, claro, não deixa de mostrar um pouquinho a que veio em uma cena em que Olivério sonha com Raquel em seus braços. O filme basicamente se passa dentro do ônibus e cumpre sua proposta de mostrar um pouquinho do México.

O ator que fez o papel de Olivério (Esteban Marquez), para conseguir o papel, mentiu sobre sua experiência com atuação. Lilia Prado faz Raquel (já disse que é belíssima?) e ela foi uma das grandes atrizes mexicanas, continuando ativa até seu último filme em 1991 (veio a falecer somente em 2006). 

Essa produção parece ter sido uma das mais atribuladas de Buñuel, com problemas com greves, sets e tudo mais. O fato de Buñuel ter usado um truque ótico e construído um cenário em miniatura para seu ônibus de brinquedo mostra claros problemas de orçamento. 

Os problemas que o diretor teve são aparentes no filme, pelos seus cortes abruptos e cenas muito pobres em termos de decoração. Fica até difícil entender se Buñuel efetivamente queria o final que assisti, já que o filme acaba de forma muito abrupta, talvez sem resolução satisfatória da trama. 

Mas, trata-se de um Buñuel. O cara é um gênio. Não sou que me atreverei a dar nota. Limitar-me-ei a dizer que é um dos trabalhos mais, digamos, "modestos" do mestre.

Ah, vale só um último comentário: o poster do filme (aí acima) é de uma dramaticidade cômica pois pouco tem a ver com o filme. Fico imaginando que Buñuel não deve ter gostado nada dessa jogada barata de marketing por parte dos produtores. Mas que é divertido, isso é.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Crítica de TV: Dexter - The Complete First Season

Tem seriados que te cativam no primeiro episódio, tem seriados que demoram alguns episódios, outros te seguram pelos atores. Dexter me atraiu pela sua mera sinopse, que é algo como segue: um especialista forense em padrões de manchas de sangue é um serial killer que mata serial killers.

Pronto, só isso.

Impossível não ficar curioso ao menos em saber como os roteiristas conseguiram extrair uma estória daí. Baseados na obra Darkly Dreaming Dexter de Jeff Linsay, os roteiristas arrancaram uma estória cativante, dividida em 12 episódios. Sim, o seriado de televisão em questão narra uma estória só em um arco de 12 episódios, com várias estórias paralelas de personangens coadjuvantes, incluindo o detetivo durão, o detetive super honesto, a tenente que faz tudo para manter o poder, o capitão que compete com a tenente pelos holofotes da imprensa e por aí vai. Mas o tronco dessa série é mesmo Dexter, vivido por Michael C. Hall, em excelente atuação. 

Narrado pelo personagem principal, a série talvez possa ser melhor descrita como The Silence of the Lambs (O Silêncio dos Inocentes) se encontra com C.S.I. Pensando bem, como seria interessante um encontro entre Hannibal Lecter e Dexter....

O arco principal lida com a estória da investigação de um serial killer que retira o sangue das vítimas, as corta em pedações e, depois, embrulha-os para exposição. A ausência de sangue, claro, é a antitese da especialidade de Dexter e a batalha de mentes começa, com Dexter, aos poucos, revelando "pedaços" de seu passado.

Se a sinopse não tivesse sido suficiente para me cativar, a abertura teria feito o truque: mostra Dexter em close-up extremo fazendo tarefas normais do dia-a-dia como se barbear, fritar ovos, amarrar os sapatos e passar fio dental nos dentes como se fossem simulações de diversas formas de matar. Brilhante. Definitivamente, a melhor abertura que já assisti.

A trilha sonora também é muito boa, com música instrumental com baixo forte, bem grave, de tremer a casa. Imperdível.

Agora tenho que correr atrás da segunda temporada.

Nota: 8,5 de 10