terça-feira, 31 de março de 2009

Crítica de Buñuel: La Ilusión Viaja en Tranvía (A Ilusão Viaja de Bonde)

Como sabem, eu adoro o diretor espanhol Luis Buñuel e eu tento de toda forma assistir a todas as obras dele. Meu 12º filme do diretor foi La Ilusíon Viaja en Tranvía, de 1954, um verdadeiro road movie passado quase que integralmente dentro de um bonde. A idéia, por si só, é sensacional, não é?

Pois bem, o filme conta a estória de dois amigos que trabalham na empresa de bondes da Cidade do México. Em determinado dia, eles descobrem que o bonde onde trabalham irá para o ferro velho e o emprego deles, de repente, fica ameaçado. Nesse mesmo dia, mais tarde, eles participam de uma festa, ficam bêbados e partem para furtar o bonde. Depois de passarem a noite inteira transportando as pessoas de graça, eles acordam sóbrios e vêem a enrascada em que se meteram e tentam devolver o bonde para a empresa. Pelas mais diversas - e engraçadas - razões eles não conseguem e o filme sai explorando cada uma delas, revelando-nos um pouco do México e sua diversidade ao longo do caminho.

O filme lembra um pouco outra obra de Buñuel que comentei há alguns posts atrás, Subida al Cielo, em que o mestre trata do mesmo assunto mas durante uma viagem de ônibus. No entanto, La Ilusión é mais leve enquanto Cielo tem uma conotação pesada e bem sexual. La Ilusión é, basicamente, uma boa comédia, um original road movie e, claro, uma forte crítica social no estilo rico x pobre, patrão x empregado, capitalismo x comunismo. Mas o filme não é um libelo comunista e conta com franqueza o sofrimento de uma população oprimida por inflação altíssima, escassez de comida e como as pessoas lidam com isso, sempre tentando dar a volta por cima.

Fiquei verdadeiramente impressionado com o filme pois todas as obras que até agora vi do mestre em sua fase mexicana tinham um conteúdo difícil. Essa não. Tratou de um assunto complicado como se fosse uma comédia, tornando-se quase que automaticamente um de meus filmes favoritos desse grande diretor.

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