sábado, 9 de maio de 2009

Crítica de TV: The Wire - 5ª Temporada


Foi com muita relutância que comecei a assistir a 5ª temporada de The Wire. E por duas razões. A primeira era que simplesmente não queria que acabasse (afinal, eram só mais 10 episódios da melhor série já feita) e, a segunda, era que eu não queria que os produtores eventualmente estragassem uma experiência que, até o final da 4ª temporada, foi perfeita.

Mas, claro, segui em frente.

Sobre as razões para minha relutância, não posso fazer e falar nada sobre a primeira, só lamentar e, sobre a segunda, posso dizer que The Wire continuou e acabou fortemente. Talvez não de forma tão espetacular, mas muito satisfatória. Explicarei o porquê da minha razoável insatisfação (que, de forma alguma significa que a 5ª temporada é ruim, apenas mais fraca que as demais) mas antes precisarei contar um pouco da estória.

Nessa temporada, McNulty, que andou sumido da última, volta com força total. Um ano se passou desde ao acontecimentos da 4ª temporada e o novo prefeito, como todo político, prometeu, prometeu mas não cumpriu suas promessas. Uma dessas promessas foi o aparelhamento da polícia. Ao contrário, agora os policiais mal tem viaturas e não recebem por horas extras que são essenciais para o bom cumprimento do dever, especialmente quando vigilância constante é necessária. O sucateamento total da polícia se mistura a um novo ingrediente, que é introduzido nessa temporada: o poder da imprensa e suas maquinações internas. Vemos de perto como funciona a redação do The Baltimore Sun e conhecemos novos personagens: um editor muito sério e um repórter salafrário que faz de tudo para subir de vida.

Nesse cenário, surge a força motriz da série que é, ao mesmo tempo, o fundamento de minha reclamação sobre a última temporada. Jimmy McNulty, desesperado por perceber que investigações relevantes, como a relacionada ao novo chefão das drogas Marlo Stanfield (Jamie Hector) estão sendo paralizadas por falta de verbas, cria uma mentira enorme para fazer a máquina da prefeitura cuspir dinheiro novamente. Não vou contar o que é, pois isso estragaria um dos prazeres de ver a série mas vale dizer que a mentira de McNulty é o epicentro da estória. 

Acontece que as outras temporadas não se valeram de artifícios de grande repercussão como esse. Talvez seja um exagero meu mas essa "criação" de McNulty (que poderia até ser interpretada como nada mais do que o desenrolar comum do personagem em vista do que ele faz nas temporadas anteriores) soa artificial, estranha, meio alienígena na série. 

Por outro lado, essa mesma "criação" nos brinda com os momentos mais eletrizantes da série inteira (os três últimos episódios). Talvez seja essa a compensação que equilibraria a estória.

Tirando esse pequeno probleminha (para mim, claro), a série é perfeita. Os fins de personagens-chave, como o traficante Marlo Stanfield, o coronel Cedric Daniels (Lance Reddick), o advogado de bandido Levy (Michael Kostroff) e dos próprios Jimmy McNulty e detetive Lester Freamon (Clarke Peters), assim como o do detetive Bunk (Wendell Pierce) e do traficante Bodie (J.D. Williams), são perfeitos. Ah, e como eu poderia esquecer de citar o que talvez seja o personagem mais memorável da série depois do traficante Stringer Bell (Idris Elba), o assassino homossexual Omar Little? Omar tem um fim absolutamente surpreendente e de deixar qualquer um de queixo caído.

As qualidades da 5ª temporada ultrapassam em muito seus defeitos mas a colocam um tantinho abaixo da temporada que levou nota mais baixa, a primeira.

No entanto, uma coisa é certa: The Wire é, sem sombra de dúvidas, a melhor série televisiva que já assisti em minha vida.

Nota: 9 de 10

Um comentário:

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."