quinta-feira, 11 de junho de 2009

Crítica de filme: Star Trek

Um pouco mais de um mês depois de meu último post, aqui estou eu de volta. Nos próximos dias, compensarei minhas "férias" do blog com diversas novas postagens.

Vi Star Trek (2009) há bastante tempo, no dia que estreou. Não tenho realmente muita coisa diferente para falar sobre o filme. Tudo parece já ter sido dito.

De toda forma, para começar, vale lembrar que nunca fui fã da série de TV. Vi alguns capítulos da série original, alguns outros de The Next Generation e nenhum (nenhum mesmo!) de Deep Space Nine, Voyager e Enterprise. Em compensação, vi todos os filmes para o cinema e, como todo mundo, o resultado final é que a maioria dos 10 filmes é fraca e apenas uns poucos são realmente bons. Os melhores, em minha opinião, são (em ordem de lançamento): Star Trek II: The Wrath of Kahn, Star Trek IV: The Voyage Home (o das baleias) e Star Trek VIII: First Contact. Todos os meus preferidos incluem, de alguma forma, viagem no tempo. Kahn surgiu na série original e é um tirano da década de 90 na Terra que revive no século XXIII. Os outros dois filmes são sobre efetivas viagens no tempo, sendo o primeiro com os tripulantes da série original (Kirk, Spock e o resto da galera) e o segundo com a nova geração (Picard, Data e o resto da galera).

Star Trek de 2009 é uma "prequel" da série original de 1967, contando a estória de Kirk e Spock antes mesmo de ingressar na Frota Estrelar. No entanto, trata-se de um brilhante "prequel" que, na verdade, apesar de lidar com a estória anterior à série original, consegue não negar tudo o que aconteceu nas séries e filmes que já tivemos a oportunidade de assistir. É um recomeço sem  ser um recomeço de verdade e J.J. Abrams consegue isso - SPOILER, SPOILER para quem viveu em uma caverna nos últimos meses - com a manobra da viagem no tempo (aí está ela novamente!). O universo do Kirk que vemos nesse filme é uma linha temporal diferente da linha temporal do Kirk vivido por William Shatner já que o vilão Nero volta no tempo e acaba matando o pai de Kirk logo no começo do filme, criando uma espécie de realidade alternativa.

Com isso, Abrams conseguiu respeitar os fãs fanáticos da série original e, ao mesmo tempo, trazer um frescor que, francamente, essa série precisava muito. Tudo bem, alguns podem achar a viagem temporal uma maneira forçada de conseguir isso mas ela não tira o brilhantismo do filme e nos coloca em posição para continuações que podem ser completamente diferentes mas, se necessário for, os personagens da série original (inimigo como Kahn, por exemplo) ainda podem aparecer. Além do mais, viagens no tempo, por si só, são muito legais.

Eu vi esse filme duas vezes. Na primeira vez, saí do cinema maravilhado com o que Abrams conseguiu. Star Trek é um filme de ação sem parar, com excelentes efeitos especiais e com toques aqui e ali que lembrarão aos fãs (e até quem não é tão fã como eu) que estamos falando dos mesmos personagens que se imortalizaram na TV e no cinema desde a década de 60. Na segunda vez que vi o filme, porém, consegui prestar mais atenção e uma coisa acabou me incomodando muito.

Sem estragar a surpresa para quem não viu o filme, acontece um evento no meio filme - e que é absolutamente essencial para a trama - que é resultado de uma absurda e improvável coincidência. Basta dizer que, sem o que acontece nesse momento, o filme não teria o desfecho que tem. Existe algo chamado "suspensão de descrença" que é sempre necessário quando vamos ao cinema. Trata-se de necessidade de aceitarmos determinadas coisas que acontecem em filmes, permitindo que mergulhemos na estória (com isso, por exemplo, conseguimos acreditar que o policial John McLane é capaz mesmo de acabar sozinho com um exército de terroristas no Nakatomi Plaza). Isso é normal. No entanto, Abrams exagera ao pedir que aceitemos "tranquilamente" essa coincidência cosmicamente absurda. É algo que distrái qualquer espectador e retira a possibilidade de acreditamos inteiramente na estória. 

No entanto, Abrams é tão hábil nessa coincidência e tão sensacional no resto do filme todo que simplesmente dá para acabar "perdoando" o diretor. Outra coisa que ajuda muito são os atores. 

Chris Pine como Kirk está tão canastrão quanto Shatner. Zachary Quinto faz um Spock perfeito. Zoe Saldana está linda como Uhura. Simon Pegg está muito engraçado como Scotty. Mas quem leva o prêmio máximo de atuação é Karl Urban. O cara simplesmente encarnou DeForest Kelley no papel de Leonard "Bones" McCoy. Dá até calafrios assistir a Urban atuando pois antes mesmo de ele abrir a boca (na verdade, no segundo exato que ele aparece) já dá para ver "Bones" nele. Impressionante.

Em outras palavras, Abrams conseguiu um feito que poucos conseguiram: um "prequel reboot" de uma série amada, estabelecida há décadas no mercado, que não é nem um "prequel" nem um "reboot", que abraça os fãs fervorosos e dá boas vindas a novos fãs e que abre portas para toda uma nova série cinematográfica. Ufa...

Vida longa e prosperidade para Star Trek!

Nota: 8,5 de 10 (teria sido mais alta se Abrams tivesse evitado a coinciência absurda...)

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