quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Crítica de Filme: Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans (Vício Frenético)

Werner Herzog, depois do ótimo Rescue Dawn (O Sobrevivente), com Christian Bale, decidiu refilmar Bad Lieutenant, de Abel Ferrara, com Harvey Keitel. Dessa vez, o astro foi Nicholas Cage. Essa combinação me fez escolher The Bad Lieutenant como um dos filmes da minha lista no Festival do Rio desse ano.


A estória começa logo após os trágicos eventos em Nova Orleans com o furacão Katrina. Nessa hora somos apresentados a Terence McDonagh (Nick Cage) e seu parceiro Stevie Pruit (Val Kilmer). Os dois entram em uma prisão inundada e, depois de uma cruel conversa, em que dão a entender que não moveriam uma palha para salvar um detento que está para se afogar, Terence se joga na água em direção ao prisioneiro. Corta o filme e seis meses se passaram. Terence foi promovido para tenente mas seu pulo na água custou-lhe as costas. Vive com enormes dores que, ainda que em um primeiro momento tenham sido amenizadas pelos remédios prescritos pelo médico, agora necessitam de coisinhas mais fortes para sumir. Terence é uma máquina de cheirar qualquer coisa que passa pela frente e vive de pequenos furtos de drogas da sala de provas da Polícia. Sua aparência é grotesca, com um ombro mais alto que o outro, um paletó amassado e sempre aberto mostrando um enorme revólver que ele displicentemente enfia na cintura.


Apesar de ser o melhor policial da força, Terence é um homem corroído. Além das drogas, achaca pessoas na rua, aposta o dinheiro que não tem, namora uma prostituta (Frankie, vivida por Eva Mendes). Basicamente ele não liga para nada que não seja uma boa "fungada" e resolver crimes, mesmo que para isso tenha que recorrer a, digamos, ilegalidades.


No meio desse terremoto pessoal, Terence tem que liderar sua equipe na investigação de um homicídio de 5 pessoas no que parece ser uma guerra de traficantes de drogas. Como Terence não liga para nada, arrisca-se que nem um maluco, consegue se envolver em todo tipo de encrenca possível com policiais e bandidos sem distinção, tem visões constantes de répteis (e de uma ocasional alma dançarina - não me perguntem, vejam para entender) e ainda se mete na relação do pai ex-alcoólatra com sua madrasta completamente alcoólatra.


Herzog, desnecessário dizer, está em perfeita forma como diretor e oferece um filme pesado mas engraçado, triste mas edificante. Mostra que o pior pode ser superado, assim como os americanos de Nova Orleans superaram a tragédia. Pode-se dizer, na verdade, que o filme é Nova Orleans sob o ponto de vista de um homem que passou por um furacão e está tentando se recuperar.


Por todo momento parece que nos depararemos com um final arrasador, com todo mundo morto. Sem revelar o que acontece, o final, na verdade, é bem diferente, talvez diferente demais para o gosto de alguns mas, se encarado sob o ponto de vista da capacidade de superação inata ao ser humano, é muito crível.


Vale uma palavra aqui sobre Nicholas Cage. Da última vez que ele se juntou com Eva Mendes, o rebento que nos foi apresentado foi o péssimo Motoqueiro Fantasma (ok, em termos de filmes de super-heróis, é Cidadão Kane se  comparado com a porcaria que é Wolverine). No entanto, o Nicholas Cage que vemos em Bad Lieutenant é o Nicholas Cage de Leaving Las Vegas, Matchstick Men ou Lord of War, não o Nicholas Cage de Con Air ou Face/Off. Trata-se de um ser em mutação, um excelente retrato da condição humana e até que ponto podemos chegar. No entanto, mesmo isso pode ser motivo de controvérsia pois Herzog dirige o ator para que o espectador ou o veja como um camaleão, um Corcunda de Notre Dame moderno, ou como algo exagerado, caricato, completamente forçado. Cabe a nós a decisão e meu voto vocês já sabem qual é.


Nota: 8 de 10

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