segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Crítica de filme: The Hangover (Se beber, não case)

The Hangover pode ser traduzido simplesmente como A Ressaca. Mas, claro, algum "esperto" tinha que mandar uma tradução ridícula para ficar em sintonia com a campanha do "Se beber, não dirija". O título acabou não tendo nenhuma - absolutamente nenhuma - relação com o filme, até porque, diferente do que se pode imaginar, não é uma obra de comédia sobre casamento, mas sim sobre o que vem antes do casamento. Na verdade, o casamento é uma mera "desculpa", um trampolim para o roteiro.

Bom, reclamações à parte, The Hangover é uma ótima comédia estilo anos 90, na linha de There's Something About Mary (Quem quer ficar com Mary?). A premissa é muito simples mas, por incrível que pareça, original: quatro amigos vão passar a despedida de solteiro de um deles em Las Vegas e acordam no dia seguinte sem lembrar absolutamente nada do que aconteceu na noite anterior. O noivo sumiu, há um tigre no banheiro, um bebê no armário, um dente a menos na boca de um deles e a Mercedes vintage do pai da noiva que eles dirigiram até a cidade foi trocada por nada mais nada menos que uma viatura de polícia. Com o casamento chegando em menos de 24 horas os amigos saem desesperados pela cidade para reconstituir seus passos da noite anterior.

A reconstituição da noite anterior, na verdade, é uma sucessão de gags bem inteligentes e de chorar de rir. O diretor - Todd Philips de Road Trip e Old School - não parte para a solução fácil que seria o uso de flasbacks. Ao contrário, cada pedacinho da conturbada noite anterior é mostrado de forma diferente e sempre fluida dentro do roteiro.

Muitos reclamaram do filme por ele ser politicamente incorreto o tempo todo mas que, ao final, é exageradamente certinho. De fato, isso acontece em The Hangover. Mas sério, quem é que, num filme de comédia escrachada vai se preocupar com os últimos 3 minutos? O bacana é ver os amigos desesperados à procura do noivo, tentando descobrir porque raios há um tigre no banheiro e de quem é o bebê que chora no armário.

O principal, porém, é a revelação de Zach Galifianakis, no papel de Alan Garner, o irmão da noiva. Antes de The Hangover só o havia visto em G-Force (o tal filme dos porquinhos da índia que comentei aqui). Em G-Force, porém, o brilhantismo do cara para comédia ficou disfarçado debaixo dos efeitos especiais dos bichinhos. Em The Hangover, o filme é dele. Alan é gordo, nojento, barbado (parece o Joaquin Phoenix quando endoidou de vez) e com habilidade de comediante sutil que só precisa que você olhe para ele para morrer de rir. O personagem é o que há de melhor no filme e só por isso merece ser visto.

Mas o filme não é só Zach Galifianikis. Os demais também estão muito bem: Bradley Cooper é Phil Wenneck, o chefe do grupo e um professor de primário doido por oportunidades para galinhar; Ed Helms vive Stu Price, um dentista que vive com uma insuportável mulher dominadora e Justin Bartha vive Doug Billings, o noivo.

É claro que o impressionante - mas merecido - sucesso de The Hangover nos trará, queiramos ou não, The Hangover 2. Certamente será uma porcaria mas certamente fará dinheiro. No entanto, se uma continuação é o preço que temos que pagar para ter filmes bons, que assim seja.

Nota: 8,5 de 10

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