sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Club du Film - 4.31 - Hotaru no haka (Grave of the Fireflies ou Túmulo dos Vagalumes)

O 31º filme do ano IV do Club du Film foi Grave of the Fireflies (Túmulo dos Vagalumes), assistido em 05.11.09. Trata-se de um desenho animado japonês (anime), dirigido e escrito por Isao Takahata, em 1988.

O desenho conta a estória da luta pela sobrevivência de Setsuko e sua irmã pequena Seita em um japão devastado pela Segunda Guerra Mundial. A mãe das crianças morre em um bombardeio e elas vão para a casa de parentes que os consideram um fardo. Depois de muitas brigas, eles acabam se mudando para um abrigo de bombas abandonado e fazem de tudo por comida, inclusive roubar cidades que são esvaziadas logo antes de algum bombardeio. Com o tempo, porém, a fome e o desespero se instalam e os dois encontram algum consolo na luz dos vagalumes que eles capturam para iluminar suas noites.

Trata-de de um filme muito triste, com forte mensagem antibelicista. Mostra o efeito nefasto que uma guerra tem sobre as pessoas. Sentimentos como egoísmo, inveja e ingratidão afloram e nem mesmo as crianças são polpadas. É o horror da guerra mostrado em suas minúcias e em momentos não propriamente bélicos, ou seja, em momentos entre um bombardeio e outro e relacionados com uma guerra que só se vê e ouve falar à distância.

O horror pelo que as duas crianças passam, com o lento, horrível e inevitável caminho para a morte por inanição, faz qualquer um ficar desesperado vendo esse desenho. Não é definitivamente algo feito para crianças. Ao contrário, é uma das mais eficientes mensagens contra guerras que já vi em filmes, exatamente por ser sutil, lenta e afetando diretamente crianças. Há, claro, outros filmes que lidam com o efeito da guerra em crianças e Império do Sol de Spielberg me vem logo à mente. No entanto, o horror de Jamie em Império do Sol é abafado pela trama marcadamente melodramática do diretor. Em Grave of the Fireflies, Isao Takahata se baseou nas memórias de Akiyuki Nosaka para extrair sentimentos fortes e verdadeiros que fogem muito do tom Spielberguiano de ser. Grave of the Fireflies fica lá no fundo da mente como algo marcante, terrível, que não queremos mais ver.

Infelizmente, porém, vemos o horror da guerra todos os dias.

Vale apenas um esclarecimento sobre a enorme discrepância de notas para esse filme. Acontece que Barada interpretou esse filme como sendo um comentário especificamente sobre a Segunda Guerra Mundial, mostrando como os japoneses eram "bonzinhos" e os americanos "maus", bombardeando cidades sem nenhuma explicação. Barada tem direito à sua interpretação mas não há como concordar com ela pois o filme é atemporal e poderia se passar até mesmo no universo de Guerra nas Estrelas. O efeito devastador seria o mesmo.


Sobre o Club du Film:

Há quase quatro anos, no dia 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, tentarei fazer um post para cada filme que assistirmos, com meus comentários e notas de cada membro do grupo.


Notas:

Minha: 8 de 10
Barada: 0 de 10
Nikto: 8 de 10

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."