sexta-feira, 5 de março de 2010

Crítica de filme: Harry Potter and the Half-Blood Prince (Harry Potter e o Enigma do Príncipe)

Tentei fugir o máximo possível de Harry Potter 6 mas, como ele está concorrendo ao Oscar de Melhor Fotografia, acabei assistindo-o de uma vez.

E por que eu disse que tentei fugir, vocês podem perguntar. A razão é simples: minha paciência para o bruxo mirim se esgotou depois que assisti a parte 3. E olha que eu li todos os livros menos o último.

O problema que permeia toda essa série de filmes é a fidelidade aos livros. Os fãs incondicionais certamente devem adorar essa característica e ainda reclamar quando a cor da varinha de condão de um bruxo que aparece por 3 segundos no fundo de uma cena não é igual a do livro.

No entanto, essa fidelidade é mortal. E a primeira razão para isso está nos livros. Na medida em que J.K. Rowling foi tendo sucesso, ela passou a escrever mais e mais sem, no entanto, aumentar a ação ou efetivamente impulsionar a estória. Isso fica claro em Harry Potter 6, lançado no ano passado e dirigido por David Yates, responsável pelo filme anterior e pelos próximos dois. Nada, absolutamente nada acontece no livro, com exceção das últimas 50 páginas. São algo como 600 páginas de enrolação para dois capítulos com uma resolução que deixa uma gigantesca ponta solta para o último livro, com um grande "choque" em termos de eliminação de personagens (sem revelar nada, Rowling não é nem um pouco sutil e telegrafa o final desde a primeira página do livro).

Aí vem a Warner e decide, para não irritar os fãs, fazer uma transliteração do livro em filme sem considerar que são dois meios distintos, com suas próprias regras. A consequência são filmes enormes (HP 6 tem 153 minutos!) cheios de efeitos especiais bonitos mas vazios, que se arrastam até os 10 minutos finais. Em HP 6, o final do livro, que já é mal feito, consegue ficar ainda pior pois ele acontece com enormes furos de lógica, daqueles que deixam um ponto de interrogação na testa de todo mundo e, pior, muito rapidamente, sem drama e sem impacto.

A fotografia do filme é apenas mediana e extremamente escura. Não há nenhuma razão para a indicação ao Oscar.

Só para completar, vale lembrar a trama: o bruxo Harry Potter volta para Hogwarts após os trágicos eventos do filme anterior e encontra uma escola fortemente vigiada para se evitar ataques de Voldemort e seus asseclas. Lá, ele encontra um livro de poções com várias anotações feitas por alguém que se intitula Half-Blood Prince (algo como o Príncipe Mestiço) e passa a fazer sucesso nas aulas de poções mágicas. Ao mesmo tempo, com a ajuda de Dumbledore, Harry passa a aprender sobre o passado tenebroso de Voldemort, quando ele ainda se chamava Tom Riddle.

Se o filme tivesse 90 minutos, os atores jovens fossem um pouquinho mais expressivos (Daniel Radcliffe ainda está claramente desconfortável no papel título) e as tramas paralelas inúteis (como a insegurança de Ron no jogo de Quidditch) fossem eliminadas ou reduzidas ao mínimo, o filme até que seria bom. Do jeito que está, não passa de uma adaptação fraca de um livro ruim. Fico imaginando como serão chatos os próximos dois filmes já que a Warner, claro, vendo sua fonte certa de arrecadação próxima de acabar, resolveu dividir o último livro em duas partes. Isso significa que teremos, provavelmente, 300 minutos nos dois filmes juntos, retratando cada situação de um livro que, tenho certeza, poderia ser resumido em 15 ou 20 páginas.

Nota: 4 de 10

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