Acossado conta a estória de Michel Poiccard (Belmondo), um ladrão de automóveis que, em seu mais recente furto, acaba matando um policial, tornando-se procurado pelas autoridades. Ele, então, resolve se reunir novamente com uma moça americana (Patricia Franchini, vivida pela bela Jean Seberg) que havia conhecido semanas antes em Nice. No entanto, antes de fugir para a Itália, Michel e Patricia têm que cobrar uma dívida de um conhecido de Michel.
Mesmo com o rosto estampado em todos jornais, Michel continua agindo como se nada de mais estivesse acontecendo. Da mesma maneira, Patricia vai descobrindo aos poucos quem Michel verdadeiramente é mas não liga, quase como se esperasse dele um assassinato e uma fuga. O cerco policial vai se fechando e os dois vão ficando sem alternativas.
O papel mais interessante ficou com Jean Seberg, apesar de Belmondo ser a grande estrela. Sua personagem, Patricia, exatamente por não se alterar na medida em que vai descobrindo quem efetivamente Michel é, é que nos deixa com um grande ponto de interrogação em cima da cabeça. O que ela quer? Aventura? Dinheiro? Ela gosta mesmo de Michel? O que raios uma estudante americana da Sorbonne quer com um bandidinho pequeno, que apenas tira onda de grande ladrão?
É interessante o paralelo que é possível fazer entre Patricia e Helene de Le Boucher. As duas parecem ter a mórbida curiosidade de flertar com o perigo e de saber o que acontece se chegarem muito perto do fogo. Ao passo em que Helene literalmente controla Popaul, Patricia parece querer testar Michel e saber até onde ele iria por ela.
Sobre a direção, apesar de ser Jean-Luc Godard por trás das câmeras, vou cometer o sacrilégio de dizer que não gostei muito. O aclamado diretor faz uso liberal dos jump cuts, pequenos cortes em uma mesma cena, dando literalmente a impressão que o projetor "pulou" alguns frames. Pelo que se conta, tais jump cuts foram um maneira que Godard encontrou para encurtar o filme. No lugar de retirar cenas, ele apenas extirpou alguns segundos de película aqui e ali. Muitos falam dessa técnica e eu até a acho interessante mas, nesse filme, ela é usada completamente sem propósito, não funcionando para absolutamente nada. É bonitinho da primeira vez mas, quando isso acontece lá pela quinta vez, dá para começar a ficar irritado.
No entanto, Godard sabe tirar atuações excelentes de seu atores. Belmondo está excelente mas quem rouba mesmo o show é Jean Seberg, atriz quase estreante, de beleza estonteante e com uma instigante atuação, na fronteira entre a inocência e a manipulação.
Sobre o Club du Film:
Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.
Notas:
Minha: 7 de 10
Barada: 8 de 10
Gort: 9 de 10
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."