domingo, 11 de julho de 2010

Club du Film - 5.46 - Touch of Evil (A Marca da Maldade)

Em 1958, o grande Orson Welles (Cidadão Kane) escreveu, dirigiu e atuou em Touch of Evil (A Marca da Maldade), um filme noir com fotografia em preto e branco que assistimos no Club du Film (mais sobre ele ao final desse post) em 11.05.10.

O filme conta a estória de Mike Vargas (Charlton Heston), um oficial de alto escalão da divisão de narcóticos do México, que está em lua-de-mel com sua esposa americana Susie Vargas (Janet Leigh) quando é envolvido em uma investigação sobre o cartel de drogas de uma cidadezinha na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Envolve-se na investigação, também, o lendário policial americano Hank Quinlan (Orson Welles).


Vargas é a síntese do cara certinho, que quer fazer a Justiça verdadeira. Quinlan, por outro lado, é obcecado com a mesma Justiça mas, para fazê-la, toma medidas extremas como plantar provas para incriminar quem ele acha que é culpado. Obviamente, Vargas vê Quinlan - gordo, barbado, decadente - em plena ação e fica horrorizado, partindo em um cruzada para desmascarar o policial americano. Obviamente, Quinlan passa a tomar medidas ainda mais radicais para envolver Vargas no próprio cartel de drogas.

O filme começa com uma sensacional tomada sem cortes que acompanha, ao mesmo tempo, o casal Vargas andando para cruzar a fronteira do México para os Estados Unidos e um carro com um homem de negócios milionário fazendo o mesmo trajeto. A tomada é incrível ao dar tanta atenção a uma situação como à outra. O ponto de encontro das duas situações é a explosão do carro, com a consequente morte do homem de negócios.  Vargas se envolve diretamente como testemunha e Quinlan é chamado para investigar.

Com essa tomada, literalmente de cair o queixo, achei que veria mais uma obra-prima de Orson Welles mas o que acabei vendo foi, talvez, um filme emblemático dos problemas que Hearst causou ao grande diretor, por tê-lo retratado em sua obra máxima (e um dos filmes mais importantes já feitos) Cidadão Kane. Welles não apenas está acabado (ok, o papel exigia algo assim, mas vê-lo dessa maneira e comparando com suas fotos de 20 anos antes é impressionante) como também ele perdeu o controle de seu filme. A tomada inicial é aquele lampejo de genialidade esperado de Welles mas que, infelizmente, não continua por todo o filme.

A estória começa a se complicar com um sequestro improvável, uma armação mais difícil de acreditar ainda e uma resolução um tanto forçada, ainda que, novamente, muito bem filmada, com Vargas tentando obter provas contundentes contra Quinlan. Da metade para o final, quando os personagens e a trama estão estabelecidos, o filme começa a se fragmentar sobre seu próprio peso e ele acaba não se sustentando.


Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 6 de 10
Barada: 6 de 10
Nikto: 6 de 10

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