domingo, 11 de julho de 2010

Club du Film - 5.47 - Madame de... (Desejos Proibidos)

Madame de... (sim, o título original é só assim mesmo) é um filme francês de 1953, dirigido pelo alemão Max Ophüls, que foi assistido pelo Club du Film (mas sobre o Club no final desse post) em 08.06.10.

O filme conta a estória da Condessa Louise (Danielle Darrieux) na França no fim do século XIX que vende seus brincos para pagar dívidas pessoais e, com isso, desencadeia uma improvável (e até absurda) cadeia de coinciências envolvendo a jóia e sua vida amorosa. Seu marido, o milionário General André (Charles Boyer) , acaba recomprando o par de brincos do joalheiro e o dá de presente à sua amante que está de mudança para Constantinopla. Lá, os brincos são comprados pelo Barão italiano Fabrizio Donati (Vittorio de Sica) que embarca para Paris e acaba se envolvendo com Louise e presenteando o par de brincos para ela.

A atuação da trinca principal de atores é impecável, com Darrieux vivendo uma infeliz madame que vê sua vida mudar quando encontra com o personagem de Vittori de Sica. Donati parece também gostar de Louise mas seu berço o impede de ultrapassar certas barreiras. O General André é um homem claramente acostumado a ter várias amantes em sua vida mas uma amante, para ele, é só um passatempo, uma diversão. Ele ama apenas sua mulher (ou, ao menos, acha que ama) e fica uma fera quando descobre que ela não vê em Donati apenas um passatempo.

Em determinado momento do filme, Ophüls faz uso de uma sensacional montagem para demonstrar a evolução do envolvimento de Madame de... com o Barão. Trata-se da junção de várias cenas de festas diferentes em que os dois dançam com cada vez mais intimidade e por um tempo cada vez maiore. Belíssima a cena e, diante do fato que ela é filmada toda em círculos, acompanhando o dançarino, com diversos outros personagens ao fundo, fico imaginando o trabalho que deve ter dado. Isso sem contar com a riqueza dos cenários e dos figurinos.

Muitos poderão achar que as coincidências que acontecem nesse filme são ridículas demais para serem críveis. E, de fato, são. No entanto, essas coincidências não importam tanto assim para a mensagem que, creio, o diretor quis passar com esse filme. Os brincos de Louise, que lhes foram presenteados por seu marido, nada significam para ela e, por isso, ela os vende para pagar dívidas que não quer contar ao marido que tem (ela ganha uma mesada do marido mas não quer dizer que extrapolou os limites). Da mesma maneira, a amante do General os vende para pagar dívidas de jogo, demonstrando que eles também nada significavam para ela. Quando, porém, Louise os recebe das mãos do Barão, o brinco tem outro significado e se tornam importantes para ela.

É no momento em que os brincos significam alguma coisa que eles se tornam um problema. Belíssima transição entre mero objeto de desejo e demonstração de poder e controle para um símbolo de amor verdadeiro.


Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 9 de 10
Barada: 9 de 10
Gort: 9 de 10

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