segunda-feira, 12 de julho de 2010

Club du Film - 5.48 - Touchez pas au Grisbi (Grisbi, Ouro Maldito)

Touchez pas au Grisbi é um filme francês de 1954, dirigido por Jacques Becker e foi visto pelo Club du Film (mais sobre o Club ao final do post) em 29.06.10.

Max (Jean Gabin) é um gângster já em idade para se aposentar que, junto com seu parceiro de longa data, Riton (René Dary) acabou de roubar 50 milhões de francos em barras de ouro. Ele foi o cérebro da operação e, com o dinheiro, planejava largar a vida de bandido. Riton, um completo idiota, acaba contando para sua namorada bem mais jovem (uma dançarina de cabaré) na esperança de mantê-la ao seu lado e a informação acaba caindo nos ouvidos de outros gângsters que partem para roubar os ladrões.

O filme parece um facsímile de Bob, Le Flambeur, feito dois anos depois. Há um roubo, uma confidência para a pessoa errada e uma traição. Max, assim como Bob, é um gângster envelhecido e sofisticado, ainda respeitador de um código de conduta entre bandidos. Apesar de seus esforços para se aposentar com tranquilidade, ele ainda tem que enfrentar mais esse obstáculo criado para ele por seu amigo, ainda que sem querer.

A relação entre Max e Riton é o foco desse filme pois Max, apesar de, de certa forma, maltratar seu amigo, chamando de burro para baixo (mas sempre com muita elegância), nutre um amor muito grande por ele. Não, não é nada homossexual, pelo menos não interpretei assim. É algo mais relacionado com a fidelidade e amizade de longa data, uma cumplicidade que provavelmente Max nunca teve com nenhuma namorada. Isso é palpável para nós, espectadores e, também, para os personagens do filme, tanto que essa relação acaba sendo utilizada contra Max mais para o final.

O filme tem uma interessante e muito bem feita cena de ação. No entanto, no mais, ele deixa um pouco a desejar, demorando demais para começar e acabando de maneira abrupta. Fiquei, literalmente, uns 30 ou 40 minutos sem entender o que estava acontecendo no começo do filme e, mais para a frente, notei que, na verdade, não era eu que não havia entendido mas sim que nada efetivamente aconteceu. Não prego que um filme tem que ser ação, ação, ação, mas a narrativa lenta do começo desse filme não contribui muito para seu desenrolar, parecendo quase que gratuita, sem propósito.

No entanto, Jean Gabin já um show de atuação, sem, porém, demonstrar abertamente muito seus sentimentos. Em determinado momento, Max leva Riton para seu apartamento secreto para eles se esconderem e uma longa conversa sucedida por um ritual para os dois dormirem (não juntos, gente de mente suja, cada um em seu canto!) que demonstra bem a relação entre os dois e a excelente atuação contida de Gabin.

Uma última palavra merece ser dita sobre o título em português. "Grisbi" é uma gíria em francês que poderia ser traduzida por tesouro escondido, saque ou o resultado de um roubo. Em outras palavras, "grisbi" faz referência ao ouro que Max escondeu. Assim, o título em português não faz sentido nenhum pois usa "grisbi" como o nome próprio de alguém. Patético...


Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 7 de 10
Barada: 6,5 de 10
Gort: 7 de 10

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."