sábado, 17 de julho de 2010

Crítica de filme: Shrek Forever After (Shrek Para Sempre)

O primeiro Shrek foi um desenho que, de certa forma, revolucionou a categoria. Seu roteiro era descaradamente anti-Disney, um verdadeiro antídoto à formula do desenho de princesa onde tudo é certinho e o final, bem, é mais certinho ainda. Era uma espécie de retrato da época em que foi feito (2001) quando Jeffrey Katzenberg não havia saído há muito tempo da Disney, para formar a Dreamworks com David Geffen e Steven Spielberg. Katzenberg saiu da Cada do Mickey cuspindo veneno e, imagino, Shrek foi o que resultou da briga.


E foi brilhante. Perverteu todas as convenções de desenhos com um herói nojento e feio que, na verdade, não quer ser herói. Seu companheiro, um burro chamado apenas Burro, é um falastrão e um covarde. No final, Shrek casa com a princesa mas a princesa é também um ogro como ele, não linda e delicada. Burro, por incrível que pareça, acaba com um dragão fêmea umas 30 vezes maior que ele.

Mas a Dreamworks (e, depois, a Paramount) não é a Pixar. E vieram Shrek 2 e 3, que caíram vertiginosamente na vala comum dos desenhos porcarias. Shrek 2 é até de certa forma adorado pela crítica mas eu, particularmente, o detestei. A única coisa boa de Shrek 2 é que ele consegue ser muito melhor que Shrek 3...

No entanto, os filmes fizeram bastante dinheiro e um quarto episódio era mais do que esperado.

Os produtores perceberam que um quarto episódio precisava trazer algo novo e, no lugar de pensarem em um roteiro diferente ou ao menos bem construído (algo que a Pixar parece saber fazer muito bem, vide Toy Story 3), resolveram apagar os acontecimentos das partes 2 e 3 (e mesmo da parte 1) e começar de novo.

Shrek, em crise por ter sido "domado" pela vida doméstica, é enganado por Rumpelstiltskin e acaba entregando para ele o dia em que nasceu em troca de um dia como um ogro assustador como era antigamente. Assim, Shrek acorda na terra de Muito, Muito Distante como se nunca tivesse nascido. Ninguém o conhece, Burro puxa a carroça de umas bruxas, Fiona é líder da rebelião dos ogros, o Gato de Botas está fora de forma e preguiçoso e Rumpelstiltskin é o rei. Shrek tem apenas 24 horas para resolver a confusão.

O filme tem uns momentos engraçados, especialmente aqueles estrelados pelo Gato de Botas. Infelizmente, porém, os idiotas que montaram os trailers desse filme conseguiram inserir todos os melhores momentos lá, apagando a graça do filme quase que completamente. Shrek 4 é, basicamente, uma repetição do primeiro mas sem seu charme e originalidade, ainda que a computação gráfica seja sensacional (mas isso é o mínimo que se pode esperar de um desenhos desses hoje em dia).

Domesticaram o ogro. Agora é hora de aposentá-lo.

Nota: 6 de 10

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."