domingo, 15 de agosto de 2010

Crítica de filme: The Expendables (Os Mercenários)

Se você estiver procurando um filme com alguma inteligência, boa atuação, talvez um romance ou algo infantil, por favor vá procurar em outro lugar. Afinal de contas, esse filme se chama Os Mercenários ou, em tradução direta do título em inglês, Os Dispensáveis. Além disso, seu diretor é o nada sutil brucutu Sylvester Stallone, que também dirigiu Rocky 2, 3, 4 e 5 e Rambo 4, filmes que, definitvamente, não estão na lista de filmes cabeça ou de "mulherzinha".


Somem a isso que Stallone é o ator principal de Os Mercenários, junto com outros sensíveis atores como Dolph Lundgren, Jet Li, Jason Statham, Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin e Terry Crews. Aliás, cabe uma correção: essa gente nem pode ser qualificada como verdadeiros atores. Eles são canastrões musculosos cujas expressões faciais variam de "raiva" para "muita raiva". Quando eles tentam chorar, como Stallone em Rocky I e II e no primeiro Rambo, dão lugar a um espetáculo que nos marca a memória (de uma maneira negativa, vale deixar claro).

Ainda estão por aqui?

Se estiverem, então vocês realmente sabem o que querem. Os Mercenários é um filme despretensioso, uma desculpa para reunir na tela atores de extrema fama durante a prolífica década de 80, que nos brindou com fantásticos filmes como os Rambos todos menos o útlimo, Predador, Comando para Matar, Cobra e  Duro de Matar. São filmes que, para quem viveu a década e gostava desse tipo de divertimento, marcaram uma vida. Nunca me esquecerei da polêmica em torno de Cobra - que era muito violento - e minha corrida ao cinema para assisti-lo antes que o tirassem do circuito. Não me esquecerei também meu pai considerando Comando para Matar um de seus filmes preferidos, ao lado de verdadeiros clássicos como Zorba o Grego e Noites de Cabíria. Também não esquecerei da surpresa que tive quando da revelação do Predador no filme de mesmo nome. E os pés descalços de Bruce Willis atravessando um mar de vidro em Duro de Matar? Essas memórias cinematográficas me trazem um sorriso no rosto. E olha que não estou nem colocando aqui semi-trasheiras como Comando Delta e Braddock, o Super-Comando com Chuck Norris e O Último Dragão Brango e Ciborque com Jean-Claude Van Damme.

Mas estou divagando. Stallone quis trazer de volta esses filmes bélicos e violentos da década de 80 e, com isso, juntando uma peça aqui e ali, teve a idéia para Os Mercenários. A trama? Vocês querem mesmo saber? Bom, o fiapo de trama, que, na verdade pouco importa, conta a estória de um grupo de - adivinhe - mercenários que saem pelo mundo para matar, destruir e explodir. Eles são então contratados por Mr. Church (Bruce Willis em uma ponta - mais sobre ela em um minuto) para derrubarem uma ditadura latino-americana e eles fazem exatamente isso, com o máximo grau de destruição gratuita, armas gigantes e mortes espetaculares. Como curiosidade, parte do filme foi feito em Mangaratiba, no Rio e a brasileira Gisele Itié é a mocinha da estória.

O filme é exatamente aquilo que poderia se esperar de uma idéia como essa. Ele cumpre bem a sua função de ser uma obra nostálgica, juntando toda a testosterona disponível. No entanto, o filme poderia ter sido espetacular mas, pelos descuidos de Stallone com a produção, ele acaba não alcançando seu potencial. Em primeiro lugar os diálogos são idiotas ao limite, com frases de efeito sem efeito e piadas que não funcionam. Não é necessário um grande cérebro para escrever umas frases soltas um pouquinho melhores mas Stallone, acho, estava muito confiante na desnecessidade de qualquer outras consideração, tendo em vista o elenco e a contagem de corpos-por-segundo desse filme. Quando Stallone resolve escrever algo mais "cabeça" (ele fez o roteiro), ele acaba criando o constrangedor momento em que Mickey Rourke (sim, ele está no filme também) faz um monólogo sobre os horrores da guerra. A lágrima no final, então, é de dar cãimbras na barriga de tanto rir.

Outro ponto que chega a distrair é a qualidade da produção em si. Eu sei que Stallone queria dar uma sensação de filme oitentista mas tem filmes dessa época que basicamente não tem falhas em termos de fotografia e superposição de imagens. Em Os Mercenários, há falhas por todos os lados e isso mostra um pouco de desleixo por parte de Stallone, algo que, por exemplo, não transparece tão obviamente no mais recente Rambo.

Mas chega de pontos negativos. Esse filme tem cenas memoráveis como:

- O ataque aéreo com máxima destruição de Statham e Stallone;
- Os arremessos de faca de Statham;
- Crews usando sua delicada arminha que pulveriza corpos em série;
- Lundgren, o gigante sueco, saindo na pancada com Jet L, o baixinho chinês;
- O míssel sendo arremessado à mão por Couture;
- A perseguição de carros em que Stallone, mais uma vez, destrói um belíssimo carro customizado (lembram do que acontece com o Mercury 1950 de Cobra?).

E, claro, não poderia acabar esses comentários sem falar do tão esperado momento "Planet Hollywood". Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis contracenando. É uma cena curta, completamente anti-climática e com a melhor piada do filme. Essa sim é memorável por tudo que ela representa para pessoas como eu que ainda cultua esses filmes todos que mencionei acima.

Em suma, Os Mercenários é uma ótima diversão que tinha o verdadeiro potencial de ser um clássico. Ficou abaixo do que se poderia esperar mas, mesmo assim, vale o preço do ingresso.

Nota: 7 de 10

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