domingo, 3 de outubro de 2010

Crítica de filme: Buraco Negro (Festival do Rio 2010 - Parte 11)

Por acaso escolhi dois filmes relacionados com jogos eletrônicos nesse Festival do Rio. O primeiro foi Kd Vc? em que um viciado em jogos tem que se livrar do mundo virtual e passar a se relacionar no mundo real e, agora, vi Buraco Negro (L'Autre Monde no original francês) em que o oposto acontece: um rapaz que vive integralmente no mundo real, acaba se envolvendo em uma trama virtual com possíveis e nefastas consequências no mundo real.

Dirigido por Gilles Marchand, o filme conta a estória de Gaspard (Grégoir Leprince-Ringuet), um adolescente no sul da França que está começando o namoro com a também adolescente Marion (Pauline Etienne). Os dois nadam na praia, andam de bicicleta e se divertem com amigos, exatamente como manda a "antiga cartilha", antes do advento das "distrações virtuais". O único aparelho mais "sofisticado" que os dois parecem utilizar é o telefone celular. E é um telefone celular que faz os problemas começarem pois eles encontram um perdido e, no lugar de devolver e tipicamente à busca de aventuras, começam a investigar de quem seria.

Gaspard, depois de alguns acontecimentos que não vou contar para não estragar a estória, acaba se envolvendo com a belíssima loira fatal Audrey (Louise Bourgoin) e com a gangue de traficantes de drogas e baderneiros com quem ela anda. Audrey tem uma tatuagem estrategicamente colocada com a inscrição "Heaven" (paraíso) e seu mistério acaba tragando Gaspard para o jogo online virtual chamado Buraco Negro, onde Audrey é Sam. Louco para encontrá-la de todo jeito, Gaspard, que nunca tinha ouvido falar no jogo, trata de criar seu avatar. A partir daí, duas aventuras paralelas passam a transcorrer, até o clímax em que os dois mundos colidem.

Apesar da aparente complicação, o filme é bem simples. A vida de Gaspard é tranquila e iluminada. O jogo em que se mete é escuro e movimentado. São dois lados da mesma moeda, um talvez significando amadurecimento e, o outro, o lado ingênuo. Marion é a menina boa, enquanto que Audrey é a menina má. É tudo muito preto e branco, com claras definições para não deixar ninguém confuso. Como se isso não bastasse, uma gigantesca pista para o deslinde do mistério da trama é dado ainda no meio do filme, de maneiro pouco discreta. A partir daí, as surpresas desaparecem, o que é uma pena.

O filme é bem dirigido e o mundo virtual é bem interessante, certamente mais interessante que o Second Life a que somos apresentados em Kd Vc? No entanto, a necessidade de o diretor ser muito didático acaba tirando a espontaneidade do filme e quebrando muito do suspense que ele até consegue construir de forma razoável. Seria uma trama muito hitchcockiana se o diretor (que também foi co-responsável pelo  roteiro) tivesse escondio mais suas intenções logo no começo.

De toda forma, é um filme que diverte e merece ser visto.

Mais sobre o filme: IMDB.

Nota: 7,5 de 10

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