domingo, 3 de outubro de 2010

Crítica de filme: Route Irish (Festival do Rio 2010 - Parte 10)


Ken Loach é um grande diretor britânico, autor de, dentre outros, The Wind That Shakes the Barley, ganhador da Palma de Ouro de Cannes de 2006. Route Irish é seu mais recente esforço, com base em roteiro de Paul Laverty. É, também meu 10º filme do Festival do Rio, o que significa que já atingi o número de filmes que queria ver quando comecei com Essential Killing. Mas não pararei por aqui pois consegui encaixar 16 filmes na minha lista.


A rota irlandesa do título é o apelido da estrada entre a Zona Verde do Iraque, local controlado pelos Estados Unidos e o aeroporto de Bagdá. É considerada a rota "mais perigosa do mundo". É lá que morre Frankie (John Bishop), soldado contratado por uma das empresas privadas de "segurança" que efetivamente fazem a guerra naquela região. Acontece que Fergus (Mark Womack) seu melhor amigo, ex-empregado da mesma empresa de segurança e que convenceu Frankie a ir para o Iraque, desconfia logo de cara que algo está errado pois seu amigo era muito sortudo. Essa desconfiança aumenta quando ele recebe um celular com provas incriminadoras de um acontecimento no Iraque envolvendo Frankie. Assim, Fergus parte para investigar o ocorrido.

Ken Loach, sempre na linha de filme politizados, tenta nos revelar o mundo da "guerra privada" e do esquema de tortura usado pelo exército americano. Acontece que o diretor não se preocupa em dar relevância o assunto e apresenta as duas questões como novidades, esquecendo-se que elas já popularam e ainda populam a mídia do mundo. Nada no filme choca, a não ser a inabilidade de Loach de chamar atenção para sua trama e, principalmente, seu protagonista.

Fergus é um homem desequilibrado, com uma doentia relação com seu finado amigo Frankie. Ele obviamente se culpa pela morte do amigo e sai para vingá-lo da maneira mais descuidada e pouco profissional possível. Oras, sendo Fergus um soldado experiente, fato que vários personagens deixam claro ao longo do filme, é imperdoável que ele cometa os erros idiotas que comete, como efetivar a vingança sem ter todos os fatos em mãos e deixar de proteger potenciais alvos ameaçados pelos vilões. Como se isso não bastasse, depois do clímax, temos um denouément completamente fora do personagem de Fergus e da esposa de Frankie.

Não é que o filme seja imprestável mas sim que ele está bem aquém do "padrão Ken Loach de cinema", ao ponto de ser perturbador. As cenas lugar-comum de arrependimento, raiva e vingança são de uma falta de originalidade que só seria aceitável em um diretor de menor calibre, com um roteirista estreante. Não é o caso de Loach e de Laverty.

Mais sobre o filme: IMDB e Rotten Tomatoes.

Nota: 6 de 10

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