quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Crítica de filme: The Karate Kid - 2010 (Karate Kid)

Tenho boas memórias do Karate Kid original de 1984, com o sumido Ralph Macchio no papel de Daniel San e o saudoso Pat Morita como o Sr. Miyagi. Era um eficiente e despretensioso pequeno filme de superação de obstáculos e de crescimento, com as já clássicas cenas de aprendizado de karatê com movimento de pintura de cerca e de polimento de carro.

O novo Karate Kid, com a estrela em ascensão Jaden Smith (filho de Will Smith) no papel de Dre Parker (o novo Daniel San) e o já tarimbado ator de artes marciais Jackie Chan como Mr. Han (o novo Sr. Miyagi). Junto com os novos atores, entram os adjetivos “épico” e “gigante” no lugar de “despretensioso” e “pequeno”.

O aumento do escopo do filme recente não é necessariamente ruim. Chega a ser verdadeiramente interessante. No lugar de apenas uma mudança de estado nos Estados Unidos, Dre Parker muda-se de país: vai morar na China por exigência do trabalho da mãe. O impacto cultural é gigantesco e torna o filme engajante logo de início.

Da mesma maneira, a escolha dos atores principais foi inspirada. Jaden mostra-se um menino de futuro pois nos brinda com competente atuação que equilibra deslumbramento com força de vontade, ainda que por vezes demais o roteirista tenha entregue à ele onomatopeias do tipo “ooh”, “aahh” e diálogos cheios de “cool” e “awesome”. Jackie Chan dá um show como o mestre de kung fu que faz vezes de “faz tudo” no condomínio de Dre.

O roteiro também acertou ao dar um passado misterioso a Mr. Han, que explica satisfatoriamente sua atual condição. Um ponto, porém, que foi objeto de muita polêmica, foi o título do filme já que fica claro durante todo o filme que Dre aprende kung fu, não karatê. Para começar acho isso um detalhe menor no filme. Além disso, o roteiro deixa claro, também, que Dre já tinha alguma noção de karatê e ganha o apelido de Karate Kid dos valentões de sua escola.

De resto, tudo nesse filme é mais épico e grandioso do que no primeiro. A longa cena em que Mr. Han vai com Dre até um templo de kung fu (ou algo do gênero) no topo de uma montanha mostra muito bem o tamanho do filme que, aliás, serve de publicidade turística para a China, só mostrando o que há de bom, nunca as mazelas.

Os problemas do filme estão no treinamento de Dre e na luta final. O treinamento tenta imitar o treinamento de Daniel San pelo Sr. Miyagi, inclusive com a técnica “wax on, wax off” do primeiro filme. Dessa vez, porém, faltou inspiração do roteirista e o negócio de ficar tirando e colocando o casaco chega a ser ridículo.

Mas é na luta final que fica claro o desleixo do roteiro. Aqueles que viram o original se lembrarão que Daniel San tenta de toda maneira aperfeiçoar o golpe da garça (aquele em que ele fica de pé em uma perna com a outra levantada e com os braços para cima) mas nunca consegue fazê-lo com eficiência. Na luta final, sem alternativas, Daniel San acaba conseguindo efetivar o golpe e o filme acaba.

Dessa vez, apesar dos 140 minutos de filme, o roteirista (Christopher Murphey) não consegue criar fluidez e uma “origem” para o golpe utilizado, o que deixa o final completamente aleatório e desconexo. Há até um esboço de uma “origem” quando há um tentativa de se ligar a estratégia de Dre com o que ele viu no tal templo do kung fu mas a ligação é no máximo tênue.

Sei que talvez esteja sendo chato com o filme mas creio que o novo Karate Kid poderia ter sido inesquecível se tivesse tido um roteiro mais redondo, sem as falhas que citei. Além disso, claro, o filme muito se beneficiaria de uma duração uma meia hora mais curta, para dar mais velocidade à trama. O diretor, Harald Zwart, perde preciosos momentos no início do filme para ligar Dre com Mr. Han e sem qualquer razão aparente.

Mas, de toda forma, Karate Kid empolga e diverte. Uma boa sessão da tarde.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Box Office Mojo.

Nota: 7,5 de 10

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