domingo, 19 de dezembro de 2010

Club du Film - 5.60 - Snow White and the Seven Dwarfs (Branca de Neve e os Sete Anões)


Branca de Neve e os Sete Anões é um desenho animado da Disney de 1937, dirigido por um colegiado de seis diretores sob a supervisão do próprio Walt Disney e foi visto pelo Club du Film (mais sobre o Club ao final do post) em 14.10.10. Essa data, aliás, foi uma das raras sessões duplas do Club, em que assistimos também King Kong, o original, que será alvo dos próximos comentários.

Quem não assistiu Branca de Neve? Trata-se do primeiro desenho de longa metragem 100% desenhado em células em todo o mundo e que, apenas por esse fato, já pode ser considerado como revolucionário. Mas Branca de Neve conseguiu ir além pois técnicas de profundidade foram desenvolvidas para esse desenho que nunca antes haviam sido usadas nos desenhos de curta metragem, mesmo aqueles vindos da Disney.

Branca de Neve escancarou completamente as portas para o desenho animado profissional, demonstrando que havia efetivamente mercado para essa arte. Para termos uma pequena idéia do alcance de Branca de Neve, se os valores com a arrecadação do filme fosse ajustados até os dias de hoje, o desenho ainda seria a 10ª maior bilheteria dos Estados Unidos, imediatamente atrás de O Exorcista, de 1973.

E o melhor de Branca de Neve foi ter realmente criado um veio rico para a animação mundial, não só com as inesquecíveis obras da própria Disney, como Cinderella, A Bela Adormecida e os recentes e maravihosos desenhos de computação gráfica da Pixar, como também, por ter mostrado a mercados longínquos como o europeu e o asiático o poder da animação. Quando bem feita, a animação de longa metragem têm o poder de arrancar os mesmos sentimentos que os melhores filmes live action, quando não conseguem ultrapassar esses sentimentos.

Como todos sabem, o desenho adapta - e "sanitiza" - um dos contos dos famosos Irmãos Grimm, Schneewittchen, em que uma princesa é escrava de sua madastra que só cultua sua própria beleza. Ao descobrir com o Espelho Mágico que Branca de Neve é a mais bela do reino, ela ordena que o caçador mate Branca de Neve e traga seu coração como prova do feito. O caçador, claro, deixa Branca de Neve escapar e ela acaba na cabana onde vivem os sete anões e ela acaba se tornando a mãe deles, até que a madrasta descobre que ela está viva e resolve pessoalmente resolver o problema.

A estória é simples, linear, com personagens bem claramente bons e maus, sem qualquer tonalidade de cinza. Mas o pioneiro desenho conta a estória dando vida à floresta pela noite, em que ela é aterrorizante, mas mostrando o quanto ela é bela à luz do dia. A profundidade - as camadas! - em que a floresta foi criada não deixa nada a dever ao 3D de Avatar, e isso em 1937!

Os animais - cada um deles, por mais irrelevante que seja - têm personalidade e vida própria. Nós nos importamos por cada um deles e sentimos uma gostosa "pena" da tartaruga que nunca consegue chegar a tempo em lugar nenhum, sendo atropelada por seus colegas de floresta.

Cada anão tem sua característica própria pela forma com que agem e por seus nomes bem descritivos. Mas gostamos de cada um deles e sabemos todos os seus nomes: Mestre, Soneca, Feliz, Atchim, Dengoso, Zangado e Dunga. A bruxa em que a madrasta se transforma - mãos com dedos longos e ossudos, verruga no nariz torcido, olhos de tamanhos irregulares, cabelos brancos e manto negro - é até hoje o padrão visual de bruxas pelo mundo todo.

Disney criou um mito com Branca de Neve, o mito - que se torna verdade - de que sonhar além de seu tempo é obrigação de todos nós. Criou um desenho que não perde sua contemporaneidade até hoje e que nos emociona agora da mesma forma que vem emocionando há gerações.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.


Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.


Notas:

Minha: 10 de 10
Klaatu: 8 de 10
Barada: 10 de 10

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