domingo, 19 de dezembro de 2010

Club du Film - 5.61 - King Kong (1933)

King Kong é um filme americano de 1933, dirigido por Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper e foi visto pelo Club du Film (mais sobre o Club ao final do post) em 14.10.10. Essa data, aliás, foi uma das raras sessões duplas do Club, em que assistimos também Branca de Neve.

Sou extremamente parcial quando trato de filmes usando a tecnologia do stop motion (vejam aqui e aqui). Afinal de contas, movimentar bonecos articulados 24 vezes a cada segundo de filmagem é, por si só um esforço hercúleo. Calculem rapidamente o que isso significa para a filmagem de um minuto apenas? Pensaram? Os bonecos têm que ser movimentados 1.440 vezes e olhem que, em 1933, não dava para aproveitar-se do computador para facilitar o trabalho.


Era, literalmente, apertar sucessivamente o play e o stop da câmera de filmar (ou o equivalente da época) e, entre uma coisa e outra, mexer os bonecos, as plantas, todo o cenário dependendo do tipo de filme, um milésimo quase imperceptível. Muitos filmes com stop motion são ruins mesmo em termos de roteiro, direção e atuação mas a técnica em si é de cair o queixo e merece aplausos, especialmente quando é usada a serviço de filmes realmente bons.

King Kong, o original de 1933, é um dos exemplos de filmes realmente bons. Não é perfeito - longe disso - e não envelheceu bem, mas o casamento da tecnologia cinematográfica com roteiro bem delineado e direção seguras, fizeram do filme um divisor de águas.

A estória é conhecida de nós todos, mesmo aqueles de nós que não viram o original: um enorme macaco é achado em um ilha misteriosa e levado para Nova Iorque, onde vira atração de circo.

Ao mesmo tempo em que é um eficiente filme de suspense e ação, podendo ser visto da sua forma mais primária, King Kong é um filme de várias camadas. Uma visão simplista vai apenas pensar nas aventuras de cinegrafistas e marinheiros contra perigos pré-históricos impensáveis para resgatar a dama em perigo (Ann Darrow, vivida por Fay Wray) das garras de um monstro. E é uma visão válida e que o filme consegue satisfazer muito bem. Temos todos os elementos de um filme dessa natureza: ação, suspense, mortes, brigas colossais, escaladas em arranha-céus e batalha aérea. Temos uma bela loira em perigo e um belo cavaleiro ao resgate (John Driscoll, vivido por Bruce Cabot), além de um manipulador e aproveitador com coração, Carl Denham, vivido por Robert Armstrong.

Some-se a isso os efeitos especiais que já mencionei e a fórmula do sucesso está pronta. Àqueles que tiverem imaginação, fechem os olhos um momento e tentem imaginar a reação da platéia em 1933. Nesse ponto, o filme fica quase insuperável no quesito assombro.

Mas, claro, não podemos apenas ver o filme com os olhos de 1933. Estamos em 2010. Filmes até mais antigos que King Kong passaram melhor pela prova do tempo que ele. É o que Intolerance e Birth of a Nation comprovam. É o que quase toda a obra de Chaplin deixa evidente. Mesmo filmes recheados de efeitos especiais - tão revolucionários quanto os de King Kong - como 2001 - Uma Odisséia no Espaço e Star Wars, são basicamente atemporais, vistos e apreciados hoje da mesma maneira que o foram na época de suas respectivas criações. King Kong marca muito bem seu tempo, bem demais ao ponto de não conseguirmos nos desvencilhar de quando foi feito e sorrirmos pelo quão datados são os efeitos.

É aí que vem a necessidade de olharmos King Kong em suas outras camadas. A camada do homem contra a natureza. Da conquista do segundo pelo primeiro. Da corrupção do natural pelo artificial. King Kong nos faz sofrer pelo enorme e feioso macaco que mata sem dó nem piedade para achar seu mais novo amor. E aí damos de cara com outra camada: como assim amor? King Kong mostra sim o amor de um macaco por uma bela loira. Há uma cena em particular, em que Kong delicadamente despe Ann Darrow e fareja suas partes íntimas que é quase como se os dois estivessem transando em cena. São pensamentos perturbadores? Certamente. Mas vejam o filme novamente se vocês não repararam nisso.

É, King Kong é muito mais que um filminho de ação. Não se fazem mais macacos como antigamente.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Filmow.


Sobre o Club du Film:

Há mais de quatro anos e meio, em 28 de dezembro de 2005, eu e alguns amigos decidimos assistir, semanalmente, grandes clássicos do cinema mundial. Esse encontro ficou jocosamente conhecido como "Club du Film". Como guia, buscamos o livro The Great Movies do famoso crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, editado em 2003. Começamos com Raging Bull e acabamos de assistir a todos os filmes listados no livro (uns 117 no total) no dia 18.12.2008. Em 29.12.2008, iniciamos a lista contida no livro The Great Movies II, do mesmo autor, editado em 2006. São mais 102 filmes. Dessa vez, porém, farei um post para cada filme que assistirmos, para documentá-los com meus comentários e as notas de cada membro do grupo.

Notas:

Minha: 8 de 10
Klaatu: 9 de 10
Barada: 9 de 10

2 comentários:

  1. oi eu queria saber se tem o king kong 1 pois eu tenho certeza que ja asentir e era um pouca mais deferente se tever vcs pode me responder ok muito obrigado

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  2. Odiei o filme!!! não pela tecnologia pois esta é muito boa. Porém a crueldade e ganância do homem me assusta cada vez mais e fico pensando quem é o verdadeiro animal irracional neste mundo pois a ficção nada mais é que o retrato da realidade. Odiei a morte trágica do gorila no final.
    Para esse filme dou nota 0 para o enrredo.
    Abraços,

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."