sábado, 19 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: 127 Hours (127 Horas)

Danny Boyle está com tudo e não está prosa. Depois de ganhar os Oscar de Melhor Filme e Direção (dentre mais outras seis estatuetas) em 2009, por Quem Quer Ser Um Milionário, o diretor volta com um filme bem mais intimista, contando a estória real de Aron Ralston (James Franco), um aventureiro que se mete em gigantesca enrascada no meio do nada.


Contar qualquer coisa mais dessa estória pode ser considerado spoiler, ainda que todos os críticos em todos os lugares tenham feito questão de contar detalhes do filme, inclusive do final. Vou ser diferente e somente dizer que se trata de um daqueles filmes de luta pela sobrevivência de um ator só, isolado do mundo, preso (e bem preso, eu diria) em uma fenda de um deserto do Utah. A interação de James Franco com outros atores só acontece por alguns breves momentos, no primeiro terço do filme. Por essa razão, 127 Horas é um filme curto, de apenas 94 minutos.

Deixe-me já abordar um ponto central: a atuação de James Franco. Esse jovem ator pouco atuou em longas metragem. Fez o papel de Harry Osborn na trilogia do Homem-Aranha e, mais recentemente, além de algumas pontas, fez papel central em Segurando as Pontas, junto com Seth Rogen. Ele parece, no entanto, ser o mais recente queridinho de Hollywood, tendo sido convidado para dividir a apresentação do Oscar de 2011 com Anne Hathaway. Nada contra o rapaz, mas ele tem ainda muito o que provar como ator e, devo confessar, 127 Horas, realmente, é um excelente exemplo do que ele é capaz. Mas, por outro lado, 127 Horas é, também, um filme que depende unicamente do ator central, já que o filme é, ao longo de 85 de seus 94 minutos, um monólogo com close no rosto do ator, ou seja, um veículo para a atuação de James Franco. Evidentemente, poucos atores conseguiriam fazer bem esse papel e ele tira de letra, demonstrando um verdadeiro engajamento nesse difícil  papel. Por esse trabalho, Franco concorre ao Oscar de Melhor Ator mas, em minha opinião, Colin Firth (O Discurso do Rei) ainda é um ator muito superior a ele.

No entanto, infelizmente, a atuação de James Franco, sozinha, não conseguiu tirar a impressão ruim que o filme deixou em mim e a culpa disso foi de Danny Boyle. O diretor faz uma abertura mostrando multidões - certamente com o objetivo de contrapor essas imagens à solidão de Aron Ralston mais para frente - em tela divida em dois ou três segmentos com música alta tocando ao fundo. Em seguida, não perde muito tempo ao deslocar Ralston de sua casa até o deserto de Utah, o chamado Canyonland. Lá, Ralston encontra duas mulheres aventureiras e os três passam algumas horas juntos para, depois, o filme verdadeiramente começar.

Mais para frente, já na desgraça e sofrimento total, Boyle faz uso, novamente, da divisão da tela e da música alta, em uma irritante demonstração de insensibilidade. Ou isso ou Boyle notou que seu filme ficaria com duração de curta-metragem se não inventasse alguma coisa para enrolar. E ele usa flashbacks e alucinações também, os primeiros para tratar de uma tentativa de construção do personagem e os segundos para tratar do futuro (ou falta de futuro) do personagem.

O problema é que esses flashbacks não demonstram um Ralston diferente daquele que vemos preso em seu inferno pessoal. Acaba que Boyle não consegue criar uma trama de superação verdadeira. Ralston não aprende mais do que lições padronizadas como dar mais valor aos seus pais e ao que tem e coisas clichê desse tipo. O roteiro impede qualquer tentativa de simpatia com o personagem. Ao contrário, em vários momentos fiquei imaginando que Ralston merecia um Darwin Award, aquele prêmio fictício que se dá a pessoas que fazem besteiras enormes, permitindo uma verdadeira seleção natural, em que os mais bem adaptados sobrevivem.

Um artifício de Boyle - a cena da chuva - funciona muito bem, devo dar o braço a torcer. Essa cena, inserida já quando Ralston está completamente sem saída, revigora o filme por alguns minutos, dando esperança à trama. Mas Boyle não consegue manter a cadência e o filme recomeça a desmoronar logo em seguida.

E aí, 89 minutos de filme depois, vem o grande clímax que é resolvido em 1 ou 2 minutos, na correria, sem que nenhum conflito do personagem seja resolvido também. Ok, sei que se trata de uma estória baseada em fatos mas quantos desse tipo de filme tiveram sua estória alterada para criar algum senso de urgência, alguma lição que vá além do bê-a-bá cinematográfico.

127 Horas poderia ter sido muito mais do que uma mera lição sobre o que não fazer somado a um final angustiante. Poderia ter sido um grande filme. Poderia realmente merecer o Oscar de Melhor Filme. Mas acaba ficando longe disso, perdido em alguma rachadura no meio do nada.

O filme concorre aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (James Franco), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção.

Mais sobre o filme em IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 5 de 10

Um comentário:

  1. Só tenho uma coisa a dizer, deixe de ser arrogante. Idiotas como você podem até ter rasão, mas perdem a credibilidade com tanta prepotência. Um pouco de humildade ajuda!

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."