quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Crítica de filme: True Grit (1969) (Bravura Indômita - 1969)

John Wayne é, definitivamente, a maior encarnação do cowboy americano e seu papel de Rooster Cogburn em Bravura Indômita talvez seja mesmo seu grande e definitivo papel. Apesar de suas diversas outras memoráveis atuações em igualmente memoráveis filmes, o delegado federal Rooster Cogburn, com seu barrigão, beberrão e falastrão, com um tapa olho de pirata é a epítome e o resumo da carreira desse grande ator de gênero. John "The Duke" Wayne levou o Oscar de Melhor Ator por esse papel.


E o interessante é que Bravura Indômita conta a estória de Mattie Ross (Kim Darby) uma menina de 14 anos que contrata Cogburn - um homem com "true grit", que, por incrível que pareça, em tradução bem livre, poderia mesmo ser traduzido por "bravura indômita" - para caçar o assassino de seu pai, o covarde Tom Chaney (Jeff Corey). Inabalável, Mattie chega à cidade onde seu pai foi morto para não só cuidar do corpo e mandá-lo de volta à sua casa como, também, para terminar os negócios dele (seu pai havia viajado para comprar pôneis) e, claro, caçar o assassino. O foco - como no livro de mesmo nome em que o filme foi baseado - é a menina e Kim Darby está excelente no papel. Basta ver, para isso, a engraçada negociação de Mattie com o vendedor de cavalos em que ela, com tenra idade, literalmente acaba com a raposa velha do comerciante.

Mas, apesar disso, quando Cogburn entra em cena, o filme passa a ser de John Wayne. Mesmo não tendo visto mais do que um punhado de filmes desse ator, sua presença é inconfundível e marcante demais para esquecermos quem estamos vendo na tela. Ele é o estereótipo dos filmes de cowboy daquela época, quando os cenários eram românticos e mais "limpos", diferentemente dos filmes de cowboy de hoje, muito preocupados com o realismo (não que isso seja ruim, é apenas uma constatação). Wayne, mesmo já na fase "decadente" de sua carreira, mastiga a tela com sua imponente presença e fica difícil prestar atenção em outra coisa, apesar dos belíssimos cenários naturais filmados no outono no Colorado.

Para completar a trinca, temos, ainda, o Texas Ranger La Boeuf, vivido por Glen Campbell, que também está atrás de Tom Chaney, mas por causa de outro crime que o bandido cometeu. Ele se junta à caçada, apesar das intensas reclamações de Mattie a respeito, já que La Boeuf quer levar Chaney para julgamento no Texas. La Boeuf também serve de contraposição direta a Cogburn pois o primeiro é inexperiente e, como tal, seguidor fiel das regras. Cogburn é, ao contrário, muito experiente e um desordeiro bêbado mas de muito bom coração.

O trio funciona perfeitamente ao longo do filme e a caçada a Tom Chaney acaba levando-os a caçar, também, a gangue de Ned Pepper (Robert Duvall novinho mas já mostrando a careca). Reparem na ponta de Dennis Hopper como Moon, um menino ainda.

Mas Bravura Indômita é um produto típico da época em que foi feito, ou seja, alia grandes tomadas épicas com atos heróicos contra bandidos malvados. É um retrato e um fruto de um período talvez mais simples na história (pelo menos na história do cinema americano), em que tudo era preto ou branco, sem muito espaço para o "cinza". Mesmo aqueles personagens com algum dubiedade de caráter (afinal, Cogburn bebe muito e Ned Pepper reluta em matar) logo têm esse problema dissipado, adotando posturas claramente maniqueístas e 100% caricatas. Mas, se levarmos em consideração a época em que foi feito, tudo funciona muito bem no filme e a fluidez do roteiro prende a atenção até o sensacional final, com direito até a tiro de costas.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 9 de 10

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