sábado, 30 de abril de 2011

Crítica de filme: Thor

A Marvel está fazendo estória também no cinema. Assim como nos quadrinhos, ela conseguiu criar uma malha coesa de filmes que não são necessariamente continuações um do outro mas que convivem no mesmo universo e relacionam-se uns com os outros. No primeiro Homem de Ferro, de 2008, o recém-formado Marvel Studios lançou, via Paramount, a pedra fundamental desse universo, mas ainda de maneira extremamente tímida. Em seguida, continuou nessa narrativa com O Incrível Hulk no mesmo ano. Em 2010, lançou Homem de Ferro 2 que, apesar de seus muitos defeitos, funcionou para criar forte ligação entre as estórias, já pavimentando o caminho para um filme dos Vingadores.

Mas, até então, a Marvel havia "brincado" apenas com seus personagens calcados, de alguma maneira, em uma explicação científica: um super gênio que cria uma poderosa armadura e outro super gênio que se transforma em um monstro verde incontrolável depois de um acidente de laboratório. Faltava, assim, um grande passo para a chamada "Casa das Idéias": abordar seus personagens basados na magia e no sobrenatural e como fazê-los combinar com o que já havia sido feito até hoje.

Thor é a grande aposta da Marvel mas também uma peça essencial para o futuro filme dos Vingadores. Afinal, a "santíssima trindade" do super grupo é formada pelo Homem de Ferro, Thor e Capitão América (esse último com filme marcado para estrear em julho desse ano).

Entra, então, Kenneth Branagh, diretor de obras shakespearianas, para comandar esse audacioso filme. Escolha acertada para dar uma certa solenidade ao evento ainda que sua escolha de estilo tenha sido um tanto quanto irritante (falarei mais sobre isso em breve). Somando-se a Branagh, temos a perfeita escalação de Anthony Hopkins para viver Odin. Esse grande ator emprestou aquilo que precisava ao personagem: peso, respeito e nobreza. E as escolhas de elenco continuaram nessa linha com a escalação do desconhecido mas muito eficiente Chris Hemsworth no papel título (ok, não é completamente desconhecido mas seu papel mais famoso, o pai de Kirk no novo Star Trek, não é bem um papel propriamente dito e sim uma ponta), da bela Natalie Portman para viver Jane Foster (agora uma astrofísica e não uma enfermeira), Stellan Skaarsgard para o papel do mentor de Foster, Idris Elba para o imponente Heimdall e, finalmente, o excelente Tom Hiddleston para viver o importante papel de Loki, o Deus da Trapaça e irmão de Thor.

Com tudo isso em mãos, pode-se dizer que a Marvel municiou-se muito bem para criar um Thor que fosse crível, dentro de uma lógica estabelecida desde o primeiro Homem de Ferro. A ciência abre espaço para a mágica mas sem que se perdesse de vista o primeiro. Thor deixa isso claro para Jane Foster ao dizer que ciência e mágica são a mesma coisa onde ele vem.

Sobre a estória, Thor, o Deus do Trovão, é o arrogante filho de Odin, o Pai de Todos. Eles vivem no muito bem limpo reino de Asgard, um dos Nove Reinos ligados pela ponte Bifrost. Na cerimônia de passagem da coroa de Odin para Thor, os Gigantes do Gelo, do reino de Jotunheim, tentam roubar um tesouro guardado por Odin e Thor, em vingança, age de maneira estúpida. Com isso, ameaça a paz alcançada depois de muita guerra por Odin (em um ótimo resumo introdutório em forma de flashback mostrando a influência de nosso heróis na mitologia nórdica) e acaba sendo banido para Midgard, a Terra. No Novo México, ele imediatamente esbarra com Jane Foster e, então, a aventura vai pulando de Asgard para Midgard.

Já li muitos comentários sobre o filme, alguns dizendo que somente as partes em Asgard são boas, outras afirmando que as partes na Terra é que são interessantes. Para mim, ambas funcionam muito bem, um equilíbrio difícil de alcançar mas que Branagh tirou de letra.

Em Asgard, temos a grandiosidade do reino e a solenidade dos guerreiros que parecem andar vestidos para festas de gala todo o tempo. Em Midgard, temos aquela estória básica do "peixe fora d'água", com Thor tentando se adaptar. Branagh equilibra a seriedade "estranha" de Asgard com a comédia leve de Midgard, sem nunca exagerar em um ou outro lugar.

As batalhas são boas e pontuam o filme de maneira cadenciada, sem deixar a trama ficar morna. Vemos menções ao Dr. Bruce Banner (o Hulk, se é que alguém não sabe) e Clint Barton, o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) faz uma ponta microscópica só para fazer os fãs babarem. E, como nos demais filmes, não se atrevam a sair antes da cena pós-créditos, a melhor até aqui e que, de tão completa, deixa evidente a trama que será desenvolvida em Os Vingadores em 2012.

Mas o filme não é sem defeitos.

O primeiro deles é a qualidade dos efeitos especiais. Para esconder a economia feita, muitas cenas são escuras (notadamente no Reino de Gelo) e, quando a luminosidade é inevitável, como nas tomadas abertas de Asgard, ficam claras as limitações. Mas esses defeitos não chegam a prejudicar o filme pois a ação ininterrupta nos impede a observação tranqüila dos problemas.

O segundo defeito é a passagem de tempo na Terra. Thor é banido para cá para aprender uma lição de humildade e, ao longo de meros dois dias, ele aprende a lição e tudo se resolve. Não entendi a pressa de Branagh, que poderia muito bem ter ampliado a impressão temporal por meio de cortes mais espertos ou, até mesmo, com o uso de uma das maiores muletas cinematográficas: a montagem mostrando o desenvolvimento do herói. Mas o diretor não faz nem uma coisa nem outra, tornando toda a situação bem improvável e exigindo demais do espectador (isso, claro, depois de aceitarmos todas as demais coisas improváveis ao redor, mas que fazem sentido dentro de toda a mitologia da Marvel).

O terceiro defeito é também o mais irritante: Branagh usa e abusa do chamado "Ângulo Holandês", que é a técnica de se filmar com a câmera em ângulo oblíquo para criar o efeito de estranheza (basicamente o que
Thor sente quando está na Terra). Aqueles que se lembram daquela série cômica da década de 60 do Batman, saberão o que estou falando. Tudo muito bacana usar uma ou duas vezes mas, depois da décima vez e com o uso da técnica também nas cenas de Asgard (onde Thor não é um "peixe fora d'água"), a coisa começou a ficar ridícula demais. Desnecessária escolha de estilo de Branagh que apenas retira qualidade do filme. Ele deveria ter visto novamente O Terceiro Homem para ver como se emprega essa técnica.

Mas sei que estou sendo chato. O filme é um ótimo divertimento para quem gosta ou não da Marvel. Não é um marco cinematográfico mas nem pretende ser. Apenas cumpre com louvor sua função de divertir e de, assim como Bifrost, criar uma ponte entre vários filmes na direção certeira dos Vingadores.

Que venha agora o Capitão América e que a DC Comics se cuide, pois está ficando para trás!

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes, Box Office Mojo e Filmow.

Nota: 8,5 de 10

9 comentários:

  1. Hum, não me parece grande coisa, mas se serve como diversão, vou ver. Ótimo texto!

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  2. Confesso que não tenho grandes expectativas com filme, mas o elenco é ótimo e só por ser um filme de Kenneth Branagh, já vale a pena assistir.

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  3. Rafael W. e Película Criativa:

    Obrigado pelos comentários.

    O filme, como disse, não é nenhuma maravilha mas diverte muito. Ajuda, claro, gostar da Marvel ou, ao menos, ter gostado dos dois filmes do Homem de Ferro e do mais recente Hulk.

    É diversão garantida.

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  4. Não sei se é "nerdice" demais, mas achei o filme fantástico. Me lembrei um pouco de Superman o filme... E realmente, foi a melhor cena pós crédito até agora. Além dos dizeres "Thor estará de volta em Vingadores". Alias, esta é melhor critica que vi até agora.

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  5. Vai, medíocre! Chupou o texto do Omelete, que coisa feia! Hahahahahaha!

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  6. Philipe:

    Normalmente não respondo a trolls mas essa foi demais: eu copiei do Omelete? Puxa, você descobriu meu segredo...

    Faça-me um favor e leia os dois textos novamente. Ou melhor ainda, não volte aqui...

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  7. Começou muito errado com "fazendo estória" e nem me preocupei em ler o resto. Se "estória", tradução errada do inglês e repetida até virar meia-verdade, não se usa há muitos anos e pode ser inclusive considerada errada, o tal do "fazer estória" é uma verdadeira invenção sua - parabéns -, porque nem na definição errada que era atribuída à palavra isso faria sentido.

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  8. O nome do blog faz jus ao autor, só é "metido a crítico", porque de crítico não tem nada. Só sabe fazer cópia dos textos de outros sites especializados em cultura pop e cinema.

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Pensem antes de escrever para escreverem algo com um mínimo de inteligência. Quando vocês escrevem idiotices, eu apenas me divirto e lembro de Mark Twain, que sabiamente disse "Devemos ser gratos aos idiotas. Sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido."