terça-feira, 25 de outubro de 2011

Crítica de filme: O Detetive Indiano (Festival do Rio 2011 - Parte 1)

Apesar de ter participado ativamente do Festival do Rio 2011, não consegui escrever meus comentários sobre os filmes que vi a tempo. Como é melhor tardar do que falhar, a partir de hoje postarei uma ou duas críticas por dia até completar os 11 filmes que vi esse ano.

O Detetive Indiano é um documentário indiano (em co-produção com os Estados Unidos e Inglaterra) dirigido por Philip Cox. Apesar de ser um documentário, o filme é tão interessante que funciona quase que como uma obra de ficção.

Para começar, temos um detetive indiano gordinho bastante engraçado, chamado Rajesh Li que, em suas horas vagas, tem aulas de dança para competir em um reality show. Junto com sua equipe de detetives, eles formam um grupo de dança e não têm vergonha de mostrar seus dotes (ou a falta deles). Mas em seu trabalho como detetive, vemos Rajesh tratando de assuntos que vão desde xampus falsificados até assassinatos, tudo isso em Calcutá, cidade em que a polícia, conforme mostra o documentário, é ineficaz e corrupta (nada parecido com a nossa polícia...) e a população basicamente se fia no trabalho de pessoas como Rajesh para ter algum tipo de justiça.

Mas não imaginem um detetive com base na imagem romântica de livros e filmes que vemos por aí. Rajesh não é sedutor como Magnum nem um vigilante como Paul Kersey. Muito ao contrário, Rajesh é uma pessoa normal, trabalhando em um escritório quase caindo aos pedaços e sem ajuda de tecnologia (a não ser de celulares). É um pouco da realidade da Índia - e, de certa forma, do Brasil - na figura de um detetive.

Como se tudo isso não bastasse, Philip Cox ainda foca na vida pessoal de Rajesh, mostrando seu amor incondicional ao filho e à esposa que está gravemente doente. Rajesh, diferentemente de muitos indianos, casou por amor e sofre com a visível deterioração da saúde de sua esposa que perdeu a pigmentação da pele e está quase cega. É tocante ver a relação dos dois, especialmente a maneira aparentemente tranquila com que Rajesh encara todos os terríveis problemas ao seu redor.

Como disse, esse documentário poderia ser facilmente um filme de ficção e, por momentos, achei que era. Os casos investigados por Rajesh e sua equipe não são o foco do filme. Não esperem, portanto, resolução satisfatória para eles. O que interessa é mostrar a Índia em geral e Calcutá em particular sob o ponto de vista de um indiano comum, com uma profissão incomum, (sobre)vivendo como todos nós.

Há muitos momentos engraçados no filme - especialmente as danças de Rajesh e de sua troupe - mas o que fica mesmo é o sentimento de abandono de toda uma população. E, acima de tudo isso, fica a mensagem de compaixão e amor que o simpático mas sofrido detetive indiano deixa em nossos corações.

Mais sobre o filme: IMDB, Rotten Tomatoes e Filmow.

Nota: 8 de 10

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